A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) referiu ontem que foi “absolutamente surpreendida pela inusitada e incompreensível decisão de fecho das lojas de atendimento ao público, por parte da SATA, sobretudo no que concerne às ‘soluções’ aventadas.”
Não sabemos o que havemos de estranhar mais: Se o raid efectuado de um dia para o outro; se a total ausência de explicação relativamente às ‘soluções’ alternativas apresentadas (mais parece uma fuga, não uma mudança); se a falta de consideração pelos clientes, que não foram informados de nada; se a inexplicável ausência de informação, quanto mais de diálogo, com os mais importantes parceiros da SATA e dos açorianos que viajam, as agências de viagem; se a inexistência de mera evidência de que a acção agora desenvolvida é sequer benéfica financeiramente para a SATA”, lê-se num comunicado da APAVT. No entender da Associação, “para além da infelicidade da rapidez da acção, subsistem mais dúvidas.” Defendendo “o primado da iniciativa privada, porque razão a emissão de bilhetes é, pelo que se percebe, entregue a um organismo público?”, questiona.
“Mais importante: Legalmente, a RIAC tem como atribuições a racionalização, modernização e qualidade do atendimento da Administração Pública regional, com vista à melhoria da interacção desta com os cidadãos.”
“Daqui se retira”, refere o comunicado da APAVT, que das atribuições legais da RIAC “não consta a actividade de venda de bilhetes e reservas de lugares em meios de transporte. Actividade, aliás que, nos termos da lei, é exclusiva das pessoas singulares ou colectivas inscritas no Registo Nacional das Agências de Viagens e Turismo (RNAVT).”
“Ora, tanto quanto se saiba”, prossegue, a RIAC “não tem, ao dia de hoje, RNAVT, pelo que, a confirmar-se que irá desenvolver a mencionada actividade, esta entidade pública estará a incorrer em violação da lei, não só do diploma legal que lhe confere as suas atribuições, mas também da Lei das Agências de Viagens.”
“Os açorianos que hoje se dirigirem às lojas da RIAC vão encontrar colaboradores formados para os apoiarem na resolução dos seus problemas?”, pergunta.
Considera que “face à total ausência de diálogo e/ ou informação sobre um assunto tão importante para o sector,” a APAVT “vai averiguar da legalidade da solução encontrada (a RIAC não está, ao dia de hoje, habilitada, legalmente, a emitir bilhetes de avião), reservando-se o direito de desenvolver todas as acções que se revelarem adequadas à legitima protecção e defesa dos direitos dos nossos associados e dos nossos clientes.”
Releva a Associação, “não encontramos, na história do nosso relacionamento de décadas com a SATA, um momento tão infeliz, com total ausência de parceria, que julgávamos existir; de diálogo, que sempre desenvolvemos; ou de mera informação, que não apenas merecemos, como exigimos.”
Recorda que, no dia 5 de Julho de 2024, o Presidente da SATA, na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, exortava os açorianos “a comprarem mais na SATA, em lugar das agências de viagens. Para além da deselegância da observação, que nunca faríamos em sentido inverso, percebemos agora também o desconhecimento total do mercado. Não é com meios de self-booking, ou ainda menos, com vendas ilegais, que se serve o cliente e que se ganha quota de mercado…”, realça.