Questionar porque a administração da sociedade da Santa Clara impediu a saída de alguns jogadores que se notabilizaram na brilhante campanha da Segunda Liga, abdicando de receitas pela venda dos passes e, em conjunto com a equipa técnica, decidiram pela manutenção da grande maioria dos jogadores, faz todo o sentido.
Geralmente as equipas provindas do segundo escalão promovem muitas saídas e muitas entradas. Vejam-se o Nacional, com 16 ingressos e 11 retiradas, e o AVS, com 10 contratações e 10 transferências para outros clubes. No Santa Clara foram 6 os novos que integram o plantel, porque Jader Gentil, que fez toda a preparação na pré época, foi cedido ao Universidad Católica, do Chile, e porque o defesa Pedro Pacheco, operado Sexta feira ao ligamento cruzado anterior do joelho direito, vai ter uma longa paragem, obrigando a contratação de mais um “central”. As saídas do grupo que concluiu o campeonato da época passada são de apenas 4.
Sendo o pelotão campeão da Segunda Liga composto por jogadores que entram na maioria das equipas da Primeira, fez todo o sentido mantê-los. Há o conhecimento, há o espírito de grupo que prevalece e que foi uma das primeiras conquistas e mantêm-se os processos de jogo que transmitem as garantias para uma caminhada sem grandes oscilações.
E foi o que a equipa propagou na época passada que se viu na calorenta tarde de Domingo no campo do Estoril. Uma formação personalizada, com uma forte dinâmica colectiva, com os jogadores compenetrados na concretização da estratégia preparada para um adversário que tem valia, mas impotente para segurar a forma como o Santa Clara actuou.
Desde o primeiro minuto viu-se uma equipa autoritária, impedindo o opositor de se organizar e de formalizar uma jogada ofensiva de perigo. Sem que nada o fizesse prever, aos 19 minutos houve uma falha de marcação à entrada da área e o passe do marroquino Yanis Begraoui permitiu que o venezuelano Alejandro Marqués colocasse o Estoril a vencer por 1-0.
A turma do Santa Clara não estremeceu. Manteve o mesmo critério, o mesmo sentido de jogo e a mesma posse de bola (63% no final da primeira parte), embora não conseguisse criar ocasiões de golo. Porém, a 1 minuto do intervalo Vinicius Júnior pegou na bola a meio campo, embalou e perto da área rematou rasteiro e colocado para o 1-1.
Dinâmica fundamental
Na segunda parte manteve-se a mesma dinâmica, com mais alguma velocidade. Começaram a surgir as oportunidades de golo. Primeiro por Sidney Lima e depois por Safira, até que um flagrante derrube do guarda redes Dani Figueira a Gabriel Silva possibilitou, aos 70m, que Alisson Safira marcasse de penálti o 2-1.
A partir daquele golo o Santa Clara manteve o procedimento, sempre com muita concentração, ao ponto de em duas jogadas geniais ampliar para um inesperado resultado.
Ricardinho pegou no passe de MT para iniciar e concluir (74m) o 3-1, numa jogada que teve a assistência final e primorosa de Safira.
Outro momento digno de realce foi a jogada do 4-1, de uma envolvência de compêndio. Os recém entrados na equipa e no grupo Matheus Pereira assistiu João Costa, estreante na Primeira Liga, vindo do FC Alverca como melhor marcador da Liga 3, para estabelecer a marca final aos 84m.
Sete remates à baliza
Na difícil maratona que foi a Segunda Liga, o Santa Clara sofreu poucos golos mas marcava poucos também, os suficientes para atingirem as vitórias.
Já nos jogos de preparação foi transmitida uma eficácia diferente. Muitos golos obtidos.
A época é muito comprida e muito se irá passar. Haverá momentos bons e outros menos bons. A meta é a permanência. Atingir os 33/35 pontos para evitar a ida aos jogos de passagem com o terceiro classificado da Segunda Liga e a descida directa é o desiderato principal.
A atestar o domínio em todo o jogo, o Santa Clara terminou com 59% de posse de bola, com 12 remates, 7 dos quais direccionados à baliza do Estoril, mas cometeu 20 faltas contra 11 do adversário, cujos jogadores foram admoestados com 6 cartões amarelos (3 para os do Santa Clara).
O Estoril rematou por 4 vezes apenas e em dois a bola foi à baliza, elucidando como foi manietado pela prestação dos atletas do Santa Clara.
Numa equipa que valeu pelo conjunto, destacam-se as exibições de MT, de Pedro Ferreira e de Adriano Firmino.
Refiram-se as ausências de Bruno Almeida e de Rafael Martins, que nem no lote de suplentes estiveram. Perspectiva de saídas?