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Petição defende a ampliação das instalações do Judo Clube de Ponta Delgada em terreno a ceder pelo Governo dos Açores

Uma petição com mais de 900 assinaturas, entre especialistasa e responsáveis do judo regional e nacional, médicos, responsáveis de outras modalidades, além de familiares dos judocas e cidadãos devidamente identificados, defende a ampliação das instalações do Judo Clube de Ponta Delgada.
Os peticionários pretendem que o Governo dos Açores ceda ao Judo Clube o terreno da Região localizado a Norte das actuais instalações desportivas do judo Clube de Ponta Delgada e conceda uma comparticipação financeira, a incluir no Plano e Orçamento para 2025, para concretização do projecto, no valor de meio milhão de euros, que foi aprovado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada.
A petição vai ser entregue ao Presidente da Assembleia Legislativa Regional, Luís Garcia, a tempo de ser discutida e debate em Comissão Parlamentar e em plenário do Parlamento regional a tempo da comparticipação financeira regional ser incluída no Plano do Governo dos Açores para 2025.

Uma história de sucesso

O Judo Clube de Ponta Delgada foi constituído em Fevereiro de 1974 e a partir de 1985 é considerado uma Instituição de Utilidade Pública.
Desde então, segundo a petição, o Judo Clube “tem sido uma ‘Escola para a Vida’ e um garante de saúde física, mental e social para quantos por lá passaram.”
Durante o seu meio século de existência, o Judo Clube “formou milhares de judocas, moldando-lhes o carácter e contribuindo para criar hábitos de vida saudáveis, alicerçados na máxima ‘mente sã em corpo são’.
Foi com o apoio do Judo Clube de Ponta Delgada, e através da “dedicação de diversos treinadores imbuídos pelo mesmo espírito e princípios” do JCPD, transmitidos pelo seu primeiro mestre/sensei Masatoshi Ohi, oriundo do Japão, que paulatinamente foram sendo desenvolvidos os demais clubes ou ‘centros de iniciação de Judo’ existentes em São Miguel, e em algumas das outras ilhas dos Açores, nomeadamente, Terceira, Faial, Pico, Graciosa e Santa Maria.
Segundo a petição, o Judo Clube de Ponta Delgada “tem sido, para o judo micaelense, uma espécie de Kodokan – única Instituição de Judo creditada no Japão, que considera o Judo como um caminho, uma prática saudável para o corpo e para a mente, possível de ser praticado por todos, independentemente da idade.”
No Judo Clube de Ponta Delgada, “sempre houve a preocupação de incutir nos atletas a necessidade de conciliarem a prática da modalidade com os estudos, havendo, sempre o cuidado de que os atletas priorizassem os estudos, relativamente ao desporto em causa. Nunca se caiu na tentação de secundarizar os estudos.”

Atletas em grande destaque

“Não é, pois, por acaso, que hoje”, lê-se na petição, “muitos dos que iniciaram a prática da modalidade no Judo Clube de Ponta Delgada ocupam lugares de destaque na nossa comunidade, e não só, no exercício dos mais variados ofícios. Muitos são médicos, advogados, engenheiros, gestores, economistas, professores, empresários, bancários, profissionais liberais e técnicos dos mais variados ramos.”
“Honra o Judo Clube de Ponta Delgada ter, entre os seus associados, judocas e ex-judocas a exercerem, na sociedade, papeis com grande notoriedade e outros, que embora possam exercer funções de menor relevância social, o fazem, também, com alto desempenho profissional”, destacam os peticionários.
No entanto, adianta, no Judo Clube de Ponta Delgada, “a inclusão não tem sido uma palavra vã, tem sido uma prática constante, e com o judogi vestido não há nenhuma discrepância com base em diferentes condições socioeconómicas.”
A par da sua função social, o Judo Clube de Ponta Delgada formou, ao longo da sua longa existência, judocas de “excelência e a atestá-lo temos o seu vasto palmarés.”
Judocas açorianos campeões

Segundo a petição, foi o judo que “trouxe para a Região dos Açores as primeiras classificações a nível nacional. Depois deste significativo feito histórico, invariavelmente, todos os anos algum ou alguns atletas têm, sucessivamente, ano após ano, de forma contínua e sistemática, conseguido lugares de pódio, ao mais alto nível.”
Neste contexto, o Judo Clube de Ponta Delgada “ já teve atletas classificados em primeiro e segundo lugares em Campeonatos Mundiais, e um posicionado num dos lugares, do ranking mundial, elegíveis para participar nos Jogos Olímpicos que não conseguiu, por muito pouco, concretizar este sonho, dele e do JCPD, para além de um número incontável de campeões nas diversas categorias nacionais.”
“E é com muito orgulho que podemos afirmar que todos os seus atletas da classe de competição são açorianos. Têm sido muitos e bons anos a ‘Formar Campeões’, quer no âmbito desportivo, como, também, e, principalmente, para a Vida.”
A petição ressalta ainda a importância do Judo Clube de Ponta Delgada para a comunidade onde está inserido, nomeadamente, para a comunidade escolar existente nas imediações das suas instalações. A título de exemplo, no ano lectivo 2022/2023, ao longo do primeiro semestre, todas as turmas da Escola Secundária Domingos Rebelo, no horário da disciplina de Educação Física, tiveram várias aulas de iniciação ao judo, nas instalações do Judo Clube, sob a tutela da sua equipa técnica a título pro bono.
O Judo Clube de Ponta Delgada “desde sempre tem franqueado as suas instalações à comunidade, fora do período normal de utilização pelos seus atletas e equipa técnica.”
Actualmente, “acalenta um sonho, o de ter as suas instalações ampliadas de modo a responder à crescente procura pela prática do judo, modalidade olímpica de eleição, que na Região, pela sua relevância, da parte dos sucessivos governos, foi e é considerada prioritária.”
É neste contexto que a obra de ampliação do Judo Clube de Ponta Delgada se “reveste de grande importância e a sua concretização daria um novo e grande impulso ao clube e à modalidade.”

