“Um dos principais objectivos é manter o trabalho que já estava a ser desenvolvido e apelar às entidades competentes, camarárias e governamentais, para a necessidade de investimento em áreas que a vila ainda estão em falta, como por exemplo um pavilhão desportivo adequado às modalidades existentes, uma capela mortuária, que é uma lacuna enorme na única vila do concelho de Ponta Delgada, a requalificação e o melhoramento do acesso ao porto das Capelas e a construção de um novo ATL, já que o existente funciona sem licenciamento há muitos anos. A necessidade de investir em parques de estacionamento também é importante, considerando o número de habitantes que tem vindo a aumentar, a par do turismo.” Quem o diz é Manuel Cardoso, Presidente da Junta de Freguesia das Capelas desde 24 de Maio, em substituição de Ana Beatriz Arruda. O autarca já fazia parte do anterior Executivo desta Junta de Freguesia, onde foi secretário desde Outubro de 2021.
Correio dos Açores – Que retrato faz das Capelas?
Manuel Cardoso (Presidente Junta de Freguesia das Capelas) – A vila das Capelas fica a poucos quilómetros da cidade de Ponta Delgada, ten cerca de 4.000 habitantes e como principal actividade económica está a agricultura. Na nossa vila temos ao dispor dos habitantes vários serviços como superfícies comerciais, centro de saúde, bancos, esquadra da PSP, farmácia, Cooperativa Agrícola, Casa do Povo, hotéis e vários alojamentos locais. A nível da educação é nas Capelas que se encontra a escola básica integrada que abrange a comunidade escolar desde o Pilar da Bretanha até aos Fenais da Luz. Para além disso, temos o Centro de Qualificação Profissional dos Açores, que é fundamental para formar jovens em diversas áreas de trabalho bem como cidadãos que não concluíram o ciclo de estudos.
A nível histórico, a actividade baleeira é o que se destaca, além disso, temos o privilégio de ter um Museu de Artes e Ofícios, que, embora pertencente a um particular, podemos visitar e fazer uma viagem ao passado de ofícios e tradições que marcam a nossa história.
A zona balnear dos Poços é muito procurada pelos habitantes e visitantes, não só no Verão como todo o ano.
Quem nos visita pode desfrutar da natureza, fazendo os nossos trilhos e visitando os vários miradouros que têm vistas deslumbrantes sobre a costa norte.
Que Capelas encontrou?
Nos últimos anos, a vila das Capelas teve um grande desenvolvimento, com os investimentos privados que permitiram uma maior oferta de serviços, turismo e emprego. Por isso, encontramos uma vila desenvolvida, acolhedora, que oferece segurança e bem-estar a quem cá vive e nos visita.
Quais são os objectivos para este mandato?
Um dos principais objectivos é manter o trabalho que já estava a ser desenvolvido e apelar às entidades competentes, camarárias e governamentais, para a necessidade de investimento em áreas que a vila ainda tem falta, como por exemplo um pavilhão desportivo adequado às modalidades existentes, uma capela mortuária, que é uma lacuna enorme na única vila do concelho de Ponta Delgada, a requalificação e o melhoramento do acesso e porto das Capelas, e a construção de um novo ATL, já que o existente funciona sem licenciamento há muitos anos. A necessidade de investir em parques de estacionamento também é importante, considerando o número de habitantes que tem vindo a aumentar a par do turismo.
Quais são as principais dificuldades que a vila enfrenta actualmente?
Como é do conhecimento geral, a nossa vila tem sido diversas vezes fustigada pelas intempéries, causando danos em habitações, terrenos agrícolas e deixando algumas ruas intransitáveis, comprometendo assim a segurança da população.
A falta de habitação é uma das principais dificuldades das famílias. As poucas casas disponíveis para arrendamento têm um valor mensal elevado, o que impossibilita o acesso à habitação por jovens ou pessoas com baixos rendimentos.
A falta de parques de estacionamento em locais com maior número de habitações origina vários constrangimentos no trânsito, que pioram com ruas intransitáveis devido às intempéries, como é o caso da Rua do Maranhão, tendo em conta que o acesso pela Rua do Marujo está intransitável há largos meses. É lamentável que nesta matéria a Câmara Municipal de Ponta Delgada se tenha limitado a interditar a Rua do Marujo à circulação, em vez de procurar uma solução transitória e pontual para que a circulação, mesmo com algumas limitações, se pudesse manter.
