A pastelaria do Centro Social e Cultural da Atalhada já conta com 25 anos de actividade. Nuno Martins, o dirigente daquela instituição, realça o seu potencial económico e afirma que querem criar um espaço comercial que disponibilize produtos ‘inovadores’ conectados com aquilo que são os objectivos da economia social e solidária.
Fundada a três de Maio de 1999, a pastelaria do Centro Social e Cultural da Atalhada é responsável pela confecção caseira de vários doces e salgados na freguesia do Rosário. Esta valência do Centro Social e Cultural da Atalhada foi criada no âmbito do Projecto de Luta Contra a Pobreza “Lagoa Vale a Pena” e possui uma pequena loja denominada de “Sabores DA’Talhada”, onde se comercializa produtos da doçaria tradicional, entre os quais, a queijada de batata (batata-inglesa), a primeira iguaria de pastelaria inventada por Deolinda Ponte, antiga formanda.
Visando o potencial económico desta Pastelaria, o Centro Social e Cultural da Atalhada, tem procedido a uma reestruturação estratégica com o intuito de criar um espaço comercial que disponibilize produtos inovadores conectados com aquilo que são os objectivos da economia social e solidária.
A origem da pastelaria
e das queijadas de batata
Inicialmente denominada Senhora do Monte, a actual pastelaria (Sabores DA’Talhada) foi criada como valência do Centro Social e Cultural da Atalhada, integrada num projecto de luta contra a pobreza, que tinha como objectivo dar apoio às famílias carenciadas, proporcionando-lhes formação para serem reinseridas no mercado de trabalho em áreas como a pastelaria, artesanato e carpintaria.
“A área da pastelaria teve início nas instalações de Água de Pau, com um grupo de cerca de 10 formandas orientadas por Deolinda Ponte. Alguns dos produtos confeccionados eram de conhecimento geral, mas outros eram criados e recriados pelas próprias formandas”, como explicou Sara Bulhões, coordenadora do Centro Social e Cultural, no âmbito do projecto TASTE que é desenvolvido pelo CEEAplA (Centro de Estudos de Economia Aplicada do Atlântico e pelo CHAM – Centro de Humanidades da Universidade dos Açores, com a colaboração da Direcção Regional da Cultura.
A queijada de batata “tem uma história distinta ligada à comunidade local”, disse Sara Bulhões. E contou que uma vez que as instalações em Água de Pau eram muito grandes, optou-se por ter um espaço de venda directa ao público com os produtos ali confeccionados e acrescentou-se a comercialização de produtos de cafetaria. Inicialmente, o estabelecimento era frequentado pelos familiares dos formandos e pela população local. Mas, contou a coordenadora, que havia um senhor em particular que tomava o seu café diariamente e que os funcionários tinham conhecimento de que ele não tinha grandes possibilidades para o fazer. Mas, a dada altura, o senhor percebeu que não tinha condições para pagar todas as bebidas em dívida e decidiu levar um saco de batata, pagando com aquilo que ‘a terra lhe dava’. Foi a formadora Deolinda que tratou de dar uso a essas batatas colocando a sua criatividade em acção: “Visto que se tratava de uma pastelaria, a Deolinda lembrou-se de fazer umas queijadas de batatas, apesar do cepticismo das formandas. Após algumas tentativas, o que é certo é que se encontrou a receita perfeita, sendo conhecida nas redondezas desde essa época (1999)”, conclui Bulhões.
Inicialmente este produto começou a ficar conhecido através do “passa palavra” na zona de Água de Pau e outras freguesias de Lagoa, mas, actualmente, já se comercializa em pequenos espaços comerciais, como minimercados e cafetarias, de outras localidades da ilha de S. Miguel.
O potencial comercial e o futuro da pastelaria
No diz respeito ao futuro da Sabores DA’Talhada, Nuno Martins, Presidente do Centro Cultural e Social da Atalhada, diz que a pastelaria tem vindo a sofrer várias transformações no âmbito económico. “Primeiramente, estava localizada em Água de Pau, depois no Porto dos Carneiros e, de momento, no centro da Lagoa, no Rosário. Fizemos uma alteração estratégica para agrupá-la no centro da cidade de Lagoa, porque nos pareceu mais interessante em termos comerciais”, elucida Nuno Martins, Presidente do Centro Social e Cultural da Atalhada.
Para além da mudança de localização, está prevista uma reorganização económica: “estamos já em testes para novos produtos que serão inseridos no mercado, em Setembro, inclusive, para uma receita diferente, pelo menos, das outras que eu conheço”, adianta o Presidente, mostrando confiança nesse novo produto que define como “inovador” e que considera estar mais conectado com os objectivos da economia social e solidária que o Centro Social e Cultural da Atalhada defende, acrescentando que “não vamos parar por aí” porque serão lançados outros produtos, muito em breve que “serão, talvez, mais emblemáticos”.
Nuno Martins explica que a instituição quer criar um espaço comercial com produtos inovadores: “nós terminaremos, em breve, o nosso último mandato. A nossa vontade é que, neste próximo ano e meio, dois anos, se crie um espaço comercial que possa realmente ter produtos inovadores, de alto valor acrescentado e que estejam conectados com aquilo que são os objectivos da economia social e solidária, sendo importante, ainda, a preservação do turismo sustentável e a preservação da nossa cultura e identidade”.
O Centro Social e Cultural da Atalhada quer, assim, criar um mercado social de emprego, na medida em que “não queremos competir com os outros. O que queremos é dar o nosso contributo com um cunho social àquilo que é o nosso papel na sociedade, ou seja, criar um mercado social de emprego, de forma a criar postos de trabalho pessoas e gerar riqueza à nossa economia”.
Além da queijada de batata, a pastelaria da instituição também vende vários doces, que se encontram publicitados na sua página do Facebook, entre os quais, uma queijada de ananás que, segundo o Presidente, também tem tido muita saída.
Neuza Almeida