A Praia do Calhau d’Areia, situada na Maia, no concelho da Ribeira Grande, foi interdita a banhistas pelo Delegado de Saúde por suspeita de “valores anormalmente altos para a bactéria Escherichia coli” encontrada no musgo que bloqueia a zona balnear)” confirmou ao Correio dos Açores’ a Secretaria Regional do Mar e das Pescas.
Por uma questão de precaução e salvaguarda da saúde pública, a praia conhecida como Calhau d’Areia, na freguesia da Maia, está desde os finais de Julho, interditada a banhos.
Com efeito, em comunicado nas redes sociais, a Junta de freguesia da Maia já vinha informando que esta zona balnear está vedada aos banhistas desde o passado dia 27 de Julho, tendo-se apurado, igualmente, junto deste órgão autárquico que “não é a primeira vez que isto acontece, pois, nestes últimos dois anos, o Calhau d’Areia tem sido interditado, intermitentemente, devido a contaminação microbiana”.
A detecção da bactéria
A Câmara Municipal da Ribeira Grande efectuou controlos das águas da zona balnear e, neste controlo, detectou-se valores anormalmente altos para a bactéria Escherichia coli (E. coli) que, por norma, pode indicar uma contaminação fecal e, por uma questão de precaução, o Delegado de Saúde interditou a prática de banhos nesta área balnear.
Por norma, passados dois três, dias, nestas situações, deve-se efectuar uma contra-análise que habitualmente indicam valores que são normalmente baixos. No entanto, com a fraca agitação do mar que, se tem mantido anormalmente calmo nas últimas semanas, bem como a elevada temperatura da água do mar, contribuíram para uma maior dispersão e diluição deste elemento contaminador.
Segundo apurou o Correio dos Açores, a contra-análise foi feita ontem e amanhã ou no dia 9 deve ser conhecido o novo resultado.
Empenho em resolver o problema
Confrontada com esta informação, a Secretaria do Mar e das Pescas diz não ter “conhecimento do histórico da zona balnear”, acrescentando que “as gestões em questão das competências relativas às zonas balneares da orla costeira estiveram a cargo de outro departamento do Governo, aquando da alteração orgânica do Governo”, mas admite ser “necessário conjugar estes os departamentos governamentais para compreender o histórico desta praia e, assim entender-se se há algum padrão existente”.
Não obstante, quer a Direcção Regional de Políticas Marítimas, quer a Câmara Municipal da Ribeira Grande procederam a um pedido de análises que foi agendado para, ontem, dia seis de Agosto, sendo expectável que no próximo dia nove de Agosto, Sexta-feira, possam vir a confirmar a contaminação desta bactéria, de forma a se garantir a abertura segura desta praia.
Tudo indica que esta poluição microbiana ocorreu devido à fraca agitação do mar que se tem mantido anormalmente calma, nas últimas semanas, no interior da baía da Maia bem como à elevada temperatura da água do mar, que contribuíram para uma maior dispersão e diluição deste elemento contaminador (bactéria E. Coli).
Quer da parte do Governo Regional, quer da Câmara Municipal da Ribeira Grande, estão a ser efectuadas todas as diligências e acções necessárias para que nesta zona se garanta a boa qualidade da água e o normal retomar dos banhistas a esta praia.
O facto é que a grande quantidade de musgo que se concentrou no interior da zona balnear não só interditou a praia como também emana um cheiro nauseabundo para as centenas de turistas que, diariamente, e sobretudo ao fim-de-semana, fazem o trilho da Maia à Praia da Viola.
Populares manifestam desagrado
Populares contactados pelo Correio dos Açores, na Maia, disseram que os musgos já deveriam ter sido retirados da baía onde se encontra a zona balnear logo que apareceram, tal como a Câmara Municipal de Ponta Delgada foi fazendo nas praias do Pópulo e das Milícias. Deixando o musgo no local, ele, com o tempo, começa a apodrecer a o cheiro vai-se tornando insustentável.
“Não faz sentido ter este musgos aqui concentrado durante tanto tempo numa zona em que passam diariamente muitos turistas”, disse um dos moradores.
O que é a Escherichia coli?
A Escherichia coli (E. coli) compreende um grupo de bactérias Gram-negativas que residem normalmente no intestino de pessoas saudáveis, mas algumas cepas podem causar infecção no trato digestivo, trato urinário ou muitas outras partes do corpo.
As infecções do trato urinário são a infecção mais comum causada por E. coli e as pessoas também podem desenvolver infecções intestinais ao comer alimentos contaminados (como carne moída mal cozida), tocar em animais infectados ou engolir água contaminada. As infecções intestinais podem causar diarreia, às vezes intensa ou com sangue, e dor abdominal. Os antibióticos podem tratar eficazmente as infecções por E. coli fora do aparelho digestivo e a maioria das infecções intestinais, mas não são usados para tratar infecções intestinais por uma cepa dessas bactérias.
Algumas cepas de E. coli normalmente habitam o aparelho digestivo de pessoas saudáveis. No entanto, algumas cepas de E. coli adquiriram genes que possibilitam a elas causar infecção.
Apesar de se ter interditado a Praia do Calhau da Areia, na Maia, há pessoas que estão a tomar banho na zona.
Trilho entre Maia e a Praia da
Viola não foi recuperado este ano
O trilho pedestre entre a Maia e a Praia da Viola, na Lomba da Maia, está em precárias condições. Os suportes laterais em madeira das 300 escadas do trilho, em zonas inclinadas e com algum perigo, não existem ou cedem com facilidade. Verifica-se, também, que as zonas laterais do trilho não foram roçadas, dando uma imagem de desleixo.
Este trilho, além de proporcionar uma grande dimensão de mar, muita apreciada por turistas do centro da Europa e dos Estados Unidos, tem no final uma queda de água e o acesso à Praia da Viola.
No dia em que o jornalista fez este trilho coincidiu com um dia em que estavam várias dezenas de turistas. Ao contactar com um casal inglês, na faixa etária dos 40 anos de idade que, tinha feito o trilho duas vezes seguidas averiguou, curiosamente, que uma das explicações dadas, na conversa, foi a grande dimensão que aqueles turistas tinham que efectuar ao longo do percurso.
A falta de manutenção do trilho associada à falta de limpeza dos musgos que interditam a Praia da Maia não é, decididamente, um bom cartaz turístico para a Região.
O Correio dos Açores procurou obter esclarecimentos por parte da Junta de Freguesia da Maia, Câmara Municipal da Ribeira Grande e Direcção Regional do Ambiente sobre a recuperação do trilho, mas não conseguiu saber de quem é a competência da recuperação do trilho nem se irão ser efectuados os trabalhos de recuperação.
Neuza Almeida/JP