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Partidos e técnicos querem mais clareza na explicação das causas do incêndio e saber que projectos há para resolver a situação do HDES

O incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada tem levantado vários questões, nomeadamente no que respeita às acusas do mesmo, com o Governo a dizer que a causa principal teve a ver a origem do incêndio está associada a falência de equipamentos, nomeadamente nas baterias dos condensadores existentes no compartimento técnico por baixo do grupo de geradores, localizado no piso 1 do hospital.
A Secretária da tutela referiu que: “Aguardamos o relatório técnico detalhado, que carece de uma maior densificação técnica.
Contudo, uma vez que decorre um processo inquérito e averiguações pela Polícia Judiciária, o CA do HDES no passado dia 27/06 enviou um requerimento ao Juiz de Instrução criminal a solicitar a junção aos autos deste num relatório.
No âmbito do processo que decorre, e uma vez que o hospital tem o dever legal de facultar toda a informação à PJ e MP, a tutela subscreve a decisão tomada”.
Na sequência destas declarações, José Miguel Toste realçou, ontem, que o Governo Regional da coligação PSD/CDS/PPM “continua a esconder informação sobre o incêndio e a reconstrução do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES)”, em Ponta Delgada.
Os socialistas entregaram um requerimento ao Parlamento dos Açores, solicitando os relatórios que o Governo Regional “continua a não divulgar”, embora vá dizendo que é “um Governo dialogante e transparente”.
“O Governo tem em sua posse uma série de relatórios sobre o incêndio e o processo de recuperação do HDES, simplesmente não os divulga, o que indicia que tem algo a esconder. Porque nos preocupa a recuperação do HDES e as respostas de Saúde aos Açorianos, solicitámos cópia do Relatório de Progresso elaborado pelo Grupo de Trabalho do Governo Regional, do Relatório de Incêndio da Corporação de Bombeiros de Ponta Delgada, do Relatório Final do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) relativo às condições infraestruturais do HDES e do relatório Técnico de Averiguação das causas do incêndio do HDES, elaborado pelo Conselho Diretivo dos Açores da Ordem dos Engenheiros”, adiantou José Miguel Toste.
José Miguel Toste apontou como exemplo desta postura pouco transparente o facto do Grupo de Trabalho criado pelo Governo Regional, presidido pela Secretária Regional da Saúde e Segurança Social, ter tido como data limite a apresentação de um relatório a 31 de maio, um relatório solicitado pelo PS “há um mês atrás na Comissão de Assuntos Sociais”, mas que “nunca foi entregue no Parlamento”.
O Parlamentar socialista lembrou que o Governo Regional tem em sua posse, desde o início da semana passada, um Relatório Técnico de Averiguação das causas do incêndio do HDES elaborado pelo Conselho Directivo dos Açores da Ordem dos Engenheiros, cujo teor “não foi ainda divulgado”.
“Mas há outros exemplos. No dia 4 de junho, há precisamente um mês atrás, a Secretária Regional, Mónica Seidi, comprometeu-se a remeter à Comissão de Assuntos Sociais, o Relatório de Incêndio da Corporação de Bombeiros de Ponta Delgada e o Relatório Final do Laboratório Regional de Engenharia Civil relativo às condições infraestruturais do hospital. Nunca o fez. É de uma enorme falta de transparência e só acrescenta falta de credibilidade a este Governo Regional, que esconde informação dos Açorianos”, frisou o deputado do PS/Açores, José Miguel Toste.
Já ontem, no âmbito dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Assuntos Sociais e na sequência também do incêndio, o Grupo Parlamentar do CDS-PP visitou o HDES, tendo o deputado centrista Pedro Pinto afirmado que foi possível constatar o esforço notável dos funcionários do hospital e do seu Conselho de Administração para retomar a normalidade das operações com foco na segurança do atendimento aos utentes do Serviço Regional de Saúde. “O compromisso de garantir a continuidade dos cuidados de saúde, mesmo perante as adversidades, é evidente”.
Para mitigar as limitações no atendimento nas actuais instalações do HDES, várias unidades de saúde do sector social e privado na ilha de São Miguel, bem como os hospitais da Terceira, do Faial, da Madeira e em território continental, têm colaborado de forma sinérgica no atendimento e internamento em diversas especialidades. “Este esforço conjunto assegura que os utentes da ilha de São Miguel continuem a receber os cuidados necessários, independentemente das restrições atuais no HDES”, destacou Pedro Pinto.
O parlamentar referiu ainda que “o Conselho de Administração do HDES informou que está em elaboração um programa funcional para o hospital, com conclusão prevista para o próximo mês de Outubro”.
A conclusão deste programa permitirá o avanço para a elaboração do projecto de um novo hospital. Até lá, o Conselho de Administração está empenhado em ampliar os serviços clínicos disponíveis nas instalações actuais, com destaque para a instalação de uma estrutura modular na zona do heliporto que aumentará a capacidade de internamento e apoio à cirurgia. Também esta semana, o Bloco de Esquerda (BE) exigiu que o governo regional explique exactamente o que é que está a impedir a reabertura do serviço de urgência, do bloco operatório, do bloco de partos e dos cuidados intensivos do Hospital de Ponta Delgada. António Lima considera que tem havido muita falta de transparência por parte do governo, que ainda não entregou o relatório dos danos do incêndio ao parlamento, não tem cumprido os prazos anunciados, e não tem explicado à população as suas decisões.
“Sabemos de todos os problemas que o hospital tinha, mas mesmo com esses problemas, a capacidade de resposta era muito superior ao que está a ser planeado com o hospital modular”, por isso, o governo tem que explicar muito bem “o que é que impede que reabram os serviços do hospital, como o bloco operatório, a unidade de cuidados intensivos e a própria urgência”, disse António Lima, citado na nota enviada às redacções.

