Nada fazia prever um final indisciplinado, que levou o árbitro micaelense Diogo Botelho a dar o encontro por terminado a 8 minutos dos 90.
O final da tarde de Sábado previa-se de festa no campo João Gualberto. Era a apresentação da versão 2024/25 da equipa sénior do Clube Operário Desportivo, visando a sétima participação no Campeonato de Portugal e a vigésima nona presença a nível nacional, incluindo os campeonatos nacionais das Segunda e Terceira Divisões.
Os simpatizantes do clube da Lagoa acorreram em bom número.
O adversário convidado foi a equipa B do Santa Clara, SAD, que vai disputar o Campeonato de Futebol dos Açores, treinado por Danildo Accioly e auxiliado por Henrique Martins.
O jogo, por vezes rasgadinho, passou a ser interessante a partir do golo do Operário, aos 21 minutos, quando Diogo Medeiros, o melhor jogador, a revelação e o melhor marcador (13 golos) da prova regional de 2023/24, abriu o activo, aproveitando uma má tentativa de saída organizada do sector defensivo “encarnado”.
Porém, nada fazia prever um final indisciplinado, que levou o árbitro micaelense Diogo Botelho a dar o encontro por terminado a 8 minutos dos 90.
Aquando de um pontapé de canto a favor do Santa Clara, nas habituais escaramuças nas áreas, um jogador do Operário surgiu no chão a queixar-se de agressão na cabeça do santaclarense Dramé. Oportunidade para a confusão, com empurrões, discussões até os mais ponderados conseguirem terminar com a refrega. O árbitro mostrou um cartão amarelo a Mamadu e outro a Yaya Dramé.
A 12 minutos do final regressaram as cenas da falta de clarividência de alguns protagonistas. O Santa Clara tinha dado a volta ao marcador, com os golos de Cristian Silva, aos 48 minutos, na conclusão de uma boa combinação com João Ventura, e de Enzo Gomes, de 16 anos de idade, ex-Belenenses, ao ser mais rápido do que os “centrais” alcançando a bola lançada com perfeição por Filipe Freitas.
“Incêndio” antecipou o final
O guarda-redes brasileiro Miqueias, entrado 2 minutos antes no Santa Clara para o lugar de Rodolfo, fez falta para penálti sobre Dasailly. Quando a bola estava na marca, Diogo Medeiros lançou uma injúria para Miqueias, que, prontamente, o agrediu. Nova celeuma. Mais uns empurrões. Expulsão dos dois jogadores. Confusão reacendida. O dirigente do Santa Clara, Hernâni Melo, conduziu o guardião até ao balneário, alvo de impropérios no percurso.
O juiz de campo Diogo Botelho juntou na linha lateral responsáveis pelas duas equipas, questionando-os se concordavam com a reentrada de Rodolfo para a baliza, saindo um jogador (Enzo Gomes foi o sacrificado). Com a aceitação, a bola foi recolocada na marca de penálti e Manuel Sousa estava pronto para tentar marcar o 2-2.
Nova confusão. O jogador “encarnado” William Cristóvão, também de 16 anos, não se conteve com uma provocação de um opositor. Perspectivava-se novo “sururu”. O árbitro, que não tinha policiamento atendendo tratar-se de um jogo de preparação, não permitiu que o penálti fosse marcado, dando o encontro por terminado. Nem acedeu aos pedidos de alguns jogadores, mesmo do Santa Clara.
Mais umas trocas de palavras sem filtro, terminadas com os mais sensatos a serenarem os ânimos, mesmo de quem deveria contribuir para a calma.
Por parte do Santa Clara, os jogadores, reunidos junto ao banco de suplentes que lhes foi destinado, foram alvo de reprimenda, principalmente dirigida aos prevaricadores, por parte do dirigente Hernâni Melo e do treinador Accioly. Um aviso para não repetirem cenas iguais.
Um jogo que prometia ficou manchado por actos desnecessários, que machucam a reputação.
Operário equilibrado
O treinador Bruno Vieira optou por fazer alinhar inicialmente um conjunto de jogadores que se sagrou campeão dos Açores. A única novidade foi a do jovem avançado Lucas Santos, vindo do Desportivo de Rabo de Peixe.
