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“Queremos fixar pessoas através da criação de emprego e criar melhores condições de vida”, afirma António Miguel Soares

O Nordeste está em festa para a comemoração do dia do município, a 18 de Julho, a Câmara volta a oferecer as Sopas do Espírito Santo, abertas à população. A câmara municipal fará ainda uma homenagem aos Combatentes Nordestenses Mortos em Campanha na Guerra Ultramarina de 1954 a 1975, com o descerramento de um pequeno monumento inserido na recente obra de requalificação do parque e jardim envolvente à Ponte dos Sete Arcos da Vila do Nordeste. Em entrevista, o autarca refere que a falta de habitação, de emprego e de jovens são problemas comuns na Região António Soares, Presidente da Câmara de Nordeste conta que medidas estão a ser tomadas para combater estas dificuldades no concelho e afirmar que “a situação das drogas felizmente tem vindo a diminuir”

Correio dos Açores – O Nordeste está em festa. Quais são as expectativas para estes dias?
António Soares (Presidente da Câmara do Nordeste) – Tenho expectativa de que as festas terão grande afluência, como é de costume, não só pela parte da festa mas também devido à parte religiosa. O concelho comemora 510 anos e de facto, para além do muito turismo que está cá, também temos os nossos emigrantes que vieram da diáspora visitar o nosso concelho e as suas famílias. Tenho conhecimentos que a nível de alojamento local, hotelaria e espaços de turismo rural estão completamente cheios. As pessoas vêm para aproveitar para aproveitar não só as festas do concelho mas também as festas de freguesia e tudo de bom e de bonito que temos para apresentar às pessoas.

Quais são as principais dificuldades que o concelho enfrenta?
As principais dificuldades são o emprego, a fixação de pessoas, apesar da Câmara Municipal fazer um grande esforço e o Governo Regional também uma vez que temos uma obra a concurso para adjudicação para construção de um bairro com direito de opção de compra na freguesia da Achadinha. A câmara, aproveitando a estratégia local e aproveitando o dinheiro do PRR, já realizou um investimento à volta de sete milhões de euros para requalificação de habitações e construção de novas habitações, ficando com cerca de 42 casas para disponibilizar na área social.

O concelho tem um índice de envelhecimento acima do índice da região. Como se pode fixar mais jovens no Nordeste e fomentar a natalidade?
Em relação ao envelhecimento este é um problema transversal a todos os Açores e até a Portugal Continental e não só ao Nordeste. Como se pode fixar os jovens, pergunta. Temos estado atentos e estamos a realizar algum esforço suplementar para resolver essa situação. Primeiramente, através da procura de soluções para habitação e é isso que estamos a fazer. Somos uma das primeiras Câmaras a ter a estratégia local de habitação aprovada e estamos a toda a força a desenvolver esforços para promover a habitação.
Por outro lado, vamos inaugurar, em breve, o aumento do parque industrial, onde temos toda a intenção para a construção e adesão de empresas não só residentes mas também empresas com intenções de negócios que temos para o parque industrial. O que, de facto criará algum emprego nessa situação. Continuamos, também, a avançar com algumas obras públicas na freguesia. Tenho conhecimento que as obras particulares também estão a ir bem com os licenciamentos, reforçando a posição das nossas empresas no sector da construção e eles próprios também se queixam da falta de mão-de-obra especializada na área.
Para além disso, o facto de haver alojamento local de muito boa qualidade, turismo em espaço rural e unidades hoteleiras permitem absorver alguma mão-de-obra feminina, nomeadamente na recepção de clientes e também na limpeza e preparação dessas respectivas unidades.
A Câmara Municipal aumentou, ainda, o subsídio da natalidade. No primeiro ano damos ajuda para géneros para o recém-nascido. É uma forma também de ajudar e reforçamos esses apoios.
Foi criado um novo regulamento para os jovens, com apoio até 2500 euros na aquisição da primeira habitação permanente ou para primeira construção. É um pequeno apoio, mas é inovador e vamos fazendo tudo o que é possível para apoiar, financeiramente, os jovens na aquisição ou construção da sua primeira habitação. Estamos atentos e fazemos o que é possível com as condições que temos para poder fixar os jovens no nosso concelho.
A falta de postos de trabalho é um problema para a fixação de jovens no concelho?
Sim, no entanto a Câmara Municipal abriu recentemente 19 vagas para o quadro, para substituição de pessoas que foram para a reforma e pretendemos abrir mais vagas, de modo a atingir os 77 colaboradores. Agora estamos com 54 colaboradores. A ideia é que à medida que os colaboradores forem para a reforma, possamos admiti novas pessoas para continuar a fazer o que nos compete, que passa por manter o concelho limpo e também a nível administrativo. Por outro lado, reforçamos também os programas sociais, porque neste preciso momento quem está no centro de emprego são pessoas que, infelizmente, não têm oportunidade ou não têm nenhuma actividade mais específica que consigam desenvolver. No caso dos concelhos mais periféricos tem sido um grave problema.

