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“Os fardos que vamos encontrando”

1- Na celebração do dia de São Pedro, que é uma das maiores freguesias de Ponta Delgada, o Deputado e Presidente da Junta de Freguesia, José Leal, alerta para as chagas daquela freguesia que começam no desinteresse na participação cívica, assim como na existência de espaços vazios que se tornaram em “monstros” sem destino e sem futuro planeado, originando, assim, o crescimento da insegurança, que resulta na existência de muitas pessoas sem-abrigo, no crescimento do consumo de drogas e na prostituição que diariamente se pratica.
2- Trata-se de um cenário arrepiante, e para o qual é preciso delinear um projecto de mudança que tem de envolver o Governo e o Município. Recorde-se que em 1988 estava a decorrer a construção de um bairro económico nas Laranjeiras e o Governo, em conjunto com a Câmara, teve de alterar o projecto habitacional para que ele pudesse acolher uma parte substancial de moradias ao abrigo da autoconstrução, permitindo, desse modo, que se criasse uma osmose entre as famílias a quem se destinava o projecto, o que veio a ter o seu efeito.
3- A ausência de condições saudáveis numa freguesia como São Pedro, é um fardo que se carrega todos os dias, mesmo que em muitas circunstâncias não se dê pelo peso que ele representa.
4- É doloroso diariamente encontrar, ao entardecer, aqueles que buscam nos caixotes do lixo o que lhes falta para poderem matar a fome e os vícios que vemos estampados nos rostos, nalguns casos como que a pedir socorro. Precisamos de menos espectáculo e mais acção para quebrar as dependências que crescem a olhos vistos e que irão dentro de pouco tempo ter um impacto enorme nas gerações futuras.
5- Podemos apostar na transição energética, no investimento nas nossas indústrias, empresas e comércio, através dos fundos do PPR. Podemos apostar na redução de custos operacionais e potenciar as políticas de sustentabilidade, permitindo uma maior competitividade aos nossos produtos para exportação e para o mercado local.
6- Podemos ficar ludibriados com novos investimentos que vão aparecendo na Região, assim como com o turismo que vamos tendo, muito dele de “mochila” às costas, e recorrendo diariamente ao supermercado.
7- Podemos sonhar de forma imaterial, porque o sonho comanda a vida, mas não nos podemos esquecer que ele requer, depois, alguém que o transforme em realidade, cuidando, em primeiro lugar, da educação para termos nas futuras gerações, cidadãos responsáveis e empreendedores para darem continuidade ao passado e ajustando o futuro à evolução que vai havendo em várias vertentes. No mesmo plano, temos a saúde em todas as vertentes incluindo os sem-abrigo e os que fazem vida da droga que consomem. Precisamos de agir enquanto é tempo.
8- Depois, temos um grande obstáculo que vamos encontrando no decorrer do tempo, porque esquecemos as pessoas, o que elas foram, e o que são agora, assim como o contributo que deram à sociedade como activos e que, no fim de vida, precisam de quem lhes possa garantir o apoio necessário, e não conseguem, embora no passado recente tenham contribui para a sociedade, vendo-se agora rejeitados e, por vezes, colocados numa qualquer “cocheira”.
9- Temos uma população que vai envelhecendo e não tem a quem recorrer. Os serviços públicos são lentos e os meios físicos são escassos, e além da política de saúde é preciso incluir a política social necessária para acudir a quem não pode ficar à beira da estrada, aguardando alguém que lhe acuda.
10- Por último, é preciso uma política de mobilidade que não se resuma à mobilidade aérea e marítima, embora seja necessário ter em conta o serviço de transporte marítimo que tem gerado dificuldades na recepção de mercadorias em diversas ilhas, o que leva a que se coloque na primeira linha o problema da capacidade portuária, sobretudo em São Miguel, isto sem esquecer a mobilidade terrestre, que está sem “rei nem roque”.
11- Várias estradas estão a pedir “revisão” e o transporte de pesados precisa ser controlado quanto ao peso da carga que transporta e falta de uso de cobertura para prevenir as poeiras dos produtos transportados.
12- Estas são questões que podem não fazer parte das agendas políticas, mas temos a certeza que fazem parte das agendas pessoais, tal como aquele testemunho de José Leal, que sente na carne os verdadeiros problemas das pessoas e com que abrimos este Editorial!

Américo Natalino Viveiros
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