A equipa optou por dar a iniciativa ao Santa Clara, defendendo com precisão, para apostar no contra golpe.
O “onze” do Operário foi: João Cunha (Fábio Mesquita, ex-Tirsende, 39m); Gonçalo Reys, Igor Cartaxo, Ricardo Carvalho e Mamadu Candé: Dani Sousa e Fredrick Agyemang; Jarju e Manuel Sousa; Lucas Santos (ex-Desp. Rabo de Peixe) e Diogo Medeiros.
Na segunda parte a equipa lagoense apresentou uma equipa remodelada em quase 100%: Fábio Mesquita (Hugo Viveiros, 67m); Desailly (ex-Desp. Rabo de Peixe), Pedro Tavares (ex-Desp. Rabo de Peixe), Prince Adicco (ex-Camacha) e Mamadu Candé; Rafael Benevides (ex-Desp. Rabo de Peixe), Paulo Varão (ex-União Micaelense), Dani Sousa e Jailson Silva (ex-Moncarapachense); Diogo Medeiros e Carafala Camará (ex-Vila Caiz).
Beto Lopez (ex-Vilar de Perdizes) foi o único jogador contratado esta época pelo Operário que não alinhou.
Pelo que ficou demonstrado, a equipa está equilibrada em todos os sectores, com opções válidas. Se há conhecimento das aquisições oriundas do clube de Rabo de Peixe e do jovem Paulo Varão, outro regresso a casa, as vindas dos cinco de clubes do exterior o tempo confirmará as apostas. Demonstraram pormenores interessantes. Fábio Mesquita mostrou segurança entre e fora dos postes e Jailson Silva pode ser um bom elemento para esticar o jogo.
A formação “fabril” realizou três jogos de preparação no norte do Continente. Ganhou aos Sub-19 do Varzim por 7-1 e aos Sub-23 do Famalicão por 2-0, perdendo, por 3-1, com os Sub-23 do Rio Ave.
O Operário inicia a série D do Campeonato de Portugal na Lagoa. A 18 de Agosto recebe a equipa B do Estrela da Amadora, campeã da Associação de Futebol de Lisboa. Uma série sempre difícil com equipas das zonas de Lisboa, Setúbal, Alentejo e Algarve.
Santa Clara com experiência e juventude
A equipa B do Santa Clara vai disputar as taças de Honra e de São Miguel e o Campeonato de Futebol dos Açores. Está a treinar há praticamente um mês. Quando for dado o pontapé de saída nas provas de seniores a 15 de Setembro, os jogadores do Santa Clara apresentarão uma rodagem e um ritmo diferentes das equipas concorrentes que ainda não começaram os treinos.
Havia a expectativa de saber quais os jogadores que Danildo Accioly apresentaria na Lagoa. Há um núcleo formado pelos guarda-redes Rodolfo e Sérgio Dutra, pelos jogadores de campo Dramé, Ruben Pestana, Minhoca, João Ventura e Lucas Reis e os restantes serão repescados nas equipas de Sub-23, Sub-19 e de Sub-17, pelo que semanalmente podem surgir alterações.
Na Lagoa alinharam de início os jovens Filipe Freitas e Xavier Almeida, ambos de 17 anos, vindos da equipa de Sub-17 do Desportivo de Rabo de Peixe e com passagem pelo Desportivo de São Roque. Na lateral esquerda actuou outro elemento vindo da equipa de Rabo de Peixe. Marcos Pacheco, que já alinhou nos Sub-19 do Santa Clara.
Na segunda parte entraram dois jovens que actuaram nos escalões inferiores do Santa Clara, como André Cunha e Cristiano Frutuoso.
A formação de Ponta Delgada, que treina e realizará os jogos oficiais no campo José Leste, em Água de Pau, apresentou: Rodolfo (Miqueias, 75m); Filipe Freitas (Diogo Pimentel, 69m), Yaya Dramé (André Castelhano, 75m), Eduardho Marcante e Marcos Pacheco (André Cunha, 69m); Ruben Pestana (Cristiano Frutuoso, 75m) e Xavier Almeida (William Cristóvão, 45m); João Ventura (Gustavo Veiga, 65m), Minhoca (Enzo Gomes, 65m) e Lucas Reis (Gonçalo Antunes, 65m), Cristian Silva (Diogo Nascimento, 65m).