Com o aumento de alojamentos locais, a falta de habitação é uma das carências do concelho?
É algo que é transversal a todo o lado. É no Nordeste, nos Açores e em Portugal. Vemos constantemente nas notícias e uma das preocupações que tenho aqui quando recebo as famílias no atendimento. A falta de emprego seguro faz com as famílias não tenham capacidade financeira de ir ao banco para poder construir ou adquirir as suas casas, não tendo estabilidade financeira.
Com o aumento do turismo, o valor para aquisição ou mesmo da construção das habitações tem aumentado e isso também tem vindo a dificultar a fixação de pessoas.
Outra questão que julgo que o governo Regional de estar a pensar é aumentar o valor de apoio por metro quadrado para a alta construção que ainda está por actualizar, situação que acontece já há alguns anos. Com a inflação e o aumento dos preços é uma questão que julgo que vai ser revista, ou pelo menos existe essa intenção.

Qual é a abordagem da Câmara Municipal do Nordeste ao desenvolvimento turístico? Qual é o impacto sócio-económico do turismo no concelho?
Temos feito tudo o que é possível não só para inovar mas também para manter e para embelezar o nosso concelho. Precisamos também de um investimento, que entendemos que seria uma grande alavanca para o concelho do Nordeste, que é a obra da Foz da Ribeira do Guilherme. Neste preciso momento, estamos já com o projecto final e para breve vamos ter uma reunião para preparar e para verificar todo o processo, utilizando fundos comunitários por parte da Câmara e também da parte do Governo Regional. Esta é uma obra que já foi prometida por vários governos e há mais de 20 anos.
A nível geral do turismo, o Governo Regional tem estado atento a este aumento que tem acontecido, em parceria com as câmaras municipais. Tem sido feito um bom trabalho e também o investimento privado está a resultar muito bem.
O impacto do turismo a nível sócio-económico é muito importante, para além da nossa agro-pecuária. A questão de prestação de serviço a nível de turismo e da restauração, digo, é bastante importante.

Como é que a Câmara Municipal combate a sazonalidade turística?
No caso do Nordeste, e até penso que a nível Açores, já não se verifica aquela queda abrupta. Cada vez mais acabamos por ter turismo durante o Inverno, o que é um factor muito positivo. O que temos por hábito é o reforço de eventos durante a época mais fraca, nomeadamente com a passagem de ano, com um arraial popular e com outras iniciativas de desporto, como trilhos e outras actividades, para continuarmos a atrair turistas.
De acordo com a conversa que tenho tido com os empresários que estão a investir nesta área, acabem por me confirmar que o período de Inverno acaba por ser mais curto e que acabam por ter clientes todo o ano. Claro que me sinto muito satisfeito com isso porque os nossos empresários estando bem, é sinal que mantêm os postos de trabalho e é sinal que a economia continua a rodar aqui no nosso concelho.

Que impacto tem o tráfico e o consumo de droga no Nordeste?
Acredito que a situação da droga tem vindo a se minimizar no Nordeste, não só devido às entidades competentes que têm trabalho nesta área, mas também pelo serviço que a nossa Polícia de Segurança Pública tem feito e também pelo apoio que o nosso sistema de saúde dá para tentar vigiar as pessoas que se encontram nesta situação.

Do ponto de vista da construção, que obras gostaria de ver realizadas no seu mandato para além da piscina da Boca da Ribeira?
Neste preciso momento acabamos por ter obras em praticamente todas as freguesias. Umas estão a concluir e outras estão a arrancar. São obras de pequena dimensão, que entendemos que são prioridade para as pessoas cá do concelho. As que estão em curso, são a requalificação da zona de baixo da ponte, que será inaugurada no nosso feriado municipal que é dia 18, estamos a requalificar mercado, estamos a construir habitação social, lançamos a concurso 13 moradias para remodelar para habitação social também. Estamos a remodelar uma casa no centro da praça de Santana para sede da junta de freguesia, estamos a construir um campo de futebol atrás da escola primária de Santo António, estamos a requalificar o centro de convívio na freguesia de São Pedro para melhor bem-estar e integrar os eventos da freguesia. Acabamos por ter pequenas obras em toda a freguesia, para que nada falte.
Vamos lançar agora a concurso, por volta de 600 mil euros, a reparação de vias e pretendemos avançar para a construção de um pavilhão polidesportivo aqui na vila do Nordeste. Já adquirimos o espaço e pretendemos antes do final do ano avançar com estar respectiva obra.
A Câmara Municipal do Nordeste avançou com um projecto, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, para a construção de uma nova creche com mais capacidade para as pessoas terem onde deixar os seus filhos e continuar a desenvolver as suas actividades.

O Nordeste tem potencial para se desenvolver mais?
Costumo a dizer que o Nordeste é um diamante em bruto. O nordeste tem muito potencial, não só a nível de turismo, mas também a nível de outras áreas. Temos de ver que a Câmara Municipal, e o próprio Governo Regional, não se pode sobrepor aos proprietários privados. Estamos sempre na tentativa de captação de investimento para o concelho do Nordeste e temos alguns projectos interessantes eu vão melhorar a qualidade de vida, não ó de quem nos visita mas também para quem reside cá no concelho.

Quais são as prioridades de desenvolvimento do concelho?
É efectivamente conseguir fixar a população, através do emprego. E criar condições de vida cada vez melhores para todos os nordestenses e para quem nos visita.

Frederico Figueiredo

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