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Câmaras de Comércio dos Açores“desiludidas” com a nomeação de Rui Coutinho para presidente da SATA

A nomeação do antigo director regional dos Transportes Aéreos e Marítimos Rui Coutinho, que foi também director regional da Mobilidade, anunciada pelo Governo Regional não foi bem aceite pelas câmaras do Comércio dos Açores.
A Câmara do Comércio e Indústria da da Horta (CCIH) considera que esta nomeação foi uma decisão “puramente política” e a Direcção da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), que reagiu com “perplexidade e desilusão”, fala de um “retrocesso técnico e civilizacional de 10 anos”. Já a actual Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas, Berta Cabral, absteve-se de comentar as reacções em torno desta nomeação.
Em declarações ao jornal, o presidente da CCIH, Francisco Rosa, explica: “o nosso intuito não é o de julgar a pessoa em causa, mas por o seu último cargo ter sido político, consideramos que esta foi uma nomeação puramente política”. E continua: “A Sata Precisa de uma gestão profissional, de uma administração que tenha a capacidade efectiva de a colocar patamar que consideramos que deve estar sem ter custos para os açorianos”, acrescentou.
Quanto à ligação à empresa francesa VINCI, Francisco Rosa afirma que “haverá uma certa incapacidade” por parte do novo director da SATA “pois muitas vezes vai estar a julgar em causa própria e isso não é compatível com uma empresa desta natureza.”
Segundo apuramos, ainda esta semana será emitido um comunicado conjunto da Câmara de Comercio e Indústria da Horta e da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada com o parecer final em relação à nova direcção da companhia aérea açoriana.
Também a Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCAH) disse que “não pode deixar de se juntar ao sentimento de perplexidade e desilusão que invade todos os açorianos, depois de ter estado nos últimos meses à deriva”, começa por dizer a direcção da CCAH no comunicado enviado ontem aos órgãos de comunicação social.
Neste mesmo documento, acusam a falta de imparcialidade do novo director do grupo SATA, que é funcionário do grupo VINCI, uma empresa que gere aeroportos nacionais e internacionais e, como afirma a CCAH, tem por objectivo “maximizar a exploração dos aeroportos sob a sua alçada, com um claro prejuízo para a Ilha Terceira, o seu aeroporto e as ligações ao exterior”.
E continuam lamentando que “numa altura em que a nossa companhia aérea necessitava de uma liderança assertiva, determinada, robusta e tecnicamente decredível, somos todos surpreendidos pelo contrário. Uma decisão política, tecnicamente desconhecedora e ferida de morte ao nível da sua credibilidade para o desempenho da função, considerando que o nomeado é funcionário do grupo VINCI, empresa que gere alguns dos aeroportos regionais e nacionais.”
E esclarecem: “Não está, pois, em causa a idoneidade da pessoa nomeada, mas sim o perfil para o cargo, ou melhor, a sua desadequação para o cargo de CEO do Grupo SATA, por se encontrar ferida do dever de imparcialidade, precisamente por ser empregado da VINCI.”. E continuam: “Estamos perante uma pessoa que será indubitavelmente colocada perante a impossibilidade prática de cumprir o dever de lealdade entre dois patrões – Governo Regional e VINCI – com interesses empresariais existentes e completamente antagónicos. Desconfiamos que as escolhas que o novo CEO da SATA terá de fazer nos próximos meses serão certamente difíceis…”
Segundo a Direcção da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, Rui Coutinho “terá um imenso constrangimento em agradar a ‘Gregos e Troianos’ e, por isso, não pode assegurar total isenção nas decisões que impliquem a melhor utilização da rede de aeroportos e destinos do Grupo SATA, pois podem ir contra o natural negócio e interesses da VINCI, que é o de maximizar a exploração dos aeroportos sob a sua alçada, com um claro prejuízo para a Ilha Terceira, o seu aeroporto e as ligações ao exterior. Facto que nos deixa uma enorme preocupação.” E adiantam ainda que uma vez que o antigo director regional dos Transportes Aéreos está “exercer a funções num cargo em que está a prazo, é natural assumirmos que nada mais fará do que agradar ao seu verdadeiro e único patrão (VINCI), facto que já era visível no seu desempenho como director regional, de onde não se conhece uma única decisão que não tenha sido a de aprofundar as desigualdades entre ilhas dos Açores, nomeadamente ao nível dos transportes marítimos e aéreos.”
A CCAH exorta a anterior gerência do grupo SATA e afirma que esta nomeação representa um retrocesso para a empresa: “depois de um período em que a companhia foi gerida com competência e conhecimento técnico, esta nomeação representa um retrocesso técnico e civilizacional de 10 anos, levando-nos para os tempos em que decisões ruinosas como a presente levaram a companhia para onde ela infelizmente se encontra neste momento agonizante”
Para além disso, demonstram preocupação pela “nomeação de um ‘conselho estratégico’, do qual se depreende que não foi ponderado na decisão da sua nomeação o facto de o novo CEO da SATA dever ter uma visão estratégica e empresarial para o grupo com vista à sua recuperação” afirmam. E prosseguem criticando a posição da tutela que afirmam ter usado o conselho estratégico da SATA para se eximir das suas responsabilidades: “este ‘conselho estratégico’ é antes um aligeirar de responsabilidades por parte da tutela, pois nada acrescenta e só vem causar ruído, sendo apenas mais uma voz a pronunciar-se sobre assuntos que desconhece, em matérias que deveriam ser discutidas internamente pelos profissionais do sector, e quem sabe a intrometer-se na gestão da companhia através da emissão de pareceres ou recomendações, cujo “estatuto” os obriga a serem ouvidos pelo Conselho de Administração”, explicam.
Apesar das preocupações expressas, a CCAH acredita na “resiliência dos seus profissionais e consequentemente na capacidade de recuperação da nossa SATA. Com um processo de privatização conduzido de forma transparente e realista”. E aguardam que a SATA (S4) e os serviços de handling possam, em breve, “transitar para as mãos dos privados, sob uma administração com cariz técnica e profissional. Este passo será crucial para garantir a sustentabilidade e o crescimento contínuo do grupo empresarial, assegurando que continuem a servir os Açores e os açorianos com excelência e dedicação.”
Recorde-se que, na passada Sexta-Feira, a secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas, Berta Cabral, disse que Rui Coutinho “conta com uma experiência de vários anos no sector da aviação e transporte”, e ainda relembrou que este desempenhou funções de chefe do departamento de Operações Aeroportuárias do Aeroporto de Ponta Delgada, foi director do Aeroporto de Santa Maria e chefe de Divisão de Planeamento, Gestão e Controlo da Direcção dos Aeroportos dos Açores, sob gestão da ANA Aeroportos de Portugal, “tendo coordenado as áreas de planeamento e controlo de gestão, investimentos, marketing, licenciamento, ambiente e sistemas de informação”, disse. Quando contactada pelo nosso jornal para comentar as reacções à nomeação do novo Presidente da Sata, a governante absteve-se de falar remetendo os seus comentários para o que já havia dito. D.C.

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