Os Açores destacam-se por serem a região com a maior percentagem de despesas em transportes do país (14,3%), segundo o inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023 do INE. Com uma despesa média anual por agregado familiar de 19 431 euros, a mais baixa do país, a Região destina 39,2% das despesas a habitação e 13,2% a produtos alimentares. Além disso, os dados revelaram que os Açores eram a única região onde menos de 50% das famílias residem em áreas predominantemente urbanas, e apresentavam a maior proporção de famílias com duas ou mais crianças dependentes (17,7%).
De acordo com o inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023, agora divulgado pelo INE, o valor médio mais baixo ao nível da despesa média anual por agregado familiar situava-se em 19.431 euros nos Açores, enquanto as famílias residentes na Área Metropolitana de Lisboa registavam o valor mais elevado (26.891€) para a despesa total anual média.
Do total da despesa anual média por agregado familiar nos Açores, 13,2% correspondia a produtos alimentares e bebidas não alcoólicas; 2,4% dizia respeito a bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos; 1,5% a vestuário e calçado; 39,2% a habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis; e 5,5% diziam respeito a acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação.
Dos 19.431 euros de despesa média anual por agregado familiar, 4,9% dizia respeito a saúde; 14,3% a transportes (a maior percentagem de todo país); 4,8% a informação e comunicação; 2,7% a lazer, recreação, desporto e cultura; 1,1% a serviços de educação, 5,1% a restaurantes e serviços de alojamento (a percentagem mais baixa do todo nacional); 2,7% a seguros e serviços financeiros e a mesma percentagem (2,7%) no que toca a cuidados pessoais, protecção social e bens diversos.
O peso da despesa total média em informação e comunicação e em transportes era mais elevado nos Açores, no Alentejo e na Madeira, respectivamente, 14,3%, 13,5% e 13,4%, no caso dos transportes, e de 4,8%, 4,2% e 4,1%, no caso da informação e comunicação.
A região do Algarve caracterizava-se pela maior concentração da despesa familiar média em restaurantes e serviço de alojamento (10,2% face a 8,6% em Portugal) e era a região com menor peso da despesa em acessórios, equipamento e manutenção da habitação (3,2%, o que compara com a média nacional de 4,5%) e em serviços de educação (0,9%).
O documento, que pode ser consultado na página do Instituto Nacional de Estatística, refere ainda que cerca de um terço do número de agregados familiares residentes em Portugal residia na região Norte (33,3% do total), seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa (28,8%) e o Centro (21,9%). No conjunto, estas três regiões concentravam 84% dos agregados domésticos. As famílias residentes no Alentejo e no Algarve representavam, respectivamente, 7% e 4,7% do total. Na Madeira e nos Açores residiam 2,3% e 2,1%, respectivamente, do total de famílias.
Açores com proporção de famílias
residentes em áreas predominantemente
urbanas abaixo dos 50%
No período de referência, cerca de 74% das famílias residiam em áreas predominantemente urbanas, 14% em áreas mediamente urbanas e 11,9% em áreas predominantemente rurais. A conjugação desta classificação (tipologia de áreas urbanas) revela um país com disparidades regionais significativas relativamente à ocupação do território. A Área Metropolitana de Lisboa registava a proporção mais elevada de famílias residentes em áreas predominantemente urbanas (96,2%), seguida da Madeira (82,3%), da região Norte (75,2%) e do Algarve (69,2%). As restantes regiões caracterizavam-se por proporções mais elevadas de famílias residentes em áreas predominantemente rurais, nomeadamente 25,3% no Centro, 27,5% no Alentejo e 29,1% nos Açores. Segundo o inquérito, os Açores eram a única região com uma proporção de famílias residentes em áreas predominantemente urbanas abaixo dos 50%.
Maior proporção de famílias com duas ou mais crianças dependentes
No que diz respeito às famílias com crianças dependentes, estas representavam mais de um terço do total de famílias nos Açores (35,7%) e na Madeira (34,2%) que, em conjunto com o Norte e a Área Metropolitana de Lisboa, eram as regiões com uma proporção acima da média do país (31%).
As famílias compostas por um adulto e pelo menos uma criança dependente, que representavam 2% do total de agregados familiares residentes no país, apresentavam frequências relativas mais elevadas na Área Metropolitana de Lisboa (2,9%) e na Madeira (2,6%). Já a proporção de famílias com duas ou mais crianças dependentes era mais elevada nos Açores (17,7%) e na Madeira (15,4%).
De acordo com as estimativas do inquérito, 5,5% das famílias tinham um rendimento total inferior a 9 310€ em 2021, ou seja, inferior à remuneração mínima nacional mensal de referência para aquele ano. Essa proporção era superior para as famílias residentes nos Açores (7,7%) mas também ultrapassava a média nacional no Centro (5,8%) e no Norte (5,6%).
Além disso, os Açores também se destacam por apresentar a proporção mais elevada de famílias em que o indivíduo de referência tinha menos de 45 anos (cerca de um terço das famílias).
O valor médio mais baixo entre
os alojamentos arrendados
No país, a despesa média realizada por agregados familiares residentes em alojamentos próprios era de 25 791€, sendo 1,5 vezes a dos agregados familiares residentes em alojamentos arrendados (16 975€). Este diferencial era extensível às sete regiões, salientando o valor observado na Área Metropolitana de Lisboa entre os alojamentos ocupados pelo próprio que ultrapassava os 30 mil euros anuais. Por seu turno, nos Açores registava-se o valor médio mais baixo entre os alojamentos arrendados: 13 518€.
O mesmo documento dá nota que, em Portugal, e numa análise ao segundo nível da COICOP (Classificação de consumo individual de acordo com a finalidade), cerca de três quartos da despesa média anual concentrava-se em dez grupos de despesas. Por região, estes mesmos grupos de despesa registavam o maior peso relativo no Algarve (77,9%) e o menor nos Açores (74,1%).
Deste conjunto de produtos e serviços, destacam-se as despesas subjacentes a rendas subjectivas, com 27,4% da despesa total anual (6 539€), apresentando a Área Metropolitana de Lisboa e a Madeira as proporções mais elevadas (31,4% e 28,9%, respectivamente) e o Alentejo a mais baixa (22%).
As despesas com produtos alimentares (excluindo bebidas) constituíam o segundo grupo mais importante, com 12% do total das despesas no país, e pesos relativos entre 10,3% na Área Metropolitana de Lisboa e 13,9% na região do Alentejo. As despesas com serviços de fornecimento de produtos alimentares e bebidas e com a utilização de equipamento de transporte pessoal registavam, respectivamente, 7,8% e 7,5% da despesa média anual das famílias residentes em Portugal.
O primeiro grupo registava um valor relativo mais elevado no Algarve (com 9,9%) e o segundo no Centro (com 8,8%). Nos Açores, o peso das despesas efectuadas em serviços de fornecimento de produtos alimentares e bebidas (4,5%) era bastante inferior à média do país para este tipo de despesas (7,8%).
De referir que a dimensão da amostra seleccionada no inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023 foi de 19 964 alojamentos, distribuídos ao longo das 26 quinzenas, que constituíram o período de inquirição, de modo a minimizar os efeitos sazonais. A taxa de resposta global, que corresponde ao quociente entre o número de entrevistas conseguidas e válidas (11 701) e a dimensão da amostra (19 964), foi de 59%. A recolha de dados no continente e nos Açores e da Madeira foi efectuada entre 6 de Fevereiro de 2022 e 6 de Fevereiro de 2023.
C.P.