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Ribeira Grande, 1981.

A Ribeira Grande, a ordeira vila-cidade, fervilhava de expectativas em junho de 1981. A notícia de que a vila seria elevada a cidade, no dia 29, enchera os corações dos seus habitantes de orgulho e emoção. As ruas fervilhavam de atividades e preparativos para a grande cerimónia que marcaria uma nova era para o Município.
As janelas das casas e as ruas estavam ornamentadas com bandeiras, e os habitantes trabalhavam juntos para embelezar cada esquina. A praça central, onde outrora se erguia o Pelourinho, com o seu jardim vitoriano, era ponto de encontro dos habitantes e forasteiros, atraídos pela curiosidade do momento, e estava decorada a preceito, com o edifício camarário devidamente engalanado. Era ali que se realizariam as festividades principais, e todos queriam que estivesse perfeita.
O evento de elevação a cidade não era apenas um reconhecimento oficial, mas também um símbolo de progresso e desenvolvimento. Era de toda a justiça que a Ribeira Grande, a capital do norte, ganhasse o título de cidade. Muitos habitantes viam nessa transição uma oportunidade para atrair mais investimentos e melhorar as infraestruturas locais. Esperava-se que, com o novo status, a Ribeira Grande ganhasse maior visibilidade tanto dentro do arquipélago, como no continente português.
O povo na rua descrevia a atmosfera como eletrizante. “É como se toda a vila tivesse renascido. As crianças estão entusiasmadas, e os adultos parecem mais unidos do que nunca.
Este evento é um marco na história da nossa comunidade”.
Um emigrante que havia vivido toda a sua vida na Ribeira Grande, mas que emigrara há uns anos atrás para os Estados Unidos, não quis perder a ocasião e veio até ao seu berço natal para participar no grandioso acontecimento, via a mudança com um misto de alegria e nostalgia. “Ver o nosso crescimento e saber que seremos uma cidade traz uma sensação de orgulho, mas também de responsabilidade. Precisamos garantir que continuaremos a preservar nossa identidade e tradições.”
Apesar do entusiasmo generalizado, havia também “os velhos do Restelo” que questionavam a decisão de elevação a cidade e havia alguma apreensão quanto ao futuro. Algumas pessoas temiam que a elevação a cidade pudesse trazer consigo desafios inesperados.
Haveria um crescimento da população? Como isso poderia afetar o custo de vida e a dinâmica do Concelho, que já era considerado o mais desenvolvido da ilha em termos industriais? O aumento da urbanização poderia comprometer o meio ambiente e as belezas naturais que faziam da Ribeira Grande um lugar especial?
Um dos habitantes expressava alguma preocupação. “Estamos felizes, claro. Mas também precisamos pensar no que vem depois. A cidade precisa de planeamento para crescer de forma sustentável. Não queremos perder o que nos torna únicos.”
As autoridades autárquicas, cientes desses desafios, estavam empenhadas em garantir que o crescimento fosse bem gerido. Já se começava a idealizar alguns planos de ordenamento urbano para o futuro, tendo em vista traçar projetos para melhorar a infraestrutura, como estradas, escolas, serviços de saúde, tratamento dos resíduos sólidos, etc, tudo isto sem comprometer o património natural e cultural do Concelho e da Ilha.
À medida que o dia 29 de junho de 1981 se aproximava, a Ribeira Grande pulsava com uma mistura de ansiedade e esperança. A elevação a cidade era mais do que um título; era uma promessa de futuro, um convite ao progresso e uma responsabilidade compartilhada. O evento seria, sem dúvida, um ponto marcante na história da vila, marcando o início de um novo capítulo repleto de oportunidades e desafios.
Os habitantes da Ribeira Grande, unidos pelo amor à sua terra, estavam prontos para celebrar e enfrentar o futuro juntos, com a mesma determinação e espírito comunitário que sempre os caracterizou.

António Pedro Costa
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