O Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, confirmou ontem ao ‘Correio dos Açores’ que já foi retirada a interdição a banhos à zona balnear não classificada, a qual se designa de ‘porto de pesca’ da Maia.
Analises efectuadas à baía interior da zona balnear do areal do porto detectaram, inicialmente, a bactéria E.Coli que, entre outras consequências, afecta os intestinos dos seres humanos. As segundas análises, cujos resultados foram agora conhecidos, demonstraram que os parâmetros das águas “já estão normais” pelo que foi retirada a interdição a banhos, explicou Alexandre Gaudêncio.
O autarca deixa claro que o designado ‘areal do porto de pesca’ não é da responsabilidade da Câmara da Ribeira Grande e que a sua preocupação é resolver o problema que está na origem do aparecimento das bactérias.
A edilidade detectou três avarias em estações elevatórias de saneamento básico da freguesia da Maia e a consequência foi despejar as águas residuais para o mar numa zona próxima do areal do antigo porto de pesca.
O autarca deixa claro que o aparecimento da bactéria nada tem a ver com os musgos concentrados junto ao areal do antigo porto de pesca e quando questionado sobre se a autarquia iria retirar o musgo, respondeu que o areal não é da responsabilidade da edilidade e que “não está prevista nenhuma intervenção” nas zonas balneares.
Os musgos têm provocado maus cheiros na zona não só aos locais como às centenas de turistas que fazem o trilho entre a Maia e a Praia da viola.
Trilho é competência
do Ambiente
Alexandre Gaudêncio realçou, por outro lado, que as águas da zona balnear do Calhau da Maia não foram afectadas pela bactéria, pelo que tem estado sempre apta a banhos.
Colocado perante a constatação de que o trilho entre a Maia e a Praia da Viola está em precárias condições de conservação, o Presidente da Câmara da Ribeira Grande afirmou que a manutenção deste trilho é da responsabilidade da Direcção Regional do Ambiente.
‘Zero’ põe em causa análise
às águas nos Açores
Entretanto, a associação ecológica ‘Zero’ é de opinião que os Açores “não têm informação actualizada sobre a qualidade das suas águas balneares.” Denuncia que, segundo a Antena 1 Açores, surgiu na avaliação que a Associação fez à qualidade das águas em todo o território nacional e Madeira.
“Os dados do ano passado sobre a qualidade da água nas zonas balneares dos Açores não servem. Os cidadãos devem estar informados dia-a-dia, hora-a-hora”, segundo a associação ‘Zero’.
Essa informação deve estar disponibilizada no Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, segundo refere: “Se alguém for ao SNIR, não tem quaisquer dados relativos aos Açores. Mesmo indo aos sítios da internet do próprio Governo Regional dos Açores diz-se que deve ser consultado o Sistema Nacional, ou então, estão presentes análises do ano passado”, disse Francisco Ferreira, da Associação Zero, à Antena 1 Açores.
Apesar desta falta de informação a percepção geral é a da qualidade geral da água. “Tudo indica que não haja problemas significativos, excepto o que aconteceu nas praias das Milícias e do Pópulo, em Ponta Delgada, com um derrame de óleo que foi observado e que levou à interdição temporária das praias. Mas em termos de contaminação microbiológica não se verifica, à partida, nenhum episódio”, afirma Francisco Ferreira. Os dois casos referenciados na ilha de São Miguel sobre a contaminação de algumas zonas balneares já foram, entretanto, resolvidos. J.P.