A propósito da nomeação de Rui Coutinho para CEO da SATA Holding, escrevi na passada semana que tudo iria continuar na mesma, por ele ser um homem do sistema, que não iria “levantar ondas”, até porque já tinha sido Director Regional para a mobilidade, etc.
Com a audição daquele senhor à Comissão de Economia da Assembleia Legislativa Regional, ficamos todos a saber que, aquele responsável, quer “passar uma borracha no passado” e começar de novo em moldes completamente diferentes aos que têm vigorado até aqui.
O anúncio feito por Rui Coutinho que iria acabar com as rotas deficitárias, que iria reduzir o número de directores, que iria aumentar a capacidade de alguns aviões, bem como o número de vôos pela mesma tripulação como faz a Ryanair; que iria reduzir para o mínimo os ACMI’s; que iria fechar lojas; que iria promover as vendas a bordo, etc., tudo isto foi “música” para os ouvidos daqueles que sempre pugnaram pela viabilização do grupo SATA como é o meu caso.
Foi pena que, aquele senhor, na lista de reformas a efectuar, não tivesse feito qualquer referência aos aeroportos que a nossa companhia aérea escala para servir a nossa diáspora, nomeadamente o aeroporto de Boston. Diz quem sabe que, o aeroporto de Providence serviria melhor a nossa comunidade, para além de ser mais barato do que o de Boston.
Mas, algumas perguntam se levantam:- será que o accionista não irá levantar problemas a esta acentuada reforma de procedimentos? Será que as comissões de trabalhadores e os sindicatos, em especial os ligados ao pessoal de vôo, irão aceitar de “ânimo leve” tais alterações sem entrarem em greve ou coisa parecida?
Graças a Deus sempre tive jeito para gerir e vão ver o gestor profissional que eu sou. Em meu entender, estas palavras, ditas por Rui Coutinho à Comissão de Economia da ALRA, e transcritas no Correio dos Açores do passado dia 6, não deviam ter sido ditas por aquele senhor, porque está sendo “juiz em causa própria”. A apreciação da competência, ou falta dela, normalmente é feita por terceiros e nunca pelo próprio.
De resto, no meu trabalho da semana passada, faço referência aos gestores da Sata quando esta fazia parte do Grupo Bensaúde. Naquele tempo, só interessava saber gerir e ter lucro no final do ano. Ter super-sumos em aviação nos seus quadros, era coisa para a TAP porque era grande.
Mas, como em tudo na vida, estas mudanças irão ter custos que terão de ser suportados por quem viaja. Falando claramente e para que todos me percebam:- as passagens de, por exemplo, 134 euros de ida e volta a Lisboa, vão ter de aumentar porque, ao que parece, já não aumentam desde 2015. Por outro lado, os pressupostos para o cálculo das ditas já não são os mesmos de há nove anos.
A este propósito, costumo dizer e tenho-o escrito várias vezes que, só viaja quem pode porque, quem necessita de viajar por doença, o Serviço Regional de Saúde acautela essa possibilidade.
Como o Senhor Rui Coutinho, acerca da sua transferência da VINCI para a SATA fez uma alusão ao futebol, gostaria de lhe dizer sobre a sua actuação que, prognósticos só no fim do jogo. Portugal tem uma das melhores selecções de futebol do mundo e com uma posição invejável no “ranking” internacional, mas perde com equipas supostamente mais fracas. Viu-se agora.
Para terminar, gostaria de cumprimentar o senhor Rui Coutinho pela coragem que teve em apresentar aos deputados da Assembleia Legislativa Regional a suas linhas de pensamento sobre a “revolução” que pretende fazer num dos pilares da autonomia que dá pelo nome de SATA. Espero que tudo corra conforme ele pretende.
Para bem de todos nós.
Carlos Rezendes Cabral
P.S. Texto escrito pela antiga
grafia.
7JULHO2024