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Queijaria da Avó: uma loja no Funchal que vende produtos dos Açores que agrada a madeirenses e estrangeiros

A Queijaria da Avó já é um ponto de referência para muitos estrangeiros e locais que procuram os produtos açorianos na ilha da Madeira. Desde os queijos à pimenta da terra, turistas e açorianos deslocados compram um pouco de tudo. Já os madeirenses preferem o vinho e o chá dos Açores. Denis Freitas conta-nos que muitos turistas vão à procura do “queijo madeirense que não existe” e é aqui que são apresentados à região vizinha. O mais importante é “conhecer bem para saber transmitir a história dos produtos açorianos”, que já começam a ter destaque no turismo madeirense: “hotéis e restaurantes de luxo procuram-nos precisamente por isso, sabem que o produto açoriano é um produto de excelência”, afirma o gerente desta loja.

Correio dos Açores: Pode nos falar um pouco sobre a história da loja?
Denis Freitas (gerente da Queijaria da Avó) – Esta loja é um projecto de um açoriano que vem muitas vezes de férias à Madeira e sentiu que região tinha uma falta enorme dos produtos açorianos. Assim, no pós-pandemia, achou por bem investir nesta loja. Estamos abertos há dois anos. O proprietário é meu padrasto e, sendo eu da área de hotelaria, sentimos que a Madeira tinha um grande potencial para desenvolver um projecto deste tipo.
Eu sou madeirense e confesso que não conheço por completo a cultura açoriana, mas já estive muitas vezes nos Açores, inclusive a visitar algumas das fábricas, porque acredito que, no papel de vendedor, é muito importante sabermos o que é que estamos a vender para podermos transmitir isso ao cliente. No meu caso, nada melhor como fazer a visita, por exemplo à Fábrica Santa Catarina, em São Jorge, ou ao Quintal dos Açores e ao Chá da Gorreana em São Miguel, para saber como é feita a produção destes produtos para poder transmitir essa história ao cliente, porque a história vende muito.

E quais são os produtos que têm na loja? Representam todas as ilhas do Arquipélago?
Conseguimos ter pouco de tudo. Desde o queijo de São Jorge ao queijo do Corvo ou das Flores, aos vinhos do Pico que são muito afamados na Madeira, mas também temos o vinho da Graciosa e de São Miguel. Neste momento trabalhamos maioritariamente com produtos da Marca Açores. Gostaríamos de ter produtos de todas as ilhas, mas infelizmente é um processo difícil devido à logística. Temos um armazém em Ponta Delgada (São Miguel) e é a partir deste que enviamos os produtos para a Madeira, por via área e marítima – no caso do contentor refrigerado temos de passar por Lisboa. Quando falamos nas outras ilhas, a grande dificuldade é o custo acrescido que é trazer os produtos para Ponta Delgada.

Porquê o nome Queijaria da Avó?
O nome da loja é curioso porque o normal seria incluir a palavra Açores. Mas decidimos chamar-lhe Queijaria da Avó porque, em primeiro lugar, a minha mãe já é avó e, em segundo, porque é um nome que chama para os dois lados: os estrangeiros chegam cá à procura de um queijo madeirense que não existe e também vai aqueles que já conhecem bem os produtos e já passaram férias no vosso arquipélago.

Disse que os turistas vão à procura de um “queijo madeirense que não existe”. Quais são as reacções quando percebem que o queijo é, afinal, do arquipélago vizinho?
Muitas pessoas ficam surpreendidas com o desconhecido que é haver uma loja dos Açores na Madeira e isso já gerou situações engraçadas. Mas, a verdade é que quase podemos contar pelos dedos o número de lojas madeirenses que são 100% portuguesas. No entanto, a Queijaria da Avó é uma delas: só vendemos produtos 100% açorianos. E quando chegam cá, muitos turistas já conhecem os Açores, outros nunca ouviram falar. Neste sentido, nós tentamos dar a conhecer a Região. Inclusive, temos um mapa dos Açores na loja e tentamos mostrar a proveniência de cada produto. Explicamos ao cliente como cada coisa é produzida – a forma que as pimentas são feitas, como é que os doces são confeccionados, contamos a história do chá, etc. Este cuidado em explicar um pouco da história de cada produto e dar a conhecer os Açores faz parte do nosso conceito.

