Carlão, um dos vocalistas dos ‘Da Weasel’, grupo musical que é cabeça de cartaz da décima edição do Festival Monte Verde, afirmou ontem que os Açores e Madeira “são uma parte muito importante da nossa história e da nossa carreira de muitos anos de concertos.”
Os ‘Da Weasel’ vão actuar hoje, perto da meia-noite, num dos festivais mais emblemáticos dos Açores na praia de Monte Verde, na costa Norte de São Miguel.
“Queríamos distribuir geograficamente, de Norte a Sul do país: fizemos Lisboa, fomos para cima, depois para baixo. Açores e Madeira tinham que ser. Temos aqui muitas memórias, algumas perderam-se naturalmente, são muitos anos. Estamos muito felizes por estar aqui,” afirmou o vocalista.
“É um cartaz bastante apelativo neste sítio privilegiado. Estamos com muita pica para tocar aqui, visto que fizemos várias ilhas dos Açores. São Miguel foi, naturalmente, uma delas. Tocamos em variadíssimas ilhas e temos muitas histórias boas passadas aqui. Não temos dúvidas de que será uma noite memorável,” afirmou Carlão.
Quando questionado pelos jornalistas sobre se os ‘Da Weasel’ podem influenciar a nova geração, Carlão deu o seu próprio exemplo: “Tenho uma miúda em casa de 010, como os putos dizem agora, eles não dizem 2010. E essa miúda de 010 acabou por gostar muito de ’Da Weasel’, mesmo sem ter mostrado muito – a mãe é que lhe mostrava mais. A verdade é que hoje em dia ela conhece bem os ‘Da Weasel’.”
“Não temos Tik-Tok”
“Tivemos algumas coisas interessantes de trends na rede social TikTok muito inesperadamente, visto que não temos TikTok. Acho que as canções têm ultrapassado aquilo que para muitos músicos é o teste supremo: o teste do tempo. Felizmente, as músicas que saíram desde 1995 até 2007 são intemporais,” realçou.
“Tenho visto muitos putos com muito interesse e curiosidade sobre os ‘Da Weasel’. Portanto, há uma coisa que acontece, os pais passaram o testemunho aos filhos. Vimos muito esta situação no festival ‘NOS Alive’, onde tanto os pais como os filhos estavam a curtir e a abanar o capacete. Gostamos de pensar assim,” disse.
“ É óbvio que um adolescente que está no seu prime tem aquelas referências da adolescência que estão a bater agora forte e feio. Ao mesmo tempo em que têm essas referências, olham os ‘Da Weasel’ com muita curiosidade e acho que é uma oportunidade para satisfazer essa curiosidade e verem uma banda que é muito singular ao vivo, com uma energia muito diferente. Só o facto de ser banda, cada vez há menos, acho que é interessante para os miúdos verem algo diferente,” sublinhou.
As influências dos ‘Da Weasel’
Perante a questão sobre que mensagem os ‘Da Weasel’ pretendem passar com os seus concertos, Carlão respondeu que “se é certo que temos uma grande influência no hip-hop, se vês um concerto dos ‘Da Weasel’, vês muitas coisas diferentes a acontecer em cima daquele palco. Somos todos músicos com escolas que começaram nas bandas de garagem, que tiveram bandas de metal e bandas góticas. Vês e ouves reggeaton, podes ouvir música hardcore, ouves hip-hop mais convencional, ouves um bocado de tudo. Acho que somos todos muito diferentes, mas também somos parecidos em algumas coisas.”
No entender de Carlão, a música, de facto, “é transversal a toda a gente. Dentro das nossas diferenças e as nossas referências musicais, acabamos por juntar aquilo tudo e, de uma forma muito estranha, aquilo tudo acaba por bater certo. Acho que é mesmo a frase do músico Chico Buarque: ‘Faça como eu faço / Aja duas vezes antes de pensar’. Ou seja, não nos importa muito se estamos a fazer algo que é uma balada e logo a seguir fazemos uma cena para arrebentar tudo. Temos muitas referências. Gostamos muito de música. Tentamos meter o máximo em cima do palco.”
“O espectáculo foi trabalhado quase em exclusivo e foi criado para ser grandinho. São momentos especiais e o facto de não tocarmos tanto faz com que estes momentos sejam ainda mais especiais. São momentos únicos que vamos usufruir com os nossos fãs amanhã (hoje) à noite, aqui na Ribeira Grande.”
Razão para não haver CD
Questionado sobre se estavam a planear lançar um novo CD, Carlão disse que, “se calhar, as pessoas não têm noção do que significou para nós fazer um concerto, que era para ser em 2020 e depois em 2022. Depois não tocávamos juntos há praticamente uma década. Isto deu-nos uma carga mental muito pesada. O processo de ensaios e tudo mais foi muito intenso, porque sentíamos que tínhamos uma grande responsabilidade e, francamente, não tivemos cabeça para mais nada que não voltar a tocar aquele temas com uma grande pica e com grande energia e fazê-los bem.”
“Na verdade fizemos, na semana passada, o nosso terceiro concerto desde o regresso. Era o que dizia à bocado: estamos focados no próximo concerto. Neste momento não foi feito nem desenvolvido nenhum trabalho nesse sentido (de fazer um novo CD). Temos estado focado nos ensaios e nos concertos. O futuro o dirá,” respondeu.
“A grande novidade”
Quando questionado sobre se uma das razões para não lançarem um CD foi o facto de se empenharem nas carreiras a solo, Carlão respondeu que “não tem a ver necessariamente com as carreiras a solo. Antes de mais, queremos desfrutar dos concertos ao vivo. Estamos a tocar quase como se fosse pela primeira vez e isto é uma sensação impagável. Estamos a tocar para pessoas que já nos queriam ver há muito tempo e para pessoas novas. Este é o nosso foco e depois logo se vê.”
“A grande novidade, por mais estranho que pareça, é estarmos a tocar melhor ao vivo. Pelo menos tem sido esse o feedback por onde temos passado e esperemos que aqui não seja diferente,” completou.
O próprio espectáculo em si “é diferente. É um espectáculo que foi trabalhado quase exclusivo e que foi criado para ser grandinho. São momentos especiais e o facto de não tocarmos tanto faz com que estes momentos sejam ainda mais especiais. São momentos únicos que vamos usufruir com os nossos fãs amanhã (hoje) à noite, aqui na Ribeira Grande.”
FF/FT