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BAMandBOO com laboratório nos Açores vende produtos cosméticos naturais da Região e negoceia exportar para o Norte da Europa e Estados Unidos

Com sede em São Miguel, a BAMandBOO é uma empresa que vende produtos cosméticos que contêm ingredientes naturais da Região, como as algas, o chá ou o basalto. Fundada em 2017, a sede passou a ser nos Açores, com o objectivo de ter “produtos muito mais enraizados na Região”. Há dois meses, Francisco Camacho e Fernando Ribeiro decidiram abrir o seu próprio espaço físico em Lisboa, além de vender na sua plataforma e em vários espaços comerciais. Em entrevista ao Correio dos Açores, Francisco Camacho conta como surgiu o projecto, a opção de ter produtos cosméticos com ingredientes açorianos e a importância de ter uma Head of Science açoriana, Violante Pacheco de Medeiros.

Correio dos Açores – Como surgiu esta iniciativa empreendedora? Quais foram os primeiros passos que a empresa deu para chegar aos produtos que comercializa?
Francisco Camacho (co-fundador da BAMandBOO) – A história é relativamente longa. Começou em 2017 e já deu obviamente muitas voltas, como é muito natural em startups. Uma das coisas que vamos aprendendo quando estamos em projectos deste género é que à medida que vamos crescendo e aprendendo, vamos mudando e ajustando o modelo de negócio nas suas várias dimensões.
Quando a BAMandBOO nasceu em 2017, tínhamos três pilares fundamentais: primeiro, criar um negócio sustentável; segundo, fosse gerido a partir de Portugal para o mundo; e terceiro, resolvesse o problema do consumidor.
Na altura, o que fizemos foi criar uma empresa que vendia escovas de dentes de bambu em modelo de subscrição online. E foi assim que nasceu a empresa BAMandBOO: uma brincadeira entre amigos, sendo que cada um de nós tinha o seu trabalho do dia-a-dia. No entanto, depois de termos criado este projecto, tínhamos a ambição de um dia ficarmos 100% dedicados a isto.
Fomos crescendo dentro da gama do Oral Care. Em 2021, testámos a gama de Personal Care, ou seja, mais dentro da área de produtos de higiene. Em 2022, começamos mais a olhar para a necessidade de ter uma origem forte, porque vendíamos muito para fora de Portugal, cerca de 70%… Quase ninguém sabia que nós éramos portugueses! Também era intencional, o nosso objectivo sempre foi de chegar primeiro ao mercado estrangeiro por uma questão de escala. Para já, são mais sensíveis ao tema da sustentabilidade, e há muitos mais consumidores e com maior poder de compra. No entanto, temos uma grande quantidade de consumidores e de clientes bastante interessantes em Portugal.
Voltando ao início, em 2022, queríamos enraizar mais a marca em Portugal. Decidimos, em 2023, mudar a nossa sede para os Açores, e fizemos um reposicionamento da marca integral, não só na perspectiva da marca e de toda a história que a marca conta, mas também na tipologia de produtos. Passamos a ter produtos com ingredientes dos Açores, criamos um laboratório em São Miguel, contratamos uma equipa em São Miguel e passamos a ser a BAMandBOO Grounded Skincare, ou seja, a essência dos Açores.
É uma história com vários anos, e teve vários passos que nos levaram aonde estamos agora. Estamos muito seguros de que a decisão que tomamos foi muito importante porque sentimos que desde a implementação deste novo ADN na marca, a aposta tem sido vencedora. As pessoas gostam daquilo que nós estamos a fazer neste momento, há uma ligação muito forte aos Açores, quer seja em Portugal, quer seja fora de Portugal. No entanto, fora de Portugal há uma menor notoriedade sobre o que são os Açores, onde ficam e o que faz dos Açores ser tão diferente e tão especial. Isto é um trabalho que também faz parte da nossa missão: elevar o nome dos Açores além-fronteiras, e ajudar a Região a crescer no ponto de vista económica e no ponto de vista de notoriedade.
Temos equipa tanto em Portugal continental como nos Açores. Estamos cada vez mais enraizados na Região. Além das pessoas, dos ingredientes e de tudo aquilo que precisámos dos Açores, o objectivo, que por acaso já estamos a trabalhar, é de estabelecer parcerias com institutos e com a Universidade dos Açores, para fazermos desenvolvimento e investigação made in Azores (feito nos Açores). Mais uma vez, com um mundo global em perspectiva, visto que o nosso objectivo é ser sempre uma marca internacional que terá a sua presença em qualquer região de Portugal.
Porquê apenas produtos naturais dos Açores? Como surge esta ideia?
Todos nós, pessoalmente, conhecemos os Açores muito bem. Adoro a Região! Visito-a há muitos anos, tal como os meus sócios. Há uma ligação pessoal forte, temos amigos nos Açores e conhecemos bastantes pessoas nos Açores.
Então, começamos a pensar como tornaríamos isto algo diferenciador, especial para nós, significativa para o consumidor e que traga valor acrescentado para aquilo que existe no mercado. Os Açores têm uma conotação muito forte com bem-estar e com sustentabilidade. Isto já fazia parte de aquilo que era o ADN da nossa marca. Portanto, no fundo, aquilo que fizemos foi juntar o ADN da BAMandBOO, que já vinha desde 2017, com o ADN dos Açores. E assim, passamos a ter aquilo que consideramos que é um ‘casamento perfeito’. Com esta junção, por um lado, há um alinhamento estável entre aquilo que é o ADN das duas entidades, e por outro lado, do ponto de vista de desenvolvimento de produto, há ingredientes que são próprios dos Açores, que são únicos e que nos ajudam a criar uma proposta de valor diferenciadora e diferenciada. Há a vantagem da grande proximidade dos Açores com os Estados Unidos da América, e nós sempre tivemos a ambição de crescer nos Estados Unidos. Havia aqui uma série de factores e uma série de felizes coincidências que têm sido muito trabalhadas, que nos fazia sentido. Depois, tivemos a sorte de conseguir encontrar a equipa certa e as pessoas certas nos Açores, porque nem sempre é fácil devido ao menor número de mão-de-obra. Tivemos sorte de encontrar a nossa Head of Science, Violante Pacheco de Medeiros, que nasceu em São Miguel, vive em São Miguel e trabalha no nosso laboratório em São Miguel.

