No curto espaço de dias, aconteceu na ilha de São Miguel um número considerável de incêndios. Não é algo comum e como consequência a população ficou mais alerta para possíveis sinais de incêndio, e quando vêem focos de incêndios, alertam os Bombeiros. Isto faz com que os homens da paz sejam, por vezes, chamados a intervir em situações que poderiam ser controladas pela população, como explica o Adjunto do Comando dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada.
Segundo Fernando Infante “as queimadas têm de ser declaradas nos corpos de bombeiros da sua área de jurisdição. Depois as pessoas podem fazer a queimada num determinado horário e com determinadas condições de segurança.
Têm de ter contacto de informação, um agente extintor, fazer montes e circunscrever o local. Caso as pessoas liguem para informar de um fogo, e de acordo com o local, os bombeiros conseguem passar a a informação a dizer que “fomos informados, é um acto administrativo, a pessoa paga este acto administrativo. Depois, como sabemos onde e quando irá ser a queimada, ligamos para o contacto e perguntamos se realmente está a ser realizada. Conforme esta resposta deslocamo-nos, ou não, ao local.”
Acontece que, às vezes, as pessoas não atendem o telefone e os bombeiros, por defeito, como diz, dirigem-se sempre ao local onde dizem que decorre o incêndio. Também “pode acontecer que a queimada fique descontrolada e, por vezes, é necessário a acção dos bombeiros, e também acontece as pessoas fazerem queimadas sem informarem os bombeiros ocorrendo aqui uma ilegalidade,” explica Fernando Infante.
No caso concreto de uma queimada que aconteceu junto da Clínica do Bom Jesus na última semana e que a pessoas contactaram a nossa redacção para alertar para a situação, era apenas uma queimada controlada. O adjunto de comando diz que os bombeiros foram ao local porque “a pessoa não estava contactável e atendendo à coluna de fumo, fomos verificar. “Estava tudo legal. Nada estava em perigo. Estavam a fazer limpezas, queimadas controladas, e autorizadas, embora causem, obviamente, receio. As pessoas viram uma coluna de fumo e, naturalmente, chamaram os bombeiros. Não nos souberam dizer efectivamente qual era a zona e por precaução fomos ver o que se estava a passar”, disse Fernando Infante.
Questionado sobre se este tipo de situação é recorrente o nosso entrevistado indicou que, por exemplo, na Quarta-feira passada os bombeiros foram solicitados para duas situações, na primeira não havia declaração, ou seja, uma queimada ilegal. Uma pessoa que morava perto do sítio solicitou os bombeiros e, felizmente, quando chegamos lá estava extinto. Tratava-se de uma pequena fogueira. O que fizemos quando lá chegamos foi consolidar o rescaldo para termos a certeza de que não reacendia.”
Quisemos saber se este tipo de situação provoca desgaste na corporação ao que o nosso interlocutor assumiu que “em bom rigor, o que pode acontecer é haver uma situação real, que efectivamente necessita dos nossos meios, e estamos a deslocarmo-nos para situações que as pessoas podem controlar. Mas tudo pode acontecer num incidente. A pessoa pode pensar que está a fazer um bom trabalho na queimada e depois a mesma descontrolar-se”.
O adjunto de comando explicou ainda que “como o clima está mais quente, humidade baixa e poderá haver uma maior probabilidade dos combustíveis estarem mais disponíveis para arder”.