Quem são os vossos maiores clientes?
Cerca de 60% dos nossos clientes são estrangeiros e 40% são madeirenses, onde se inclui os muitos açorianos que vivem na Madeira. Neste sentido, o nosso conceito alterou-se um pouco com o passar do tempo: inicialmente só vendíamos produtos açorianos – desde os chás, doces, pimentas, vinhos, queijadas, bolos lêvedos, etc. –, mas passamos a incluir o serviço de mesa. Pois muitos estrangeiros querem ficar a conhecer os produtos antes de o comprar e, na verdade, muitos deles não querem transportá-los. Para além disso, os madeirenses não consomem queijo como os açorianos, ou seja, consomem queijo socialmente, não diariamente.

Quais são os produtos favoritos dos açorianos que vivem na Madeira? E quais são os produtos favoritos dos madeirenses e dos turistas?
Os açorianos procuram um pouco de tudo – por norma vêm à procura daquilo que não temos (risos) –, mas principalmente do queijo. Depois, as pastas de chouriço, o pé de torresmo, ovos de codorniz, pimenta da terra. E os produtos mais vendidos são, sem dúvida, a massa sovada, os bolos lêvedos e as queijadas.
Já do lado dos madeirenses, no topo da lista está a pimenta e o chá, pois o chá dos Açores é muito famoso na Madeira. Para além disso, voltam muito à nossa loja pelos vinhos, porque quando os provam, pela primeira vez, ficam fãs. Nós também servimos tábuas de queijo e os finais de tarde são super agradáveis com os madeirenses que já têm por hábito juntar-se a nós; nestas ocasiões a Kima e a cerveja Especial estão sempre presentes!
Os turistas procuram consumir um pouco em loja e saber o que são os queijos dos Açores. Depois das degustações, muitos deles vêm à nossa procura e querem comprar os seus favoritos. Devo dizer que os estrangeiros são fanáticos pelos atuns Santa Catarina e da Corretora. Também apreciam muito o vinho, o chá e os doces, que servem como uma ‘gourmet souvenir’ e são mais fáceis de transportar em viagem.

A Queijaria da Avó já tem alguma história caricata que queira destacar?
Já temos muitas histórias, mas, se tiver de escolher, posso contar um episódio engraçado que envolveu um madeirense e um queijo de 10kg. Todos os anos, guardo um queijo com 30 meses para abrir no Natal, mais precisamente no dia 2 de Dezembro, e as pessoas já sabem. No entanto, há cerca de uma semana chegou um jovem à loja que disse queria levar o queijo, eu expliquei que ia abri-lo no dia 2 de Dezembro e que era o único que tinha guardado para tal. Mas o jovem disse que podia levar na hora e o facto é que estamos aqui para vender e, claro ficamos muito felizes. No entanto, ele não nos explicou por que queria tanto queijo, apenas disse que era para comer em casa com a família e perguntou como se abria, pois, muitas pessoas não sabem como fazê-lo. E assim foi o nosso queijo para o Natal, pesava 10kg e custou por volta dos 250 euros.

Que balanço faz dos dois anos de Queijaria da Avó? Quais são os projectos para o futuro da loja?
O conceito está super giro e nós estamos muito felizes. Também notamos que muitos estrangeiros já nos conhecem, porque muitos deles passam todos os anos as suas férias na Madeira – e gostam da experiência que, na verdade, é uma experiência gastronómica, onde mostramos um pouco daquilo que são os Açores. Para além disso, recomendam a nossa loja aos amigos e isso enche-nos o coração.
Para o futuro, o plano é sempre melhorar. Nós vendemos muitos produtos a alguns restaurantes e hotéis de luxo. Muitos procuram comprar pelo preço e nós não temos a capacidade para tal, mas temos sim a capacidade de vender a qualidade do produto. Estes hotéis e restaurantes de luxo procuram-nos precisamente por isso: sabem que o produto açoriano é um produto de excelência.
Daniela Canha

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