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Deputada municipal da Povoação quer a freguesia das Furnas sem carros e uma gestão adequada do espaço da lagoa e dos cozidos das caldeiras

A deputada municipal da Povoação, Eduarda Raposo, afirmou ontem ao Correio dos Açores que, por mais de uma vez, questionou o Presidente da Câmara da Povoação, Pedro Melo, sobre a manutenção do espaço da Lagoa das Furnas, e que, até agora, nada tem sido feito. “Ou seja”, afirmou, a Câmara “toma conta, mas só se preocupa em receber pela entrada de turistas no espaço”.
Como afirma Eduarda Raposo, que é licenciada em Turismo, Hotelaria e Termalismo, a autarquia “não faz a sua parte” e, assim, “não cumpre com o princípio do utilizador pagador. A pessoa, quando paga, tem direito a um espaço que esteja minimamente ordenado, com a manutenção feita.”
Em seu entender, a manutenção do espaço da Lagoa das Furnas passa, desde logo, pela zona da entrada. Afirma que já houve derrocadas, mais do que uma vez, e a Câmara da Povoação “nada fez”. Dá o exemplo do morro. Os carros começaram por entrar por um lado e a sair pelo outro e, actualmente, a entrada e saída faz-se pelo mesmo lado lateral à lagoa. “Não há condições, porque tanto pode ser um autocarro, um carro ou alguém a ir mais depressa. Quando cair alguém na Lagoa é que vão dar conta que estão fazer asneira.”
Por outro lado, “aquilo que tem acontecido”, afirmou, é que, às vezes, os tradicionais cozidos das Furnas “vêm crus” além de que os serviços camarários “não têm aceitado a quantidade total das panelas que os restaurantes das Furnas levam.”
Esta é uma situação que nunca aconteceu com o restaurante ‘Miroma’ porque “costumamos levar três ou quatro panelas, mas tem acontecido com outros colegas da restauração que levam seis ou sete panelas e eles mandam para trás.”
Considera, a propósito, “muito aborrecido dar uma resposta ao turista, que é a de que teremos o cozido, e depois, se calhar, não haver quando chegar ao dia.”
Eduarda Raposo entende que “é concorrência desleal” que haja espaço para cozidos para restaurantes de outros concelhos da ilha, nomeadamente de Vila Franca do Campo e da Ribeira Grande (que tem o seu cozido certificado) e se esteja a rejeitar cozidos de restaurantes das Furnas. Isto porque, entende, o cozido das Furnas deve ser consumido, em primeiro lugar, na freguesia
Aliás, “para mim, não faz sentido andarem outras freguesias a vender o cozido das Furnas, quando a pessoa vai pela experiência de ser nas Furnas. Ou seja, é cozido lá e comido lá.”
Insurge-se contra o facto do proprietário do Parque de Arborismo, junto à Lagoa das Furnas, estar a servir o cozido das Furnas nas mesas que tem ao ar livre, em condições higiénicas que não serão as melhores, isto quando, por exemplo, os proprietários do Hotel Terra Nostra possuírem uma estrutura junto à lagoa “e muito raramente a utilizam para servir cozido” na óptica de que uma refeição de qualidade, como o cozido das Furnas, deve ser servida a turistas, em condições ideais, nos restaurantes.
“Não estou contra o proprietário do Parque de Arborismo, estou contra a forma como o cozido é servido. Até porque se fosse um restaurante a servir cozido das Furnas junto à lagoa, “certamente que seria criticado” devido “à falta de condições”.

Cozidos crus devido às chuvas?

Eduarda Raposo está convencida que, por vezes, os cozidos saem crus porque não há um manuseamento correcto das panelas e das covas onde são colocadas. Mas esta não é a opinião da Câmara Municipal da Povoação que entende que, normalmente, os cozidos saem crus em períodos após chuvas torrenciais que arrefecem as caldeiras.
Ora, afirma Eduarda Raposo, “sempre houve chuva e sempre houve cozidos. O que acontece é que, inicialmente, a gestão da zona dos cozidos estava a cargo da Secretaria do Ambiente e funcionava sempre bem”.
Entende que a Câmara Municipal da Povoação devia colocar no local pessoas “que saibam o que estão a fazer porque no tempo em que era a Secretaria do Ambiente, as pessoas conheciam as caldeiras, sabiam usar as caldeiras” e a Câmara, agora, “têm lá pessoas de programas ocupacionais. Portanto, são pessoas que estão ali a receber as panelas, a enterrar, a desenterrar e que, basicamente, não percebem nada de caldeiras,” afirmou.
“Decidi contactar o jornal”, explicou, “porque queríamos chamar a atenção da opinião pública para isso, uma vez que da Câmara, que é o sítio correcto para fazer as perguntas na Assembleia Municipal, as respostas são sempre muito evasivas…”

