A premiada escritora americana de ascendência açoriana e irlandesa estará em Lisboa, na próxima semana, por ocasião do lançamento do seu novo romance, “A Linha do Sal”. Katerine Vaz é filha de pai açoriano e mãe irlandesa. É uma autora premiada, detentora de bolsas da Universidade de Harvard, do Radcliffe Institute for Advanced Study, do National Endowment for the Arts e da Harman Fellowship. O seu livro “Mariana” foi escolhido pela Biblioteca do Congresso dos EUA como um dos 30 melhores livros internacionais, tendo sido traduzido para seis idiomas. Actualmente, a escritora vive em Nova Iorque com o marido, Christopher Cerf. Traduzido do inglês por Tânia Ganho, “A Linha do Sal”, de Katherine Vaz, com 528 páginas, chega às livrarias numa edição da LeYa/ASA.
Katherine Vaz, uma das mais proeminentes divulgadoras da cultura lusa em todo o mundo, vem a Portugal, na próxima semana, por ocasião da publicação do seu novo romance, “A Linha do Sal”, que chega agora às livrarias numa edição da LeYa/ASA com tradução de Tânia Ganho. A escritora americana de ascendência portuguesa vai estar em Lisboa, disponível para entrevistas, nos dias 18, 19 e 20 de Junho.
Romance inspirado no pouco conhecido conflito religioso entre católicos e protestantes na Madeira no século XIX, A Linha do Sal é um poderoso relato da experiência de imigração portuguesa nos Estados Unidos. Saga épica e lírica, “A Linha do Sal” é uma história de amor e imigração inspirada em factos reais; e um tributo ao poder do amor e da liberdade.
Histórias da emigração
Há cerca de 20 anos, Katherine Vaz, filha de pai açoriano e mãe irlandesa, viu, numa exposição, umas estampas das terras e empresas que, no século XIX, pertenciam aos «Protestantes Portugueses do Illinois». “Assim começou a minha longa viagem à descoberta da história verídica de um grupo de madeirenses que, tendo sido convertidos ao presbiterianismo por um missionário escocês chamado Robert Reid Kalley, foram alvo de perseguições religiosas e fugiram da Madeira rumo aos Estados Unidos.(…) Estes factos são pouco conhecidos, quer nos EUA, quer em Portugal (…)”, revela Katherine Vaz no prefácio da edição portuguesa do seu novo romance.
Na década de 1840, na ilha da Madeira, o mestre botânico Augusto Freitas conta à sua filha adoptiva, a pequena Maria, que os pais dela vivem no fundo do mar, onde brincam com os animais marinhos. É um artifício bondoso, que envolve a menina na “alegre melancolia que é a fonte de calor da alma portuguesa”. Esse sentimento acompanhá-la-á ao longo da vida e da relação atribulada com o seu grande amor, John Alves. Filho de uma conhecida vítima de perseguição religiosa, John pouco mais conhece do que miséria e isolamento. Tudo muda quando se cruza com Maria. Rapidamente se forma entre as duas crianças um vínculo forte e, acreditam, eterno. Mas os violentos confrontos entre católicos e protestantes obrigam as suas famílias ao exílio, separando-os. Anos mais tarde, reencontram-se como imigrantes nos Estados Unidos, e a surpresa dará lugar a uma paixão desmedida. Porém, este não será ainda o final da história entre os dois. É, sim, apenas mais um início.
As histórias de família
nos Açores
Em 2022, Katherine Vaz foi eleita uma das Mulheres Lusas Mais Influentes de Todos os Tempos pelo Conselho de Liderança Luso-Americana dos Estados Unidos.
Em 1998, foi nomeada para a Delegação Presidencial de seis pessoas para abrir o pavilhão dos EUA na Expo 98/Feira Mundial de Lisboa.
Autora de três romances e inúmeras colectâneas de contos, Vaz disse a O Jornal de Fall River que sabia que queria ser escritora aos 12 anos.
Disse que herdou o gosto pela escrita do pai, August Vaz, que nasceu na Califórnia mas passou os primeiros anos em Agualva, Terceira, Açores. Foi também um pioneiro na escrita sobre os portugueses na América e o seu livro ‘The Portuguese in California’ ainda é citado como fonte sobre o assunto.
Vaz disse que adorava ouvir as histórias da família do pai. “O meu pai celebrou realmente as suas raízes como açoriano”, disse Vaz, natural da Califórnia, que agora reside na cidade de Nova Iorque. “Tenho uma ligação profunda e duradoura e um amor pela comunidade lusa.”
O seu romance de estreia, “Saudade”, que gira em torno da busca ousada de uma jovem pela auto-expressão, foi o primeiro romance contemporâneo sobre luso-americanos de uma grande editora de Nova Iorque e também uma selecção da Barnes and Noble Discover Great New Writers.
Mas por mais que adore escrever sobre a experiência luso-americana, disse estar bem ciente dos desafios que isso acarreta.
“É me emprestar às histórias deles e acertar. Não apenas o passado, mas quem são essas pessoas no presente e no futuro”, disse ela. “O que significa ser luso-americano? O que significa no próximo ano, daqui a 10 anos, daqui a 50 anos? Para onde vai como comunidade? O que significam raízes? Como isso muda? E também honrando a ideia da saudade, pois é muito especial para a comunidade portuguesa.”