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Marcha com mais de 100 marchantes jovens promete hoje muita “brincadeira e diversão” nas Festas do São João da Vila

A primeira das duas noites das Marchas do São João da Vila acontece hoje, 23 de Junho. Das 17 marchas integrantes, há a marcha da Escola Básica e Secundária Armando Côrtes-Rodrigues, que conta com 120 marchantes. Este grupo é um dos maiores que vai participar este ano nas marchas e é um dos mais jovens: uma grande parte dos elementos deste grupo é composta por alunos que estão no ensino secundário. Com o tema ‘Jogos Tradicionais’, este grupo vai ser a nona marcha a entrar em acção e vão actuar com a Banda Filarmónica Imaculada Conceição – Lomba da Fazenda. Ao Correio dos Açores, a professora Rute Santos, que faz parte da organização do grupo, juntamente com a professora Joana Canhão, o professor Patrício Dias e a professora Zilda Teixeira, conta como é a experiência de liderar um grupo muito jovem, como surgiu a escolha do tema deste ano e a “particularidade” deste grupo de marcha.

Correio dos Açores – A Marcha da Escola Básica e Secundária Armando Côrtes-Rodrigues vai participar nas Marchas do São João da Vila. Há quantos anos participa?
Rute Santos (Professora e uma das responsáveis pela organização do grupo) A Escola Básica e Secundária Armando Côrtes-Rodrigues participa nas Marchas do São João da Vila há muitos anos, sempre teve tradição nas Marchas de São João da Vila. Há muitos anos, participavam mais do que uma escola, a marcha da escola primária e a marcha do 2.º e 3.º ciclo. Entretanto, houve um período interregno na participação, depois apenas retomamos em 1998, salvo erro, e nunca mais parámos de participar desde então. Sempre tivemos a tradição de participar activamente. Desde o regresso, damos prioridade ao ensino secundário. No entanto, as primárias também fazem a sua marchinha antes do São João da Vila, com as escolas primárias que fazem parte da unidade orgânica da Armando Côrtes-Rodrigues, que vai desde a Água d’Alto, São Pedro até à Escola Básica Professor António dos Santos Botelho e às creches. Estas escolas juntam-se todos numa mega marcha de crianças intitulada ‘Marcha da Rua’, que é muito conhecida e foi realizada no dia 14 de Junho, às 10h. Crianças entre os 3 e os 10 anos desfilaram nas ruas da Vila Franca do Campo.

Quais são os motivos para a sua participação?
Os motivos são sempre os mesmos: o São João da Vila está na nossa tradição e nas nossas raízes. Temos uma afluência fantástica e toda a comunidade escolar une-se em torno da nossa marcha na ajuda, e é sempre uma alegria e uma enorme satisfação que nós a fazemos. Esta também é uma maneira de a comunidade escolar participar activamente nas actividades escolares.

Como surgiu a escolha do tema para a Marcha do São João da Vila deste ano? Qual é a coreografia?
Este ano decidimos lançar um concurso para a escolha do tema e da indumentária. Entre as várias sugestões, o tema que se destacava era o das tradições. Então, pegamos nessa sugestão e decidimos que esse tema seria a nossa base de trabalho. E achamos por bem ir buscar um direito fundamental que existe na Lei de Protecção de Crianças e Jovens, que é muito esquecido: o Direito a brincar. Todos os anos tentamos fazer um apelo ou reavivar alguma memória, e queríamos alertar as pessoas sobre a importância do brincar.
Não estamos a alertar sobre a importância de brincar no digital. No entanto, estarmos a viver numa era digital, que tem uma extrema importância, e também não queremos que esta seja descontinuada, visto que seria um passo atrás pois. logicamente, o digital vai fazer sempre parte da nossa vida.
Queremos alertar sobre a brincadeira com o contacto com o outro, porque a partir daí vamos desenvolver os afectos, quer no real, quer no virtual. Por isso, fomos buscar a importância do brincar de outrora, ou seja, é importante pensarmos na trilogia da criança no passado, da criança no presente e da criança no futuro. Então, decidimos que o nosso tema seria ‘Jogos Tradicionais’.
A coreografia foi feita pela doutora Graça Ventura.

Brincar na rua é importante para as crianças?
O brincar na rua é fundamental. A criança para o seu desenvolvimento integral precisa do contacto com outra pessoa, precisa de sentir a terra e precisa de pular. Quando falamos neste tipo de brincadeira, estamos a falar no desenvolvimento integral da criança.

Como foram os ensaios para a Marcha do São João da Vila? Qual foi a periodicidade dos mesmos?
Os ensaios correram bem e foram muito engraçados. Quando começamos, logicamente fomos buscar muitas brincadeiras antigas, como o peão, o jogo da macaca, o jogo lencinho, o saltar à corda e ao berlinde. A nossa marcha leva professores, agentes de acção educativa e alunos e muitos desses jogos, os nossos alunos desconheciam, por exemplo, o jogo da macaca, foi o que nos deu mais trabalho. Muitos deles perguntaram também como se jogava ao berlinde! Foi deveras engraçado ver a reacção deles aos jogos que fomos apresentando. (risos)
Sobre a periodicidade, ensaiámos duas vezes por semana, à Terça-feira e à Quinta-feira. Como temos miúdos de várias freguesias, tivemos de treinar muito mais cedo e também somos um dos últimos grupos a começar.
Nem todos correram bem. No entanto, não levamos isto demasiado a sério, apenas levamos a sério o quanto baste. Sabemos que os nossos alunos que não podem ir a todos os treinos, ou há alunos que no dia a seguir ao treino têm testes, ou há alunos que estão no 12.º ano e estão em preparação para os exames. Ou seja, somos uma marcha muito particular. Nós temos de ser flexíveis.