Outras posições sobre o incêndio
há dois meses
Também ontem, a Antena-1 Açores fez uma especial informação, dirigido pela jornalista Margarida Pereira, em que o tema em análise foi o HDES e as consequências para as populações após dois meses da tragédia. Na ocasião, debateram o problema Mónica Seidi, Secretária Regional da Saúde e Segurança Social, Engenheiro João Mota Vieira, um dos responsáveis pelo relatório das causas do incêndio no HDES, Margarida Moura, responsável pela gestão de vagas no HDES, Guilherme Figueiredo, Director da Clínica CAL, Eunice Pires, coordenadora de comissão de catástrofes do HDES, Pedro Soares, Presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores e Carlos Ponte, Presidente da Ordem dos Médicos nos Açores.
O engenheiro João Mota Vieira, um dos dois responsáveis pelo relatório das causas do incêndio no HDES, afirma que não confirma as declarações da secretária da saúde e acha que a Mónica Seidi “está a utilizar um outro relatório que não o nosso”. O engenheiro adianta que “não confirma que o incêndio se deu na bateria dos condensadores” e que “nem sequer conhece esse equipamento”.
Mónica Seidi afirma que quando o relatório se tornar público, está lá escrito que uma das causas do incêndio se deve a uma falha de equipamento técnico, nomeadamente a falha da bateria dos condensadores. E explica que é falso que o hospital modular vem substituir a função do HDES. A secretária de saúde diz que “é falso que haja um excesso de mortalidade na região”.
João Mota Vieira reclama também com a construção de estruturas provisórias: “o Hospital de Ponta Delgada já tem estruturas provisórias. Na porta de urgência, já há duas cabanas que não vão sair. Montamos uma estrutura provisória e que se torna definitivas. Estas cabanas foram feitas na altura da COVID”.
Carlos Ponte, Presidente do Conselho Médico, afirma que deveria ter havido uma sensibilização dos açorianos perante os problemas enfrentados nos últimos dois meses: “É importante dizer que deveria ter havido uma certa sensibilização da comunidade açoriana da limitação que fomos confrontados perante o incêndio. Constatamos na nossa prática clínica, nós Ordem, em vários níveis, que as pessoas não sabem bem o que implicou a redução e a inoperabilidade do Hospital de Ponta Delgada, que é um hospital de fim de linha”.
Eunice Pires, coordenadora de comissão de catástrofes do HDES, explica que o dia 4 foi “o dia em que já estava planeado uma missa com a parte da celebração eucarística. A activação do gabinete de crise foi essencial porque já estavam lá as pessoas para a activação desse gabinete de crise, como a presidente do Conselho de Administração do HDES, a directora clínica, o director de enfermagem”.
Pedro Soares, Presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores, diz que é irresponsável “colocar a hipótese de voltarmos praticamente a 100% no imediato a aquelas instalações”, visto que isso seria esquecer aquilo que era o HDES no dia 3 de maio.“O serviço de urgência no hospital de Ponta Delgada nos últimos anos já funcionava acima das suas capacidades”, explica.
Margarida Moura, responsável pela gestão de vagas no HDES, afirma que não se deveria ter acabado com a exclusividade dos médicos e que deveria “existir dedicação exclusiva, dedicação plena e um contrato puro e simples de trabalho”
Guilherme Figueiredo, Director da Clínica CAL, mantém a ideia de que a CUF deveria ficar com o Serviço Regional de Saúde.
N.C./F.T.

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