A falta de um pavilhão desportivo adequado causa muito transtorno nos clubes desportivos existentes e impossibilita que outras modalidades possam ser desenvolvidas e praticadas na nossa vila. O pavilhão também permitia um apoio qualitativo nas aulas de educação física aos alunos da Escola EB1/JI do Rossio, que vêem as suas actividades comprometidas pela ausência do mesmo.
Refiro também a reorganização do trânsito, nomeadamente, algumas ruas passarem a ter sentido único, identificando-se a zona do Rossio como a mais problemática, uma situação que facilmente se colmataria com o recurso a semáforos. Esta situação já era reivindicada pelo anterior Executivo da Junta de Freguesia, que nas obras de requalificação daquela zona, já instalou as infra-estruturas subterrâneas necessárias para a colocação dos mesmos.
A falta de mão-de-obra, com a efectiva diminuição de programas de emprego, condiciona o recrutamento de pessoas, o que não nos permite manter e realizar muitas tarefas e trabalhos, apesar de a delegação de competências pela Câmara Municipal de Ponta Delgada ser cada vez maior. No entanto, não há pessoas para trabalhar nem as Juntas de Freguesia têm capacidade financeira para tal, uma vez que implica processos de contratação pública.
Se as Capelas fossem um concelho, haveria mais oportunidades para resolver os problemas que colocam à freguesia?
Claro que sim, pois teríamos outro tipo de orçamento e robustez financeira e não dependeríamos da Câmara Municipal de Ponta Delgada que, para além das transferências decorrentes da delegação de competências, deixou praticamente de investir na vila das Capelas nos últimos anos, contrariamente ao que acontece em outras freguesias do concelho.
O tráfico de estupefacientes tem vindo a aumentar nas Capelas?
Felizmente, não temos constatado um aumento no tráfico de drogas, embora esse seja um problema transversal a todas as freguesias, particularmente pelo surgimento das drogas sintéticas. O facto de termos uma esquadra da PSP na vila, e graças ao trabalho desenvolvido pelos agentes, tem contribuído em muito para a segurança e diminuição da criminalidade. Contudo, preocupa-nos o aumento de actos de vandalismo praticados pontualmente.
Qual a dimensão da pobreza nas Capelas? Com o aumento do custo de vida, notou que o número de pedidos à Junta de Freguesia aumentou?
O nível de custo de vida aumentou para todas as famílias, com maior impacto para aquelas mais desfavorecidas. O que verificamos é um maior número de pedidos de ajuda para aquisição de materiais para a recuperação/conservação de habitação degradada. Contudo, apesar de poucos, recebemos alguns pedidos relacionados com carência alimentar, sendo que os mesmos são tratados em articulação e coordenação com as entidades competentes nesta matéria.
Qual é a abordagem da Junta de Freguesia ao desenvolvimento do turismo e qual o seu impacto socio-económico nas Capelas?
A nível do turismo, a nossa vila teve um aumento acentuado na oferta de alojamentos locais, factor muito positivo para quem nos visita, originando uma maior afluência nos diversos restaurantes, bares, cafés e comércio em geral, permitindo gerar mais receita e contribuir para criação de maior número de postos de trabalho.
Como a Junta de Freguesia está a trabalhar para promover o desenvolvimento global da freguesia ao mesmo tempo que preserva o seu património cultural e promove actividades culturais locais?
A Junta de Freguesia tem vindo a desenvolver várias actividades culturais, apoiando as diversas instituições da freguesia e proporcionando algumas festas em conjunto com as mesmas. Mantemos também abertura a todas as instituições e particulares que queiram promover actividades com interesse público para a dinamização e divulgação da nossa freguesia.
As Capelas têm potencial para se desenvolver mais? Quais são as principais prioridades de desenvolvimento nos próximos anos?
Existe sempre potencial para mais desenvolvimento. A título de exemplo, na área social, precisamos de mais vagas para a creche e a construção de um novo ATL. É urgente apostar no cuidado dos mais idosos, criando um lar e melhorando as condições e qualidade de vida dos mesmos, bem como a construção de moradias a custos controlados para casais jovens.
Carlota Pimentel