Quais as cores predominantes das vossas vestes? Quem as fez?
Vai predominar o laranja, mas também temos o preto e o branco.
Na Comissão de Eventos, temos a professora Joana Canhão, que é a artista do grupo, por isso, a indumentária é pensada e decidida por ela. A partir daí, temos a costureira dona Arlete, que fez apenas o esqueleto, e tudo o resto é feito na escola. Tenho de ressalvar o trabalho de duas assistentes educativas, a dona Margarida Andrade e a dona Estrela Nicolau, e da professora Maria Paula Pires, que nos ajudaram muito na decoração. A dona Maria dos Anjos Costa fez a parte dos coletes dos rapazes. Também temos o apoio de toda a comunidade escolar, desde os marchantes, aos familiares até aos assistentes operacionais.

Os ensaios têm sido fáceis?
Têm corrido bem e têm sido fáceis. Temos miúdos que vão há algum tempo connosco. É assim, a nossa marcha tem uma particularidade: renovámos muito todos os anos, porque há muitos miúdos que acabam o secundário e vão depois para a universidade. Há miúdos que vão connosco desde o 8.º ou 9.º ano até ao 12.º ano. No entanto, há miúdos que nos pedem para continuar a integrar o grupo depois de terem finalizado o secundário, mas temos de dar prioridade a quem está na escola. Por vezes, temos a necessidade de ir buscar um ou outro rapaz, visto que os rapazes, por norma, são mais difíceis de encontrar do que as raparigas.
Este ano, por exemplo, a nossa marcha tem 120 elementos, ou seja, 60 pares. Esta tradição está implementada na nossa escola e, infelizmente, temos de ter critérios de selecção todos os anos, caso contrário não conseguiríamos.
Damos sempre prioridade a aqueles que estão no ensino secundário, visto que são aqueles que têm menos anos para participarem na marcha. Se depois houver alguma vaga, vamos buscar alunos do 8.º e 9.º ano. Além dos 120 marchantes, temos 10 meninos pequenos da primária que vão estar à frente.

E acredita que os jovens têm incutido o gosto pelas marchas?
Nitidamente! Por exemplo, às vezes, nós temos falta de rapazes no grupo e pedimos aos alunos para participarem. Aqueles que aceitam participar na nossa marcha, costumam regressar no ano a seguir porque gostaram da experiência.

Quem é a autora da letra? Pode citar um verso da letra?
Foi a professora Ana Torcato. E o autor da música é o professor Nuno Alves. Posso sim!
“Olha o lencinho vai na mão,
vai na mão, vai na mão,
vai cair é agora”.

Qual é a importância de haver marchas em São Miguel?
Desde já, faz parte de uma tradição e também mexe muito com o comércio. Temos 17 marchas este ano, 15 são de cá, uma é da ilha de Santa Maria e outra é composta por emigrantes.
As noites de São João mexem muito com a autarquia a nível de comércio. Além disso, estas festas são também uma atração turística, porque Vila Franca do Campo recebe muitos emigrantes nesta altura. As duas datas que marcam muito o nosso concelho são o São João da Vila e o Senhor da Pedra, também dão uma outra dinâmica.

Consegue, então, afirmar que as noites das Marchas do São João da Vila são as noites mais alegres do ano?
Sem dúvida! A noite de São João é a noite em que não se dorme, visto que é celebrado até às 6h da manhã, e também temos de tocar nas campainhas.

E como surgiu o seu gosto pelas marchas?
Surgiu desde sempre. Nasci em Vila Franca do Campo, faz parte da nossa cultura e do nosso sangue. Lembro-me da minha avó falar das Festas do São João de há vários anos, e dizia que havia as batalhas das rosas. Basicamente, as pessoas iam sempre para fora para fazer os piqueniques e os churrascos no dia do São João.
Há uns anos, havia muitas marchas que se reuniam no Cerrado dos Bezerros para fazer o piquenique da marcha, que acontecia depois de terem feito a marcha na noite anterior. Penso que isto já vem da tradição que a minha avó me contava.

A Câmara dá um apoio a cada uma das marchas para as despesas. É suficiente?
A Câmara dá um apoio e isso é somente para as fazendas. Na nossa marcha, as raparigas apenas pagam a costureira e o rapaz paga a camisa e outro adereço da indumentária. No entanto, nós, Comissão de Eventos, vendemos algumas rifas e fazemos sempre almoços e convívios entre professores e assistentes de acção educativa, para conseguimos angariar dinheiro que é revertido a favor da marcha. Isto tudo com um único objectivo: todos os alunos que queiram participam na marcha do São João, não fossem impossibilitados de participar por falta monetária. Preciso de realçar que, felizmente, toda a nossa comunidade escolar adere aos almoços e aos convívios.

Pretende acrescentar alguma mensagem no âmbito desta entrevista?
As pessoas que não deixem cair a tradição e que se divirtam. Não se esqueçam da nossa mensagem: vamos todos brincar, independentemente da idade. Nós somos sempre crianças, e temos de manter o espírito de criança e de brincadeira.

Filipe Torres
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