Há alguns anos, quando qualquer uma das viaturas de minha pertença necessita de operar serviços de manutenção ou reparação de avarias, recorro a uma oficina lá para os lados da Espelhadora. Verdade seja dita que eles umas vezes acertam e outras nem tanto. Anteriormente, o valor solicitado pela mão-de-obra até nem era de assustar, atendendo que a norma requerida era pagar em dinheiro vivo e, desta forma, nem havia necessidade de se passar fatura. Com esta estratégia, o cliente está desobrigado de pagar IVA e a oficina a semelhantes agravamentos em impostos. Na realidade, é um benefício para ambas as partes, tática que, verdade seja dita, a maioria das oficinas adota.
Porém, sem que eu tivesse reparado, no corrente ano e a contra-relógio, esse valor teve uma subida vertiginosa na ordem dos 50%. Desconfio que a razão para este exponencial aumento do custo/mão-de-obra terá sido a tão famigerada guerra na Ucrânia.
Curioso foi a gerência fazer uso de um inovador estratagema deveras curioso para esta abrupta subida, que se traduz no seguinte: Se o cliente concordar, o valor será reduzido em 5 euros/hora, caso o material de substituição seja fornecido pela oficina. O pior é que enquanto a oficina faz deslocar um funcionário ao stand ali perto, o outro entretém-se a andar de-cá-para-lá e o relógio sempre a contar, com a agravante dos tais 45% do desconto das peças muito naturalmente reverter para o bolso do faminto tubarão.
Ou seja, existe um valor de custo mão-de-obra/hora prestado ao cliente para o material fornecido pela oficina e um agravamento para o cliente caso este se apresente na oficina antecipadamente com material novo para aplicar na viatura. Esclareçam-me, por favor, se este procedimento é legal e de acordo com a lei vigente? Ou uma manobra ardilosa de sugar mais algum ao cliente desprevenido?
É que este “modus operandi” é considerado normal pela gerência e, a prova-lo, existe um quadro pregado na parede à entrada da oficina a explicita-lo. Quando extemporaneamente algum cliente faz referência aquela exorbitância, o funcionário, logo muito solicito e ufano (ele sabe-a toda), aponta o dedo indicador ao quadro para o cliente ler e, consequentemente, de seguida, arrumar a viola no saco, não se esquecendo de informar o cliente que “nos finalmentes” se ele pagasse IVA ainda lhe ficaria mais caro.
Ora, esta oficina fatura nove horas/dia de mão-de-obra (fora outras tantas por trás da cortina) por cada trabalhador que lá presta serviço, o que é muito natural que aconteça, pois está pejada de viaturas para reparar, fora outras tantas a aguardar a vez no exterior. Agora pergunto onde param as entidades competentes, a quem compete fiscalizar e atuar com mão pesada estes atropelos e sucessivas fugas ao fisco? Presumo que, como de costume, com certeza estarão a olhar para o lado e a ver a banda passar.