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Investir em Tecnologia e Inovação no setor marítimo

Os investimentos em tecnologia e inovação no setor marítimo são cruciais para superar os desafios que condicionam a sua sustentabilidade e competitividade, em resultado das mudanças climáticas, das regulamentações ambientais, e dos requisitos de eficiência e segurança operacional. Para além disso, tais investimentos também possuem muita importância, porque potenciam a exploração de minerais no mar, os progressos em biotecnologia marinha, e a eficácia e sustentabilidade da cadeia de abastecimento mundial, que representam oportunidades para desenvolver a economia global.
As mudanças climáticas, ao desencadearem eventos extremos, nomeadamente, tempestades e furacões, afetam diretamente as operações marítimas. Além disso, o aumento do nível do mar e a acidificação dos oceanos perturbam as infraestruturas costeiras e os ecossistemas marinhos. Por isso, só novos investimentos em tecnologia e inovação permitirão conter os impactos destes problemas no setor marítimo.
As regulamentações ambientais, cada vez mais rigorosas, por exigirem a redução das emissões de CO2 e a adoção de práticas mais sustentáveis, implicam a integração de novas tecnologias, bem como a adaptação dos portos para receberem navios maiores e mais eficientes, o que requer investimentos consideráveis em inovação.
A eficiência e a segurança operacional do setor marítimo são prejudicadas pela resistência humana à mudança, que dificulta a adoção de novas tecnologias, enquanto a escassez de mão de obra qualificada limita a atividade das empresas. Neste contexto, as atividades de inovação das instituições de investigação precisam de ser apoiadas e estimuladas para produzirem as soluções necessárias à melhoria das práticas funcionais.
Ultrapassar estes desafios tão complexos, de forma a incrementar a sustentabilidade e a competitividade do setor marítimo, exige esforços colaborativos entre os governos, as empresas e as instituições de investigação. Estas ações são essenciais para, de forma convergente, adotar políticas públicas que promovam práticas sustentáveis, investir em tecnologia e inovação, bem como na formação de pessoal, e criar soluções eficazes.
Para além dos desafios enunciados, o setor marítimo também está repleto de oportunidades emergentes.
A exploração de minerais no mar, nomeadamente, os nódulos de manganês, os sulfuretos polimetálicos e os depósitos de cobalto, tem um grande potencial económico, especialmente para as tecnologias de ponta, como a das baterias de íões de lítio dos veículos elétricos.
A biotecnologia marinha tem permitido descobertas de compostos bioativos com aplicação na indústria farmacêutica, na cosmética e na produção de biocombustíveis. Além disso, também pode contribuir para a sustentabilidade alimentar, com o cultivo de algas marinhas e a aquicultura de espécies marinhas.
A eficácia e a sustentabilidade da cadeia de abastecimento mundial melhoram com as inovações tecnológicas em transporte e logística marítima. Com efeito, a IoT (Internet das Coisas), a blockchain (tecnologia de partilha transparente de informação) e a análise de dados otimizam as rotas marítimas e minimizam os tempos de espera nos portos, enquanto a propulsão elétrica, a energia renovável e o desenho de cascos reduzem as emissões de CO2 e os custos operacionais.
Estas oportunidades podem promover muito a economia global. Todavia, é crucial que, para as explorar de forma sustentável, se abordem os investimentos em tecnologia e inovação no setor marítimo de forma ética e responsável, tendo em conta os impactos da sua utilização, especialmente na mineração dos fundos marinhos, nas utilizações da biotecnologia, e na exploração da informação sobre a atividade marítima.
Também é indispensável a adoção de estratégias colaborativas e abrangentes. Com efeito, por um lado, as associações entre os governos, o setor privado e as instituições de investigação facilitam a partilha de meios, conhecimentos e infraestruturas. Por outro lado, os incentivos fiscais e financeiros motivam os investimentos de longo prazo em tecnologia e na formação de profissionais qualificados que, por sua vez, fomentam os apoios ao desenvolvimento de soluções inovadoras.
Os benefícios tangíveis dos investimentos realizados em tecnologia e inovação, pela Noruega e por Singapura, podem servir como modelo para superar, à escala mundial, os desafios complexos e explorar as oportunidades emergentes do setor marítimo.
A Noruega, líder em tecnologias marinhas avançadas, demonstra a sua capacidade de inovação em empresas como a Kongsberg Maritime, possuidora de elevada competência distintiva em automação naval e na exploração de energias renováveis offshore.
Singapura destaca-se área da logística marítima, com uma infraestrutura portuária de última geração e programas de incentivo que atraem empresas de tecnologia, como a Sea Machines Robotics, que fabrica sistemas de comando e controlo para navios.
Os casos destes dois países evidenciam a importância de se desenvolver uma visão estratégica de longo prazo para os investimentos em tecnologia e inovação no setor marítimo, bem como, neste âmbito, da colaboração entre os governos, as empresas e as instituições de investigação.
Face ao exposto, podemos concluir que investir em tecnologia e inovação no setor marítimo permitirá enfrentar os desafios das mudanças climáticas, das regulamentações ambientais, e da eficiência e segurança operacional.
Acresce que tais investimentos também abrirão novos horizontes económicos, relacionados com a exploração de minerais no mar, a biotecnologia marinha e a eficiência e sustentabilidade da cadeia de abastecimento global.
Somente através de um esforço colaborativo e abrangente entre os governos, as empresas e as instituições de investigação será possível construir um futuro próspero, sustentável e resiliente para o setor marítimo, que aproveite as oportunidades emergentes com mais eficiência e eficácia, e enfrente os desafios complexos com superior determinação e criatividade.
Para isso, importa que: os governos criem políticas públicas favoráveis e concedam incentivos financeiros; as empresas invistam em tecnologia, inovação e na formação de pessoal, como parte da sua estratégia de longo prazo; as instituições de investigação incrementem o desenvolvimento de soluções inovadoras.

Almirante António Silva Ribeiro

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