Edit Template

Casos de verão

Vale para a sanidade mental da maioria da população, que a temperatura da água apela a um mergulho seguido de outros. Churrascadas entre amigos e familiares, viagens e divagações mentais próprias deste período rico em nada fazer.
O ócio tão característico do mês de agosto, ainda mais característico deste caseiro país ocidental da europa, engalana-se com todo o seu esplendor por estes dias, nas praias, nas esplanadas, nos alojamentos locais do interior do país, nas casas rústicas e nos palheiros transformados em quartos para arrendar.
O turismo dos nossos e dos outros voltou aos tempos em que era a valer, e isso sente-se na economia, nos pequenos negócios e nas grandes negociatas de que só ouvimos falar. Só ouvimos falar pouco de quem governa. E isso é bom para eles. E para nós.
Sobre os filhos dos desempregados e as creches, o nosso presidente parece ter terminado mais cedo o caso que mantinha com José Pacheco. E este, amuado, já transmitiu ao povo que qualquer dia acaba com a bonita relação.
De vez, diz ele. Tudo leva a crer que a aprovação do documento – sem consequências páticas, para além da celeuma nacional que criou – serviria de veludo para José Manuel Bolieiro ceder ao partido de direita mais radical. Ao contrário do que fez Luís Montenegro, o presidente do governo da região nunca afastou perentoriamente o Chega da negociação dos documentos que suportam o executivo, e agora queimou-se mais uma vez.
Esta foi uma polémica que até deu jeito ao primeiro-ministro, que assim teve mais uma oportunidade de se distanciar de André Ventura e destas idiotices, como se tem afastado o diabo da cruz.
A saúde que não tem andado muito bem, piora sempre quando a população do país cresce exponencialmente com os turistas e os portugueses que regressam à sua terra. A isto acrescenta-se as férias a que os profissionais têm direito, e imaginemos como será difícil fazer escalas de serviço. Um problema que se arrasta há mais de uma década, com o subfinanciamento crónico, a gestão hospitalar deficiente e a pouca autonomia dada a quem tem de decidir em pouco tempo.
A ministra da saúde governa há pouco mais de 100 dias e tem culpa na matéria. Decidiu trocar a liderança da Comissão Executiva do SNS, e a nova direção ainda não deu sinal de vida.
Tal como Pedro Nuno Santos, que tem enviado para as rádios e televisões alguns sargentos fazer a defesa de quem governou durante os últimos oito anos, sem explicar qual a razão para, há um ano ou dois, nesta altura, terem andado grávidas a fazer quilómetros em ambulâncias para serem mães bem longe de casa. Se a política rasteirinha fosse apenas um caso de verão seria um descanso. Mas não é.
Enquanto o líder da oposição faz uns reparos à distância de um teclado, através do X, o primeiro-ministro, acompanhado pelo presidente da República, vai visitar os hospitais em crise.
Eventualmente para fazer um ponto de situação, e responder a algumas perguntas mais incómodas. Um pouco à imagem do que já fez com António Costa, quando alguma polémica rebentava, e o amparo de Marcelo sobre o executivo era a primeira coisa que se ouvia. Não se sabe muito do plano de verão para o SNS, mas admita-se que tem mais buracos do que um queijo de São Jorge com seis meses de cura. Para o executivo nacional, e em particular para a ministra, o que conta é que o tempo de governação que levam, é muito inferior à cura do queijo.
E no fim, na conferência de imprensa final, aparecerão algumas soluções cujas consequências serão muito limitadas. Mas servirão, pelo menos, para aliviar a pressão.
Em Israel e no Irão, os casos parecem ser mais graves, e passarão deste verão com mais mortos, feridos e conflitos regionais para criar. Kamala Harris escolheu um bom candidato a vice-presidente, e após a sua nomeação democrata, parece ter tudo para ser a primeira mulher a presidir à maior potência do planeta em termos económicos e militares.
Puigdemont deve regressar à Catalunha para tentar tomar posse como deputado regional, mas o cárcere será o destino legal mais certo. Com a temperatura a subir, os casos de verão estão ainda no início.

Fernando Marta

Edit Template
Notícias Recentes
Papa Francisco defensor dos pobres e paladino da paz na hora da despedida
Faleceu o Papa Francisco, um homem que viveu junto do povo e foi paladino da paz
Presidente do Governo destaca “importância estratégica” da nova Variante às Furnas
Francisco César visita ‘Correio dos Açores’ e defende pacote de medidas para apoiar órgãos de comunicação social da Região
PJ detém terceiro suspeito de homicídio que estava escondido numa gruta de São Miguel
Notícia Anterior
Proxima Notícia
Copyright 2023 Correio dos Açores