João Tiago Arruda assume-se como um apaixonado por empresas, pessoas e processos. No seu currículo consta a licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (Clássica), em 2009. Em 2010, uma pós-graduação em Direito da Propriedade Industrial e Direito de Autor pela mesma Universidade, em parceria com a Associação Portuguesa de Direito Intelectual. Após cinco anos a trabalhar como consultor na área da Propriedade Intelectual e ser admitido na Ordem dos Advogados, em 2015, decidiu mudar de percurso e dedicar-se às empresas, mas noutra perspectiva: a da Gestão. Em 2016, após doze anos a viver em Lisboa, regressou aos Açores e tornou-se Director-Geral da empresa de publicidade, impressão e comunicação visual Accional. Em 2023, pós-graduou-se em Gestão Empresarial pelo ISEG Executive Education. E agora, em conjunto com Mariana Ponte e Diogo Tavares lançou a Insurgente, uma agência de criatividade, estratégia e comunicação.
Correio dos Açores: Já está nos negócios como gestor, com formação em Direito, o que o leva a fazer parte da empresa Insurgente.
João Tiago Arruda: – Licenciei-me em Direito e trabalhei vários anos em Lisboa como consultor na área da Propriedade Intelectual, muito próximo dos departamentos de marketing e I&D das empresas, e outros tantos cá ligado à Gestão na área da publicidade, mas sempre tive uma enorme paixão pela comunicação e pela criatividade, a qual, até à data, apenas tinha explorado a nível pessoal. Até que cheguei à conclusão de que estava na altura não só de partilhar aquilo que aprendi ao longo destes anos sobre negócios, como também de reconectar com o meu lado mais criativo, mas desta vez ao serviço das organizações.
Fale-nos dos seus sócios, Mariana Ponte e Diogo Tavares.
A Mariana é a nossa Directora Criativa e é licenciada em Comunicação e Design Multimédia, tendo já uma vasta experiência como Brand & Web Designer e Marketeer, na Região e fora dela. O Diogo é licenciado em Gestão e mestre em Ciências Económicas e Empresariais com especialização em Marketing, e é o nosso marketeer e fotógrafo. Ambos têm uma paixão imensa pelo que fazem e, além de pessoas incríveis, são profissionais de excelência.
Que mais valia esta empresa aporta? O que podem oferecer aos clientes de diferente de outras que existem no mercado?
A Insurgente é uma agência de criatividade, estratégia e comunicação que aposta na proximidade do cliente e conhecimento profundo da sua realidade, por forma a oferecer soluções personalizadas, eficazes e que tragam valor efectivo à sua organização. Cremos que a alma é o segredo do negócio, pelo que o nosso objectivo passa por ajudar as organizações a reinventarem-se e reconectarem com a sua essência. Para isso, recorremos a ferramentas da criatividade, do design e do marketing. Gostamos de nos ver como o Departamento de Marketing das empresas que não têm dimensão para ter um e uma extensão do das que o têm. Destacamo-nos no mercado, também, por não nos limitarmos à execução, queremos estar presentes nas várias fases do negócio, desde a ideação à concepção e execução.
Oferecem soluções adaptativas aos desafios emergentes?
Totalmente. E é precisamente aí que queremos estar, pois é a paixão por estes mesmo desafios que nos move. Queremos ajudar os negócios que se querem reinventar, queremos ajudar a dar a volta a uma crise de comunicação com o lançamento de um produto que correu menos bem, queremos ajudar o Sr. António a digitalizar o seu negócio, queremos ajudar a Maria a adaptar o negócio que herdou do pai aos dias de hoje, mas sem comprometer a sua identidade ou a tradição, queremos ajudar o Pedro a transformar a sua produção excedentária de araçá num negócio de compotas ou de sumos naturais, queremos ajudar a Ana a potenciar e internacionalizar a sua carreira com uma estratégia digital de marketing pessoal.
Com que clientes têm trabalhado e que perfil de cliente pretendem alcançar?
Temos feito trabalhos giríssimos. Desde o rebranding de tradicionais mercearias de freguesia, campanhas de marketing digital e tradicional para divulgar medidas governamentais, consultoria na direcção criativa de negócios emergentes, criação da imagem de novas empresas, design de espaços, entre muitos outros. Não distinguimos entre o cliente grande e o cliente pequeno, procuramos, apenas, o cliente com visão e paixão pela sua causa.