Quais são estes produtos naturais açorianos? Qual a sua utilidade?
Agora temos feito uma aposta muito grande em Skin Care, em produtos de pele essencialmente para o rosto. Lançamos recentemente quatro produtos da gama de ‘Natural Aging’, basicamente tem um creme de dia, um creme de noite, um sérum e um creme que pode ser utilizado dia e noite. Este é um produto criado à base de algas, ou seja, é uma composição que nós criamos e ao qual já temos uma patente submetida. Portanto, este é o nosso produto que diria que mais vive os Açores e o produto que mais mostra aquilo que nós enquanto empresa e que os Açores enquanto localização conseguem oferecer ao mercado. É um produto único, 100% natural, é um produto que tem ciência e muitos meses de investigação durante o processo, também pela experiência de mais de 25 anos da Doutora Violante Mederios, que tem uma PhD (doutoramento) em Biologia Molecular, pela Universidade de Freiburg, da Alemanha.
Temos também outros produtos como é o caso do ‘Face Scrub’, que tem a base de basalto vulcânico. O basalto é um subproduto da construção civil nos Açores, obviamente, cada vez que é preciso construir um prédio ou uma casa, é preciso fazer buraco, portanto, levantar a rocha. E essa rocha vulcânica é transformada em pó de basalto para depois ter outras utilidades. Nós achámos que era um ingrediente inacreditável e que funciona bastante bem no ponto de vista cosmético. Mais uma vez, é sustentável, é inovador, é diferenciador, é um ingrediente único nos Açores e reforça aquilo que é o nosso posicionamento enquanto marca: oferecer produtos açorianos e levantar o nome dos Açores. Nós tentamos ser os mais fiéis possíveis àquilo que é o nosso posicionamento enquanto marca. Os nossos clientes estão satisfeitos, gostam dos produtos, vêem a associação aos Açores como algo positivo e conseguem levar um bocado da essência dos Açores para as suas casas.
Qual o feedback dos clientes?
Os nossos clientes estão satisfeitos, gostam dos produtos, vêem a associação aos Açores como algo positivo e conseguem levar um bocado da essência dos Açores para as suas casas.
Como vendemos maioritariamente através da nossa plataforma online, temos contacto directo com os nossos consumidores, portanto, sabemos em tempo real a experiência de cada um dos nossos consumidores, quer seja positiva, quer seja negativa, quer seja mais ou menos.
O feedback tem sido muito positivo, quer do público português, que é um público que conhece os Açores, quer do público internacional. Aliás, esta semana, tive uma reunião com um distribuidor finlandês que gostava de vender a marca na Finlândia e na Suécia, porque gosta muito dos Açores e gosta da marca. Acho que há uma curiosidade enorme relativamente ao que estamos a fazer enquanto marca. Do ponto de vista estético, acho que gostam bastante daquilo que é da representação da marca e o que nós fazemos na parte da comunicação e do marketing. O nosso produto é bastante diferenciador, por exemplo, o nosso produto de algas cheira bastante a algas, porque tentámos que fosse o mais natural possível. Quando fizemos o produto, queríamos que tivesse os mesmos benefícios e os resultados na cara de qualquer pessoa que o utiliza, mas que ainda tivesse a essência dos Açores. Não tentámos disfarçar, assumimos isso. Até agora, o feedback tem sido bastante positivo.
Há sempre oportunidade de melhoria. Somos muito atentos às respostas dos nossos clientes. Tentámos fazer sempre na medida em que é possível e no menor espaço de tempo possível, corrigir imediatamente algo que poderá ser melhorado. Como somos uma empresa com uma escala pequena comparativamente com as grandes indústrias de cosmética, ainda temos a capacidade de conseguir retificar o produto e torná-lo cada vez melhor. E acreditamos que o caminho que estamos a seguir agora é um caminho que faz muito sentido para o futuro, especialmente com as gamas de produto que vamos lançar em breve que está dentro da nossa visão, mas para um segmento de produto de consumidor um bocado diferente. A primeira gama que lançamos foi para pessoas com mais idade e esta segunda gama que vamos lançar será para peles mais jovens.

