O sentimento que, para mim, expressa melhor a escolha do novo “líder” do Grupo SATA é a desilusão. Não conheço o cavalheiro, pode até ser uma excelente pessoa, mas só agora é que ouvi falar dele. Provavelmente, será por eu ser muito mais velho.
Mas, só o facto de ele já ter estado ligado à mobilidade dos açorianos, por ter sido o seu Director Regional, e até pela celeuma que tal matéria motivou sem que ele tivesse aparecido na “ribalta”, faz-me pensar que é um daqueles homens do sistema que não “levantam ondas”. Em meu entender, vai continuar tudo na mesma.
Fazendo fé naquilo que veio a público, penso que o facto de ele ter trabalhado no aeroporto de Santa Maria e no aeroporto de Ponta Delgada não lhe confere a especialização necessária para gerir empresas aéreas e muito menos grupos de empresas daquela área.
Como que para provar a impreparação do agora nomeado CEO da SATA SGPS, aparece também a notícia de que ele irá ser “assessorado” por um Conselho Estratégico composto por sete ou nove elementos. Mais jobs for the boys!
É caso para perguntar, isto está tudo doido, ou é impressão minha?
Sou do tempo em que a “Satinha”, como era carinhosamente chamada pelo povo a hoje intitulada Sata-Air Açores, dava lucro ao Grupo Bensaúde. Naquele tempo, era gerida por pessoas que, não sendo experts em matéria de aviação, sabiam que, quando determinada rota não desse lucro, das duas uma: – ou era reduzida a frequência dos vôos, ou, pura e simplesmente se deixava de voar para lá. Por outro lado, em termos de pessoal, as tripulações eram as legalmente exigidas e estritamente necessárias.
Tenho consciência de que os tempos eram outros e que, também naquele tempo, havia a alternativa do transporte marítimo entre S. Miguel e as demais ilhas do arquipélago. Hoje não existe tal facilidade, a não ser no grupo central.
Voltando ao novo CEO da Sata Holding, não prevejo que seja homem para melhorar a situação financeira do grupo. Isto porque, sendo ele um homem comprometido com o sistema, a política que seguirá será idêntica à seguida até aqui. Ou seja, a teimosia na manutenção de certas rotas, por uma questão de prestígio e para dar visibilidade à região, independentemente do custo.
Cabe aqui perguntar, quanto irá custar ao grupo SATA esta alteração na Administração do grupo?
Qual será o impacto salarial e respectivas benesses do novo CEO e do Conselho Estratégico?
Seria bom que os novos administradores, após a tomada de posse, apresentassem ao governo um relatório onde constasse o que, financeiramente falando, encontraram à sua entrada em funções, bem como, ao fim dos primeiros 90 dias de mandato, um novo relatório do exercício.
A este propósito devo dizer que tanto o presidente do CESA, Dr. Gualter Furtado, como o Director Regional do Tesouro, Dr. José António Gomes Vieram chamar a atenção da situação financeira da Região que, embora ainda não se possa falar de ruptura, é altamente recomendável a contenção de despesas, bem como evitar o recurso ao crédito bancário.
Cabe aqui uma palavra de concordância com a Comissão de Trabalhadores da SATA Air Açores que foi frontalmente contra tal nomeação, alegando a falta de experiência do nomeado em empresas de aviação, justamente por não ser igual ao trabalho desempenhado por ele no aeroporto de Ponta Delgada.
Todos temos consciência da importância que o Grupo SATA tem para os Açores. Todavia, não podemos continuar a pagar prejuízos causados pela incompetência das várias administrações que por aquele grupo têm passado. Tudo tem um fim!
Os nossos impostos já não aguentam mais!
Carlos Rezendes Cabral
P.S. Texto escrito pela antiga
grafia.
30JUNHO2024