Uma das intervenções que maior polémica levantou foi a da Secretária Regional da Saúde e Segurança Social porque entendem os partidos que não estão no Governo que devia haver mais explicações sobre os processos de desenvolvimento daquela unidade Hospitalar. No uso da palavra, Mónica Seidi disse que recai sobre o Governo da coligação a “decisão política” da recuperação do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), acção que vai decorrendo com “visão e estratégia” e acautelando o interesse dos açorianos.
As questões da saúde voltaram ontem a estar em debate na Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Uma matéria em que todos os deputados concordam que é necessário haver projectos e estratégias para uma melhor saúde dos açorianos, mas nesta sessão em específico esteve em discussão o Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, nomeadamente a recuperação do mesmo, e é neste contexto de que se dividem as opiniões do que deve ser o novo hospital e que celeridade deve ter.
Uma das intervenções que maior polémica levantou foi a da Secretária Regional da Saúde e Segurança Social porque entendem os partidos que não estão no Governo que devia haver mais explicações sobre os processos de desenvolvimento daquela unidade Hospitalar. No uso da palavra, Mónica Seididisse que recai sobre o Governo da coligação a “decisão política” da recuperação do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), acção que vai decorrendo com “visão e estratégia” e acautelando o interesse dos açorianos.
A governante sublinhou que está em causa um edifício com 27 anos “com fragilidades identificadas a nível da estrutura física”, e garante a necessidade de redimensionar e modernizar o HDES, transformando-o numa estrutura hospitalar “humanizada”, com um “ambiente que previna a doença, acelera a cura e promova o bem-estar” para utentes e funcionários. Para tal, Mónica Seidi afirma que o Governo Regional dos Açores, terá, em breve, “um plano funcional”.
O plano em causa prevê a renovação do bloco operatório, a reorganização da cirurgia ambulatória para incluir robótica e video-cirúrgia avançada, a remodelação do serviço de urgência para um modelo ‘open space’ modular, com uma urgência pediátrica autónoma, e a ampliação da Unidade de Cuidados Intensivos com a construção de uma unidade de cuidados intermédios. Além disso, está em vista a reorganização e ampliação da consulta externa polivalente, a modernização das enfermarias e actualização da eficiência energética do edifício, com o objectivo de criar um “Hospital Verde Auto-sustentável”. ´
“Cientes do momento difícil que o Serviço Regional de Saúde atravessa, o Governo Regional entende que todos os partidos políticos devem ser envolvidos na solução, respeitando naturalmente a actividade fiscalizadora dos mesmos sob a acção governativa. A apresentação aos partidos políticos do projecto do hospital modular, acontecerá já no próximo dia 17, Quarta-feira. É entendimento do Governo Regional que os mesmos deverão ter conhecimento pormenorizado do investimento a realizar e que mete sempre em primeiro lugar os nossos utentes”, afirma a governante.
Do lado socialista, Sandra Costa Dias criticou a gestão do Governo Regional (PSD-CDS-PPM) pela falta de transparência e clareza nas decisões sobre o HDES e afirmou que para o PS é “urgente garantir cuidados de saúde seguros dignos e em tempo útil aos Açorianos”.
A deputada recordou: “Só após toda esta pressão pública, jornalística e política, decorrente de um clima de suspeição que o próprio Governo criou através da falta de esclarecimentos, é que o Governo disponibilizou informações que, na véspera, considerava sigilosas”.
“Parece-nos que o Governo Regional não gostou dos relatórios independentes da Ordem dos Engenheiros, do Laboratório Regional de Engenharia Civil e mesmo dos Bombeiros e quer agora outro relatório, que chegue a outras conclusões, talvez politicamente mais convenientes ao Governo”, afirmou.
A parlamentar perguntou à Secretária Regional da Saúde se “tinha conhecimento de que o sinal sonoro do alarme de incêndio tinha sido desligado”. Perguntou também ao Governo Regional qual foi o motivo para optar por um “hospital modular (contentores) no valor de 14 milhões de euros” e se esta estrutura provisória “restabelece a capacidade de resposta cirúrgica e de urgência do HDES”.
Sandra Costa Dias ainda questionou o projecto de reconstrução para o HDES, lembrando que a declarada situação de calamidade pública possibilita “um regime especial de contratação de empreitadas e fornecimento de bens e serviços”, de forma mais rápida, mas, passados mais de dois meses, “não se conhecem avanços significativos”, disse.
Quanto ao Bloco de Esquerda, o deputado António Lima falou nas “consequências reais e graves” que a falta de investimento na Saúde trouxe à região. O bloquista revelou documentos que já sinalizavam a necessidade de substituir o Sistema Automático de Detecção de Incêndios antes do incêndio que afectou o HDES. Criticou o governo por não ter executado os investimentos previstos e defendeu a reabertura plena dos serviços do hospital como prioridade máxima: “Não conseguimos compreender como se pode dizer que estamos perante uma janela de oportunidade, como tem afirmado o governo. Nesta situação só conseguimos ver uma calamidade e a urgência em retomar a actividade do HDES o quanto antes”, afirmou o deputado do Bloco.E continuou ao questionar o porquê de a Secretária Regional da Saúde não ter conseguido explicar porque é que vão reabrir apenas duas salas do bloco operatório e não as seis existentes.
O líder parlamentar do CHEGA, José Pacheco questionou Mónica Seidi sobre a ineficácia dos relatórios e a insistência em mais estudos em vez de acções concretas: “parece que há dois relatórios, e, ao que parece, brigam entre eles. E a senhora Secretária ainda quer fazer mais um estudo, mais um relatório? Não está na altura de começar a trabalhar e deixar os estudos”, questionou.
Evocand as contradições geradas pelo relatório, oparlamentar também perguntou expressamente a Monica Seidi“o que é uma bateria de condensadores?”e afirmou que“quando os políticos se substituem aos engenheiros e vice-versa, algo está errado”. E continua: “fico na dúvida de quem é que está a falar a verdade, se são os políticos ou os engenheiros, e sei que o Povo não acredita nos políticos, que vão perdendo credibilidade todos os dias”.
José Pacheco também responsabilizou o Partido Socialista pelo estado do HDES, citando a falta de manutenção de equipamentos desde a inauguração do hospital. Para além disso, o parlamentar relembra; “há um ano e meio pedimos para se reabrir o bar do HDES, mas não foi feito. Há dois anos, dissemos que fosse aberto o Serviço de Atendimento Urgente no Centro de Saúde de Ponta Delgada e só agora, devido ao incêndio no HDES, foi feito. Senhora Secretária, quem não conseguiu reactivar um bar, vai conseguir reabilitar um hospital?
A deputada Olivéria Santos também interveio no debate, pressionando por uma aceleração nas obras do HDES: “Não foram ainda emitidas orientações para o novo hospital, mas mais do que se falar em hospital de futuro, temos de ter Açorianos com futuro e isso só se consegue com uma saúde digna e capaz, que dê todas as respostas”, afirmou a parlamentar.
D.C.