Dentro dos vossos produtos, há o desodorizante natural. Como surgiu esta ideia?
O desodorizante natural é um projecto que tem uns 2 anos e meio já, porque tivemos cerca de 2 anos a desenvolver este produto. Porquê? A grande maioria dos desodorizantes que vemos no mercado, especialmente em supermercados e até mesmo em farmácias, não são desodorizantes. Na realidade, esses produtos são anti-transpirantes ou seja, até podem ser desodorizantes devido ao cheiro, mas são anti-transpirantes. Estes produtos são altamente nocivos para a saúde. Aquilo que quisemos fazer foi criar um desodorizante que funcionasse e que não é um anti-transpirante, ou seja, ele não inibe as nossas glândulas de transpirar. O processo de transpiração é uma forma do nosso corpo de libertar tudo aquilo que é suposto libertar. Os produtos de anti-transpiração bloqueiam essas glândulas, ou seja, as glândulas de secreção deixam de funcionar.
Este nosso produto levou bastante tempo para ser lançado, visto que é um produto sólido. Este produto tem que ter a consistência certa, caso contrário a experiência não é boa para o consumidor, ter a capacidade de desodorizar sem a utilização de produtos químicos nocivos, que é um desafio bastante grande. A embalagem é de cartão 100% reciclado, portanto, não há qualquer plástico utilizado neste produto. Com a junção destes três factores, faz com que este produto para ser eficaz seja um grande desafio para desenvolver. Temos estado a desenvolvê-lo e a melhorá-lo nos últimos dois anos e tal, mas ele só veio para o mercado após um ano e meio depois de vários testes, vários desenvolvimentos e de várias experiências até acharmos que tínhamos a consistência certa e o produto certo para ter sucesso no mercado.
A verdade é que continua a ser um desafio. Temos continuado a melhorar o produto após as interacções com os consumidores desta área e com este produto em específico. Estamos muito contentes com os resultados, mesmo que o desafio seja grande.
Os produtos naturais são muito mais difíceis de fazer. Como não utilizamos produtos químicos, afecta muita coisa, como a sua eficácia, a sua consistência, o seu aroma. Há uma dificuldade acrescida em garantir que a experiência de um consumidor seja positiva e eficaz, sem a utilização de produtos químicos nocivos. Uma grande parte da indústria que encontramos nos supermercados utiliza estes produtos. No caso do desodorizante, por exemplo, uma das primeiras coisas que acontece quando uma pessoa é diagnosticada com cancro, é a não-utilização de desodorizante com alumínio ou com produtos químicos e recomendam a utilização de produtos naturais. Nós queremos que os nossos produtos sejam bom para o ambiente e para a saúde das pessoas.

Como surgiu o nome BAMandBOO?
O nome surgiu de uma forma muito pessoal. O meu sócio Fernando Ribeiro tem uma filha que se chama Catarina. Ele tem a alcunha de Bam, enquanto ela tem a alcunha de Boo. Portanto, ficou BAMandBOO, porque queríamos que fosse algo familiar. A história do BAMandBOO é uma história pessoal, de uma família real, de uma relação de um pai com uma filha e que continua a viver no ADN da empresa.

Onde se pode comprar estes produtos? Pretendem ter alguma loja física
As pessoas podem comprar na nossa plataforma (https://thebamandboo.com). Há cerca de um ano e tal, começamos por entrar no canal físico em Portugal, como na Well’s, na Perfumes&Companhia e no canal de farmácia.
Abrimos a nossa primeira loja física há dois meses, no primeiro piso do Lx Factory, em Lisboa. Temos tido bastantes pedidos para abrir uma loja nos Açores, que ainda estamos a estudar a opção.

Filipe Torres

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