“O sonho comanda a vida”

“À luz do que foi, e é, o contributo do Judo Clube de Ponta Delgada para a modalidade, e para o desporto concelhio, regional e nacional, a efectivação deste sonho, por parte do poder político instituído, parece-nos ser da mais elementar justiça,”, conclui-se na petição que tem como primeiro subscritor José Maria Araújo.
Os responsáveis pelo Judo Clube de Ponta Delgada manifestam gratidão “a todos os que colaborarem, na sensibilização do poder político regional para a necessidade da ‘Ampliação das Instalações Desportivas do Judo Clube Ponta Delgada’, clube que está a comemorar as Bodas de Ouro e “acalenta, desde longa data, o sonho de ampliar as referidas instalações.”
Citam a canção “A Pedra Filosofal”, de António Gedeão e Manuel Freire: “Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida e que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança”.
“Lembremos, pois, ao poder político da necessidade de também nos Açores ‘O sonho poder comandar a vida’ logo que assente no mérito, o que nos parece ser o caso,” concluem.

J.P.

Jorge Baptista explica porque o Judo Clube deve
ter instalações mais amplas

“O clube de judo quando, inicialmente, fez aquele pavilhão, onde estamos actualmente, foi com uma cedência de terreno da Região Autónoma dos Açores. Na altura, necessitávamos que fosse um pouco maior, mas foi o que nos foi dado na altura. Fomos das poucas, senão a única instituição que fez tudo pela sua própria mão. Tivemos um apoio de 1.500 contos, cerca de 7.500 euros no dia de hoje, e fizemos algo que custou perto de 30.000 contos. Tivemos a ajuda de toda a população e de várias empresas.
Com o desenvolver do judo e da actividade, verificamos que necessitávamos de uma coisa maior. Então fizemos uma proposta ao Governo anterior, através da Direcção Regional de Desporto, para nos cederem mais terrenos, para fazermos uma ampliação das instalações. Foi-nos dada uma parcela de terreno. Só que a parcela que nos foi dada comprometia os treinos durante bastante tempo, uma vez que teríamos que destruir parte do pavilhão para fazer a ampliação. Era uma obra que teria o custo, antes da guerra da Ucrânia, de cerca de 1 milhão de euros.
Com pessoas entendidas e com o apoio da Direcção Regional de Obras Públicas, desenvolveu-se um projecto, antes da pandemia, em que não se mexia no pavilhão que já existe. Obviamente que se faria umas remodelações nos balneários e uma ligação para um novo pavilhão, que seria construído em cima do parque de estacionamento, que continua a ter lugares de estacionamento. Esta nova obra que teria o custo de cerca de 400 mil euros. Obviamente que o mais barato e mais funcional será fazer desta forma, pois permite-nos construir áreas de combate com medidas regulamentares, enquanto que com a cedência que queriam fazer isto não acontecia.
Pedimos a cedência de mais terreno. Houve a Covid, depois pedimos a viabilidade e houve um estudo prévio para saber se seria possível implementar o pavilhão por parte da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Estamos deste o penúltimo Governo à espera da cedência efectiva do terreno. Já tivemos uma audiência com o Presidente do Governo e com a Secretária de Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas e o que sabemos é que vamos ter uma reunião com quem tem o terreno, para alinhavarmos a sua cedência efectiva.
Entretanto, um grupo de judocas entendeu, e bem, fazer uma petição pública de modo a podermos arranjar, através do Orçamento da Região, verbas para auxiliar na construção da obra. Está a andar muito tem, já temos cerca de mil assinaturas, para depois propor à Assembleia Legislativa Regional para que fique inscrito no orçamento da Região 2025 uma verba para o empreendimento.
Nós somos dos clubes que melhor aplicou o dinheiro público que lhe foi cedido. Nós não fomos comprar jogadores; nós desenvolvemos o desporto com os atletas formados cá com o espaço que temos. Há a garantia de que, o que for dado, não irá para a algibeira de ninguém, não vai para fazer outro investimento que não aquele. Vamos por isso no limite mais negativo: se amanhã o clube fechar e deixar de haver judo, a infra-estrutura para a Região outra vez.
O projecto está muito bem conseguido com a colaboração da Direcção de Obras Públicas, e da arquitecta Clara Simões. Está funcional, não tem luxos. Não se trata de fazer uma sede, mas sim de fazer um pavilhão para a prática desportiva.
Há quem se preocupe sempre em fazer sedes sociais, com muita coisa social. Nós não. Preocupamo-nos em fazer uma estrutura onde se consiga desenvolver a modalidade. Com o novo pavilhão ali, resolvemos, maioritariamente, todas as provas que a Associação de Judo queira fazer na ilha de São Miguel. Muita vez há problemas de espaço para fazer provas de judo e aquilo resolve uma data dessas pequenas questões.
Continuará a servir a comunidade escolar à volta, quer a escola Canto da Maia, quer a Domingos Rebelo. Ainda no último ano tivemos um semestre todo com o espaço cedido para a escola desenvolver actividades lá. A própria Policia de Segurança Publica quando nos solicita, também utiliza o nosso espaço na formação dos agentes da polícia”.

Jorge Baptista, Professor de Judo

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