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Jorge Rita defende aumento do “preço justo” do leite ao produtor açoriano

Pode falar da situação de São Miguel uma vez que os produtores da Graciosa e da Terceira estão muito descontentes?
Estão descontentes e têm toda a razão. O que se passa na Terceira e na Graciosa, é uma situação extremamente desagradável, do nosso ponto de vista, para quem produz leite lá.
Estamos a falar da maior indústria de lacticínios nacional, que tem parte, 51%, da indústria dessas duas ilhas. Lamentamos a falta de solidariedade desta indústria nacional para com essas indústrias que estão colocadas nessa região que são pertença dessa mesma indústria.
É lamentável que o pagamento do preço do leite, ao produtor, na Terceira e Graciosa, tenha um diferencial para cima de 3 cêntimos do que há em São Miguel.
Em São Miguel, três indústrias anunciaram a subida a partir do dia 1 de Agosto do preço do leite. Não vai de encontro ao que pretendíamos, mas uma subida é sempre positiva. A Unileite anunciou hoje, a Prolacto e a Insulac já tinham anunciado. Obviamente que a BEL seguirá o mesmo caminho.
É lamentável que estas duas ilhas que estão ligadas à Lactogal, que é a maior indústria de lacticínios e que paga uma média de 46/47 cêntimos a nível nacional, na Região Autónoma dos Açores esteja a pagar uma média de 37 cêntimos, na Terceira, e 35.6 na Graciosa. Em São Jorge a situação ficou um pouco melhor, mas claramente o Faial e o Pico estão com algumas dificuldades.
Em resumo, na situação actual do leite a expectativa, legítima, que nós temos é que hajam subidas e São Miguel já deu nota disso. E a expectativa dos agricultores e produtores da Graciosa e das outras ilhas é que seja replicados o aumento porque depois os mercados são os mesmos. Se estamos todos no mesmo mercado não percebemos porque é que na Terceira e Graciosa existe um diferencial tão acentuado. Aqui responsabilizo claramente a Lactogal, onde uma das suas empresas tem 51% da Pronicol da Terceira.

O que pode o Governo Regional fazer?
Os Governos podem sempre trazer muito. E tem se notado nos Açores. No nosso entender, e isto já é uma discussão muito antiga, para aprovar projectos nessas indústrias, todas elas têm de ter como condição um pagamento justo de matéria-prima, nesse caso o leite. Não se pode continuar a aprovar projectos de grande dimensão a muitas indústrias na Região Autónoma dos Açores sem o compromisso de assegurar que um preço justo que seja pago ao produtor. Claramente que o preço justo é sempre muito relativo. Toda a gente sabe quanto custa produzir um litro de leite e toda a gente sabe quanto se sabe. É uma injustiça tremenda o leite nos Açores não estar para cima de 50 cêntimos o litro. Se tivemos o leite a este preço estaríamos um pouco melhor. Ninguém iria enriquecer, porque não há margem para isso, e não se estava a dar o que esta a dar que é a saída de uns para a carne e de outros a terminar. A indústria também terá de pensar se, com a sua estratégia, não estará a empurrar os produtores para fora do sector.
O Governo Regional tem de impor como condição, na aprovação dos seus projectos nessas indústrias, perceber também claramente que a matéria-prima tem de ser de paga de forma justa. A indústria deveria reivindicar a parte dos custos da energia e transporte. Aí sim, era uma reivindicação justa e que o Governo deveria de apoiar. Mas a indústria não faz esse papel, porque está acomodada à matéria-prima. Quando os resultados que não são favoráveis na venda ou que os custos não baixam, baixam na matéria-prima. Seria muito mais inteligente por parte das indústrias conseguirem perante o Governo Regional mais ajudas nos combustíveis e nas energias e essencialmente nos transportes.

Como vê a subida por parte dos
combustíveis a partir de 1 de Agosto?
Andamos desfasados em relação aos combustíveis. Quando ouvimos as descidas no continente somos confrontados com as subidas nos Açores. Claramente uma subida de 4 cêntimos, numa altura em que os agricultores mais consomem combustível devido à situação actual, mais transportes de água, vai começar a colheita dos milhos. Há mais gasto de combustível por parte dos agricultores e a subida de 4 cêntimos é uma machadada.
Penso que o governo Regional deveria ter em atenção, e o ano passado já alertamos para isto no mesmo período, que esta subida deveria de ser reduzida. Toda a gente sabe, da parte do Governo, que arrecadam verbas muito substanciais nos impostos dos carros e essencialmente nos impostos dos combustíveis.

O que mais causa preocupação?
A grande preocupação tem a ver com o rendimento dos agricultores, especialmente na área do leite, se subisse era mais positivo. Falamos no caso destas duas ilhas que são mais penalizadas. Estamos à beira dos quadros comunitários de apoio. Tem sido anunciado a aplicação dos quadros a nível de PRR, dos quadros e de investimento. Mas para isto há algo que não se fala muito. Há uma subida brutal nos custos dos agricultores nas suas contas finais que tem a ver com a taxa de juros. A inflação é transversal a todos e o aumento dos custos derivados da inflação foram brutais a todos os níveis. Fala sempre nos custos de produção, nomeadamente nas rações e nos adubos, mas não são só esses. Há algo diferenciador que a banca está acomodada dos excelentes lucros que teve durante esses anos. Mas a banca não pode nem se deve de esquecer que nos anos de crise nós todos participamos de forma activa com os nossos impostos e empenhamos muito do país e na União Europeia para que muito banco se salvasse. Não temos nada contra. O que temos neste momento é que também a nível do BCA União
Europeia e mesmo os bancos regionais e nacionais, já deviam de uma forma pró-activa ter dado um sinal muito positivo nas taças de juro. Baixar as taxas de juro para todos. Em comparação ao que pagamos hoje com o que pagávamos há quatro anos quer em termos de crédito de habitação ou nos créditos de agricultura é bastante elevado.
Paralelamente a isso, temos uma reivindicação ao Governo Regional, que tem a ver como antigo SAFIAGRA e que já vem dos Governos Anteriores, que a ajuda dos 40% nos custos financeiros para o pagamento de juros de 2023.
F.F.

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