A Confraria do Cozido das Furnas

Eduarda Raposo, enquanto deputada municipal da Câmara Municipal da Povoação, e dada a sua formação na área do turismo, hotelaria e termalismo, tem pugnado pela criação de uma Confraria do Cozido das Furnas “junto do professor” António Cavaco, que manifestou grande interesse não só no projecto da confraria como na certificação do cozido.
António Cavaco pediu a Eduarda Raposo para reunir os restaurantes das Furnas interessados em criar a Confraria mas, numa fase inicial, não aderiu o número suficiente de futuros confrades, o que levou a que o projecto ficasse em ‘banho maria’.
Na Assembleia Municipal da Povoação de Abril deste ano, a questão da Confraria e da certificação do cozido das Furnas voltou a ser colocada por Eduarda Raposo, assumindo o Presidente da Câmara que, se os restaurantes se unirem, a autarquia “assume todos os custos administrativos da certificação.”
O facto é que o processo da certificação “é o mais caro” e sendo a Câmara Municipal a assumir este encargo, poderá haver uma maior adesão dos restaurantes. Até porque a Confraria do Cozido das Furnas e a certificação do produto “é óptimo” para os proprietários dos restaurantes das Furnas e para a própria freguesia.

“Não há turistas
a mais nas Furnas”

Quando questionada sobre se há turistas a mais nas Furnas, a resposta de Eduarda Raposo é imediata e peremptória: “Não há!”.
Mas há moradores a queixaram-se, insiste o jornalista, e Eduarda Raposo esclarece: “ Não, as pessoas estão-se a queixar, inclusivamente, vi uma entrevista da Presidente da Junta de Freguesia das Furnas. Mas, o que está a acontecer é que a freguesia não tem um ordenamento adequado para a quantidade de pessoas que recebe.”
“Eu já fui”, prosseguiu, “candidata a Presidente da Junta, num movimento de Cidadãos Independentes, e uma das nossas reivindicações do programa eleitoral era a de criar parques de estacionamento fora da freguesia e, depois, termos o transporte de pessoas em minibus para o centro das Furnas.”
Em seu entender, esta seria uma solução em que só os moradores circulavam e as viaturas para reabastecerem o comércio. Só as pessoas que vêm de fora – e isto não é nada contra o turismo porque esta é a minha área de formação – deveriam circular em minibus para evitar aquela confusão que se vive nas Furnas.”
“Tivemos o caso de uma rua que foi interrompida e intervencionada pela EDA, que até cumpriu antes do prazo, e depois ficou a cargo da autarquia fazer o asfalto da rua. E teve de ser com muitas fotografias, muitas publicações no Facebook e muita insistência na Assembleia Municipal para eles resolverem colocar o passeio de asfalto, mas não fizeram os passeios.”

Freguesia com mais alojamentos

“Se reparar”, afirmou, as Furnas é “talvez uma das freguesias com maior número de alojamentos na ilha de São Miguel, estamos a falar das pessoas que vão para os alojamentos, das pessoas que vão para os hotéis e estamos a falar dos visitantes que vêm e que vão embora no mesmo dia. Isto gera muitos carros e muitas pessoas. É disto que os residentes se queixam. Por exemplo, vou fazer um trajecto que habitualmente demora cinco minutos e depois demora 30 minutos por causa das obras, ou dos buracos, ou o trânsito que está noutro sentido, quando estas alterações não estão complementadas no GPS e os visitantes não sabem. Há muita falta de ordenamento nas Furnas. É assim, somos a freguesia mais turística do concelho e provavelmente da ilha. E acho que a Câmara da Povoação não tem capacidade para gerir uma freguesia como a Furnas. E o que eu entendo é que deveriam dar mais atenção às Furnas.”

João Paz

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