No Mercado Municipal da Ribeira Grande surge a loja “Queimado”, um negócio familiar dedicado a materiais relacionados com a prática do surf, mas também com a prática de skate, ecológicos e feitos à mão com madeira 100% açoriana.
A Ribeira Grande é conhecida por ser a capital do surf, e esta loja visa dinamizar o Mercado Municipal, oferecendo uma alternativa aos espaços já existentes.
Inês Borges foi a nossa interlocutora, que começou por explicar, que o “pai é que começou este projecto”. Aliás, a loja “Queimado” tem exposto pranchas de surf ecológicas construídas pelo seu pai, Roberto Borges, em criptoméria.
Já as tábuas de skate são de Acácia são, do mesmo modo, construídas pelo pai.
As tábuas de skate são ao estilo retro, que buscam inspiração nas épocas passadas para criar personalização e nostalgia.
As quilhas de surf são também idealizadas por Roberto Borges. As quilhas são elementos fundamentais nas pranchas de surf e desempenham um papel crucial na estabilidade e controle durante o surf. São pequenas abas ou aletas na parte inferior da prancha.
O aperfeiçoamento veio com o tempo
“Meu irmão, que também chama-se Roberto Borges sempre gostou de surf, mas como as pranchas eram muito caras, o meu pai começou por construir pranchas, porque ele sempre teve muito jeito com madeiras. A primeira não deu muito certo, mas depois nunca mais parou e foi sempre aperfeiçoando as técnicas de construção”.
O irmão Roberto Borges continua a surfar, porque sempre gostou da modalidade.
Muitos turistas, que vão ao Mercado Municipal da Ribeira Grande passam pela loja “Queimado”, de quase todas as nacionalidades.
O pai, por vezes, recebe algumas propostas para construir pranchas de surf, mas devido à sua profissão (agente de autoridade), não tem muito tempo.
Queimado é como eram conhecidos
os Milhafres
Sobre a origem do nome “Queimado”, Inês Borges explicou, que “a intenção era encontrar um nome que fosse marcante, e mais do que tudo estivesse relacionado com o mar e a natureza, dai ter surgido a brilhante ideia de Queimado, que é como tradicionalmente designava-se o Milhafre dos Açores, por causa da sua pelagem escura”.
O maior movimento de pessoas no Mercado Municipal da Ribeira Grande acontece, habitualmente, depois do almoço, todos os dias, mas a loja não abre ao fim-de-semana.
A mãe de Inês Borges, Lina Borges, também faz outras peças, que são disponibilizadas na loja “Queimado”, nomeadamente sacolas de praia, que também podem ser utilizadas no dia-a-dia.
Já a Inês Borges, que também é quase uma artesã, faz blusas de crochet.
A loja também faz o seu merchandising, nomeadamente t-shirts do espaço “Queimado”.
Inês Borges aprendeu a nadar cedo, porque o pai sempre a levou para a praia, mas diz, que “prefere a Praia do Monte Verde”, reconhecendo no entanto, que “a Praia de Santa Bárbara está muito mais evoluída”.
Licenciada em enfermagem
Inês Borges é natural da Freguesia da Matriz da Ribeira Grande, onde começou a estudar, mas depois foi para a Escola Gaspar Frutuoso, agora Escola Básica Integrada da Ribeira Grande, antes da Escola Secundária da Ribeira Grande.
Posteriormente foi para a Universidade dos Açores para obter a Licenciatura em Enfermagem, que terminou recentemente.
Mesmo na Universidade, sempre que podia ia para a loja “Queimado”. Agora está mais tempo ali, porque ainda não recebeu a cédula profissional emitida pela Ordem dos Enfermeiros e já sabe, que quando receber a cédula vai começar a trabalhar.
O estágio foi concretizado em locais diferentes, primeiro no Centro da Saúde da Ribeira Grande, posteriormente no Hospital do Divino Espírito Santo, mas também num lar na Lagoa.
Continuar ligada à loja
O futuro a Deus pertence, mas Inês Borges gostava que a marca “Queimado” fosse conhecida além fronteiras. “Para que isso venha a ser uma realidade, a loja teria de ter mais produtos, o que nem sempre é possível no momento”.
Em termos pessoais, sabe apenas que vai em breve iniciar uma carreira na enfermagem, mas vai encontrar sempre tempo para colaborar no projecto da loja “Queimado”, porque “é um negócio da família, e quando fazemos algo que gostamos, a energia e a motivação parecem inesgotáveis. Há sempre tempo para tudo”, concluiu.
Marco Sousa