No dia Mundial do Bordado: Lúcia Santos, bordadeira da Cooperativa de Artesanato e Solidariedade Social
Senhora da Paz diz que “instituições da índole da Cooperativa são excelentes escolas das tradições açorianas”
No âmbito do Dia Mundial dos Bordados, celebrado, hoje, o Correio dos Açores esteve à conversa com duas bordadeiras da Cooperativa de Artesanato e Solidariedade Social Senhora da Paz, Cidália Madeira, monitora da cooperativa, e Lúcia Santos, bordadeira a tempo parcial.
Fundada em 1997, é uma das últimas instituições, em São Miguel, que mantém viva a tradição de confecionar capas para a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, arte herdada das religiosas do antigo Convento de Santo André e que tem sido perpetuada pelas artesãs da Cooperativa de Artesanato e Solidariedade Social da Senhora da Paz.
Cidália Madeira, 62 anos, atual monitora e bordadeira desta Cooperativa, reconhece a importância que “esta casa” detém na promoção do Artesanato Regional e local dos Açores, principalmente, no que concerne ao bordado a ouro que é, mundialmente apreciado, por intermédio das duas principais manifestações religiosas dos Açores: “é uma honra mostrarmos a nossa arte de bordar a ouro nas bandeiras do Senhor Espírito Santo e nas capas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que têm muita saída, como sabe, principalmente na nossa comunidade da Diáspora .”
“Trabalho a tempo inteiro na Cooperativa. Aprendi a bordar de tudo (bordado regional e o bordado a ouro).Comecei a aprender, aos 14 anos, na Casa de Freiras de Bento Góis e, mais tarde, fiz uma formação na Câmara do Comércio, estando a trabalhar na Cooperativa até hoje”, narra a artesã ao ser questionada acerca do seu percurso profissional.
Verdadeiras obras de arte que captam a grandeza estética da expressão artesanal açoriana, a professora refere ainda que os bordados a ouro são os que “exigem muito tempo, prática e acima de tudo técnica pois têm muitos pontos, «areias», matizes e crivos”.
Quanto a Lúcia Santos, 54 anos, administrativa da Cooperativa, mas também bordadeira, de vez em quando, define-se como aquela que “faz de tudo um pouco, desde os bordados a ouro, bordado regional, pontos diversos e serviços de costura.”
Questionada sobre qual a mensagem que gostaria de transmitir no Dia Mundial do Bordado, a artesã salienta que “instituições como a Cooperativa são muito importantes, porque mantêm viva a tradição dos bordadosque foi iniciada pelas religiosas do Convento de Santo André. Também dão emprego às pessoas. No caso da Cooperativa, quando o convento foi fechado, as pessoas que lá trabalhavam foram transferidas para a atual sede que continua a ser uma excelente «escola» para se aprender esta arte secular”.
Actualmente, a Cooperativa de Artesanato e Solidariedade Social Senhora da Paz conta com 7 artesãs com idades compreendidas entre os 40 e 62 anos.
Neuza Almeida