Comentar nem sempre é fácil quando o conhecimento e a experiência se assumem incompletos. A política é uma ciência de postulados e pressupostos, usando o discurso como a forma mais versátil de comunicação
Mas o discurso político, é a forma menos frequente do uso do que se chama razão. Não a razão pura, mas a razão determinada pela circunstância e visão factual associada a conceitos ou tendências. O discurso político, raramente é consequente quando promete, frequentemente vitorioso quando justifica; e sempre glorioso quando inaugura.
Gostamos de acreditar, mesmo que enganados pelo discurso político; mas cada vez mais a realidade confronta-nos com a promessa não cumprida e com a ineficácia, tanto mais grave quanto o for sistémica.
Destas suposições, temos um exercício da política que ciclicamente atravessa crises de identidade, motivação e de capacidade de mobilização
A porca da política é o epiteto mais usado para caracterizar a desilusão e o absentismo.
Mas que não fique a menor dúvida que a Política é uma atividade nobre e essencial à nossa vida em comunidade, quando partilhada por todos em benefício de todos.
A boa política, é analítica, positivista, determinante e integradora. Analítica porque identifica os erros e propõe corrigi-los, determinante porque a ação política deve ser consequente, integradora porque deve envolver o cidadão nas suas decisões. Daí que o discurso político deve centrar-se na identificação dos problemas e propostas de resolução. A má política, é passista, paternalista, vitimizante e redutora, precisamente porque orienta o discurso político para a acusação do que não foi feito por outro, como justificação para o que não consegue ou não quer fazer.
Os que não deixam fazer, vivem ora de pragmatismos ideológicos, ora de impedimentos estratégicos, não deixando fazer sem alianças ou compromissos que tenham por objetivo consolidar ou obter mais poder.
Dito isso, as implicações funcionais da nossa forma de fazer política e de exercer o poder na Região Autónoma dos Açores, deve ser desconstruída para se entender aonde chegamos e para onde vamos. A nossa democracia deve ser monitorizada, sob pena de continuarmos a dizer somente que “o rei vai nu”.
Assistimos agora em direto da nossa Assembleia Regional ás lides parlamentares com curiosidade e depois desinteresse. Curiosidade para o que pode vir a ser discutido, desinteresse pelo modo como se discute.
Temos invariavelmente um discurso acusatório, pobre de ideias, nunca reformista, porque se não se fez, a culpa foi dos outros, se não se faz é porque outros não fizeram, e se não se deixa fazer é porque o interesse dos partidos estará acima do bem comum.
Dizem que as crises unem primeiro as pessoas e depois os políticos, precisamente porque estes raramente se antecipam a elas.
Até quando vamos continuar neste discurso do que não fez, do que não faz, e do que não deixa fazer?
Dionisio Faria e Maia