Estar nas várias fases do negócio de outras empresas implica estar focado nas exigências. Em que medida a burocracia pode atrapalhar o trabalho do empreendedor?
Como é bem sabido, a burocracia é uma das grandes dificuldades que um empreendedor encontra, especialmente em Portugal. Esse foi um dos motivos pelos quais apostámos em ser uma equipa multidisciplinar – a criatividade e a comunicação são essenciais, mas o Direito e a Gestão, aliados a estas, ajudam-nos a perceber para onde devemos ir da forma mais eficaz e segura. Esta é uma das nossas grandes mais-valias: focamo-nos na criatividade, mas o nosso background ajuda-nos a olhar para o negócio como um todo.
Cada vez mais se fala em falta de mão-de-obra porque os cérebros emigram. Sente que nas suas áreas de actuação isso é uma limitação, ou não?
Julgo que é algo um pouco transversal a todas as áreas, ainda que, até agora, não o tenhamos experienciado. Na verdade, até temos sido abordados por pessoas de cá e de fora que, por se identificarem com os nossos valores, têm demonstrado interesse em juntar-se a nós.
Há capacidade para que os empresários se expandam ou acha necessário recorrer a trabalho no exterior?
Parece-me que, em muitas áreas, essa mão-de-obra em falta necessária à expansão será substituída por ferramentas digitais ou mesmo por inteligência artificial. A transição digital torna-se, cada vez mais, um imperativo, também por causa da falta de mão-de-obra. Em outras áreas, como a construção civil ou afins, as soluções poderão ter de ser de outra natureza.
Para se ser jovem empresário nos Açores, que condições são necessárias?
Para se ser jovem empresário nos Açores, como em qualquer parte do mundo, é necessária muita força de vontade, perseverança, persistência e capacidade de trabalho. A meu ver, as agravantes de se ser empresário nos Açores passam, necessariamente, pela falta de escala devido à nossa dimensão, pelos transportes e o difícil acesso ao conhecimento, advenha ele da academia ou do networking, fruto do nosso isolamento geográfico.
Em que medida a dinamização do empreendedorismo poderá vir a potenciar o crescimento económico da região?
O empreendedorismo promove a inovação, acelera as mudanças estruturais na Economia e força as grandes empresas e as empresas mais tradicionais a actualizarem-se. Tudo isto conduz à produtividade e, consequentemente, ao crescimento económico da Região.
Mas ser empreendedor é, a meu ver, muito mais do que ser empresário – é um processo dinâmico de visão, mudança e criação de valor que implica a aplicação de energia e paixão para criar e implementar novas ideias e soluções criativas. A nossa missão como agência passa por estar ao lado dos empreendedores e ajudá-los a potenciar essa visão e essa paixão com vista ao objectivo máximo – a criação de valor para a Região.
Hoje o trabalho não tem fronteiras. Quais são as áreas geográficas em que actuam?
Trabalhamos essencialmente com empresas da Região, que é onde conseguimos dar o acompanhamento mais próximo e personalizado que preconizamos, mas também já fizemos trabalhos para Portugal continental e para o estrangeiro.
Há quem defenda que os empresários devem ter, a par, um projecto na área social. Qual é a sua visão nesta matéria?
Concordo plenamente. Por definição, as empresas têm como objectivo o lucro, mas eu acho que é muito mais do que isso. As empresas devem é ajudar a resolver problemas da sociedade e criar valor, e o lucro é uma pequena parte desse valor criado. Como tal, acho que faz todo o sentido a responsabilidade social ter lugar no seio das empresas e no coração dos empresários.
Como acha, no geral, que está a economia regional?
Na minha óptica, a economia regional precisa de mais inovação e diversidade. Considero, também, essencial a transição digital que proporcionará a abertura de muitos negócios ao mundo.
Vivemos num mundo global e os Açores têm um potencial enorme para se abrirem ao exterior, o essencial é que o façam de forma estruturada e sem perder a sua essência e a sua identidade.
Nélia Câmara
