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“Estas ilhas oferecem-nos sensibilidade, alegria, amor e dádiva que nenhum outro lugar do mundo oferece,” afirma António Rego

Atento e disponível a cada interpelação, com uma voz inconfundível que não envelheceu, o padre António Rego cumpriu Sexta-feira, dia 21 de Junho, o 60º aniversário da sua ordenação sacerdotal, numa festa que teve lugar na sua “catedral”, a Igreja Matriz de Ponta Delgada, onde foi ordenado e celebrou a sua missa nova.
“Foi um passo novo na minha vida ter sido ordenado padre e na Matriz, que era uma referência; era uma espécie da nossa catedral e hoje, ainda, qualquer celebração em que ali participe é sempre uma memória muito grata” afirma numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra depois do meio dia.
“Tinha chegado a um ponto em que ser ordenado era o culminar de uma opção; ser sacerdote ainda hoje é uma festa, uma alegria, que foi muito partilhada pela comunidade e pelos diversos sítios por onde fui passando”, refere com o “mesmo entusiasmo de sempre” de quem nunca vacilou, nem teve dúvidas.
“Nunca vacilei nesta opção de vida; pus muitas questões, sobretudo antes de ser ordenado. Depois já não até porque o meu temperamento era aceitar as opções escolhidas. Ainda hoje dou graças a Deus por ser sacerdote” esclarece ainda, sem deixar de falar da casa onde se formou e que, a par da sua comunidade e da família a quem esteve sempre muito ligado, moldou a sua maneira de ser.
“Acho que o Seminário de Angra é uma casa admirável de formação, mas mais do que isso: um espaço onde os candidatos ao sacerdócio podem encontrar a própria alma e esta notícia de que os seminaristas de Angra podem ir para fora é muito interessante porque isso pode abrir muitas perspectivas”.
“O Seminário dava-nos valores muito profundos mas também poderíamos correr o risco de nos fecharmos. Este novo modelo poderá abrir horizontes porque vai trazer outras experiências que são revertíveis na própria Diocese, devendo haver o cuidado de nunca se perder a identidade”, diz à cerca da notícia sobre a realização dos estudos teológicos na Universidade Católica e no seminário do porto por parte dos candidatos ao sacerdócio dos Açores.
“A referência é o açoriano que nunca deve perder a alegria e orgulho em ser de cá. Estas ilhas oferecem-nos sensibilidade alegria, amor e dádiva que mais nenhum lugar oferece”, diz ainda recordando que no seu tempo preferia não ter saído.
“Quando o Bispo me disse que iria trabalhar para a Rádio Renascença com monsenhor Lopes da Cruz, apeteceu-me dizer que não, mas nós não questionávamos, não discutíamos lugares com o Bispo”, afirma.
“O sentido de obediência era muito intenso e por isso foi com muito sacrifício que me despedi da comunidade e parti para uma terra desconhecida. A Basílica dos Mártires e depois a RR passaram a ser o meu território pastoral, a região autónoma do continente, como costumava chamar-lhes”, esclarece.
“Nunca deixei os Açores, de ser açoriano e até digo mais: ser açoriano foi muito enriquecedor. Nós aqui ganhamos alguma sensibilidade em relação a vários pontos do ser humano e foi isso que transportei para os sítios todos e as comunidades com quem trabalhei perceberam isso”, diz por outro lado.
“Não sei dizer por palavras o que sinto no coração mas há de facto uma óptica do próprio mundo e da pessoa que ganhamos aqui e não só na proximidade do mar, são as pessoas. Nós temos, entre nós próprios, uma capacidade de abrir o coração e de partilhar a nossa intimidade diferentes”.
O padre António Rego como é conhecido, cónego da Sé de Lisboa, Diocese onde encardinou e viveu 40 anos do seu sacerdócio, nesta entrevista ao programa de rádio Igreja Açores fala, ainda, da preferência pelo Papa Paulo VI, “não só por ser o homem do Concilio mas porque nos desafiou a olhar para o mundo e para a sua cultura procurando sempre a partir do homem concreto transformar este mundo no reino de Deus”.
“Quem não se lembra da visita a Fátima: homens sede homens, sede magnânimos…”, recorda sublinhando que cada tempo “precisa ser observado e vivido de forma própria, com as suas especificidades e originalidades e não apenas com o saudosismo do que foi mas aquilo que é”.
“O reino de Deus não foi apenas. E o homem de hoje tem que ser capaz de perceber o mistério da encarnação ontem, hoje e amanhã”, diz.
“Paulo VI é o protótipo desta sensibilidade à cultura do seu tempo. Ele era o chefe da barca mas sentindo-se dentro da barca… Quando veio a Fátima pediu-nos que salvássemos o nosso tempo com os valores cristãos”, frisou o sacerdote, deixando também uma palavra de apreço para com o Papa Francisco para quem olha “com muita ternura”.
“Entrou sem medo com um sorriso; com muito conhecimento e encarna o nosso tempo, com a sua história”, conclui sem antes deixar de falar de Deus.
“Toda a gente é pessoa e para mim, Jesus ter vindo, ter anunciado o Pai e ter assumido a condição de pessoa, tratando as pessoas de forma tão delicada e tão humana e tão sobrenatural, marcou-me e marca-me e isso acompanhou-me ao longo da minha vida pastoral”.

I.A.

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