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Conservadores ou Reaccionários?

Com a recente edição do livro “Identidade e Família –Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”, voltou à discussão pública termos como Conservadores ou Reaccionários.
A obra foi coordenada pelos quatro fundadores do “Movimento Acção Ética” – António Bagão Félix, Pedro Afonso, Paulo Otero e Victor Gil.
O livro centra-se nos valores da família , como núcleo natural, intemporal e universal, que não se modificam apesar das alterações constantes da sociedade.
O livro conta com o contributo de vinte e duas figuras públicas, desde Manuela Ramalho Eanes, Guilherme de Oliveira Martins, Jaime Nogueira Pinto, João César das Neves, Isabel Galriça Neto ou José Ribeiro e Castro.
Personalidades que no seu conjunto têm contribuído para um perfil ético da vida em sociedade.
Salientando em particular a instituição familiar, como foi realçado pela imprensa em geral.
Esta obra despertou no universo da comunicação social e dos comentadores diversos comentários, entre os quais se entre os protagonistas do livro seriam todos conservadores ou seriam alguns apenas reaccionários.
Entre os conservadores e os reaccionários, existem diferenças, nomeadamente no que aos respectivos posicionamentos políticos e ideológicos respeitam.
Como se sabe os conservadores tendem a valorizar a tradição, a estabilidade e a ordem social.
Procuram preservar as instituições e práticas estabelecidas, resistindo muitas vezes a mudanças rápidas e radicais na sociedade.
Valores como a família, a propriedade privada, a segurança ou a autoridade, estão entre os princípios fundamentais do respectivo código de conduta.
Por outro lado, os reaccionários são mais radicais e extremistas na luta contra mudanças sociais ou políticas.
Recorrendo a medidas drásticas e autoritárias, no sentido de reverterem o que entendem ser a degradação da ordem estabelecida.
Nos intervenientes no livro e após uma análise mais profunda é flagrante a diferença entre os reaccionários e os conservadores.
Enquanto alguns procuram preservar valores tradicionais, não rejeitam de todo mudanças, logo que respeitem os direitos humanos, outros adoptam abordagens mais radicais e dogmáticas em defesa de ideais do passado.
Enquanto a maioria dos autores defendem os valores democráticos da Revolução do 25 de Abril de 1974, existem outros que sem tibiezas se opõem.
Têm papéis distintos na vida política, reflectindo uma diversidade de posições e ideologias na sociedade lusa.
Entre outras questões fracturantes a reacção crítica veementemente, sem concessões, a chamada ideologia de género, uma vez que tem um impacto tremendo na família e na educação, não sendo promotora da liberdade, antes pelo contrário procura impor um novo modelo de pensamento único.
São claramente contra as aulas de cidadania, uma vez que estão a ser centradas na ideologia do género e em valores contrários à estabilidade da família.
Calcula-se que dos cerca de 18 % de portugueses que votaram nas últimas eleições para o Parlamento de Portugal no partido populista da direita radical ou extremista de direita, sensivelmente 10 % fizeram-no não por mero protesto, mas porque surgiu “alguém” que se apresentava com um discurso que mais se aproximava das convicções ancoradas no anterior regime que vigorou até 24 de Abril de 1974.
São reaccionários convictos e inimigos perpétuos da Democracia e do Liberalismo.
Os restantes 8% não são inimigos da Democracia e da Liberdade, apenas estão desiludidos e descontentes, tendo encontrado no tal partido populista a válvula de escape que lhes escapava.
Outros são conservadores, não encontrando no partido ou partidos onde militavam ou simpatizavam, respostas para os seus ideários que valorizem mais consistentemente a tradição, a estabilidade e a ordem social.
Por outro lado, ainda existem outros cidadãos que têm designado de “cultura da morte” a certos temas muito em voga na sociedade, como sejam a eutanásia e o aborto.
Esquecem, muitas vezes estes respeitáveis conservadores, que existem outros riscos recentes que ameaçam a vida da Humanidade com amplitude apocalíptica como seja o nuclear.
Nunca o Mundo esteve a viver momentos com alto grau de perigosidade, como na actualidade.
A segurança global corre sérios riscos com a disseminação de armas nucleares por países ou até por grupos extremistas.
As tensões e os conflitos geopolíticos entre estados nucleares e a existência de regiões instáveis, como a Ucrânia e o Médio Oriente, ou até no mar do sul da China, têm aumentado o risco de um confronto que possa levar à utilização potencial de armas nucleares.
Há que envidar todos os esforços, olvidando-se posições quer sejam reaccionárias ou conservadoras, privilegiando-se a busca por soluções diplomáticas que potenciem a redução das tensões e consequentemente a neutralização de eventuais cenários de escalada nuclear.

António Benjamim

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