Quando um governo, seja ele qual for, não cuida atempadamente daquilo que lhe pertence, normalmente, o património vai-se deteriorando, chegando mesmo à ruína. Vou tecer dois breves comentários a dois casos bem recentes.
1º caso: – O incêndio do HDES ainda está a dar que falar porque, à medida que as investigações vão progredindo vem demonstrando que, os sucessivos governos regionais pouco ou nada fizeram face às várias reclamações que as administrações daquele hospital fizeram.
No que respeita ao sistema de deteção de incêndios, a previsão para aquisição de uma nova unidade já vinha desde 2020. Isto tem um nome mas, para ser simpático, vou chamar-lhe apenas abandono do património. Por via disso, veio a saber-se que as “benditas baterias” de correcção a não sei quê, estavam em fim de vida útil há bastante tempo. Talvez por isso “deram o berro” provocando um incêndio que levou várias horas a debelar.
Mais ainda, pelo que tenho lido, fiquei com a ideia de que teriam sido aquelas baterias as “primeiras culpadas” pelo que sucedeu, seguindo-se algum combustível “erradamente armazenado” perto daquela fonte geradora de calor.
Por outro lado, e se bem interpretei o que li nos jornais, parece ter havido demasiada demora entre a deteção do incêndio e a chegada dos bombeiros ao local (1 hora?) demora esta atribuída ao sistema de comunicação do próprio hospital. Como é possível? Não havia alguém por perto com telemóvel que ligasse imediatamente aos bombeiros, marimbando-se para os procedimentos previstos nos regulamentos?
A este respeito devo dizer que tenho conhecimento pessoal que, o sistema informático do HDES, ainda neste mês de Julho, pura e simplesmente não conseguia entrar no sistema da Segurança Social.
Esta situação leva-me a concluir que, em termos de funcionamento administrativo, algo está ainda muito mal no HDES. Escudando-se no que aconteceu, o pessoal administrativo desculpa-se naqueles factos mas, isso só demonstra falta de profissionalismo. Se me perguntarem se há excepções, dir-lhe-ei que sim; mas, estas só confirmam o que atrás disse. Em meu entender, aquele pessoal, necessita de uma “reciclagem urgente” sobre como lidar com o utente daqueles serviços.
Eles têm de aprender que, ser-se simpático não significa ser-se subserviente. Esta atitude só dignifica que assim procede.
2º. caso: – O estádio de S. Miguel foi construído, há não sei quantos anos com subscrições públicas, algumas delas lideradas pelo meu saudoso amigo João de Brito Zeferino e, se não me falha a memória, de parceria com o Eng.º Vaz do Rego.
Ou seja, apesar de ser uma estrutura pública e da responsabilidade do Governo Regional, este pouco deu para construção daquela infraestrutura desportiva. Daí ter sido feita nos moldes possíveis de então, recorrendo-se a mão de obra e materiais locais, de entre eles a areia preta que parece não ser ideal para o escoamento necessário do relvado quando chove com mais abundância, o que não é raridade entre nós.
Nestes últimos anos, o Clube Desportivo Santa Clara tem sido, praticamente, o utilizador exclusivo daquele recinto. Assim, e pela posição que ocupa no futebol português (com todo o mérito, diga-se de passagem) tem vindo a reclamar do responsável pelo desporto na Região, as obras de melhoramentos, não só nos balneários, mas também a substituição do próprio relvado colocando um novo tapete e um novo sistema de drenagem.
Ao que parece, estas obras estão avaliadas nuns bons milhões de euros. O Governo Regional diz que não tem. Porém, para que se jogue naquele Estádio os jogos da primeira liga, onde joga o Santa Clara, a Federação Portuguesa de Futebol exige a realização das obras.
O sócio maioritário da SAD do Santa Clara, apresta-se a substituir o governo, tendo como “fiança” a palavra dada “verbalmente” pelo senhor Presidente do Governo Regional, que seria ressarcido dos valores gastos em devido tempo.
Louvo a boa-fé do sócio maioritário do Santa Clara SAD e Deus queira que tudo acabe em bem.
Porém gostaria de frisar – mesmo que me apelidem de bairrista – que estes procedimentos não se verificaram com outra ilha, cujo o Estádio foi executado e pago pelo governo, (que é como quem diz por todos nós, micaelenses incluídos) bem como a sua manutenção ao longo dos anos.
Em nome do desenvolvimento harmónico, diga-se!
P.S. Texto escrito pela antiga grafia.
14JULHO2024
Carlos Rezendes Cabral