Aos 93 anos de vida, Álvaro Monjardino partiu para o além, numa viagem sem fim. É o destino que a todos está reservado, e chegada a hora deixa um vazio a quantos durante anos partilharam com Álvaro Monjardino “retalhos de uma longa e proficiente vida” que deixa marcas para o futuro. O primeiro encontro que mantivemos com Álvaro Monjardino foi em 1969, quando ele acolheu em sua casa alguns dos participantes do 1º encontro de jovens da Acção Católica promovido pela Diocese de Angra do Heroísmo, encontro que permitiu uma aproximação entre jovens de São Miguel e da Terceira e que deixou raízes para o futuro.
Depois desse encontro, seguiram-se outros, o que permitiu conhecer melhor as qualidades de Álvaro Monjardino, em termos familiares, assim como no desempenho da actividade profissional como advogado, e mais tarde, em 1975, como político.
Álvaro Monjardino era uma pessoa de convicções próprias, mas disponível para gerar consensos. Era um defensor da Terceira, mas ao assumir a sua função de membro da Junta Regional passou a ser um defensor do projecto Autonómico, no qual participou como membro da comissão que foi criada para o efeito, para a concepção do primeiro projecto do Estatuto Provisório da Autonomia e que era incumbência da Junta Regional, de acordo com o que estava estabelecido por lei do governo provisório. A Comissão nomeada para o efeito era constituída por João Bosco Mota Amaral, Américo Natalino Viveiros, Álvaro Monjardino, José Mendes Melo Alves, Fernando Manuel Faria Ribeiro, Angelino de Almeida Páscoa, José Arlindo Armas Trigueiros, João Alberto Miranda e Roberto de Sousa Rocha Amaral.
Álvaro Monjardino foi também Ministro num governo de curta duração, e deixa além do seu saber e do trabalho executado ao longo dos anos como causídico, um legado político, como Deputado Regional, e Presidente da Assembleia Legislativa durante dois mandatos.
Reconhece-se ainda o trabalho que ele desenvolveu como impulsionador do processo de reconhecimento e aprovação pela Unesco de Angra do Heroísmo da ilha Terceira, nos Açores, como Cidade Património da Humanidade que mereceu o título desde 1983.
Álvaro Monjardino será sempre lembrado pelo contributo que deu para a unidade dos Açores, porque sabia que a divisão que muitos defendiam antes e que muitos defendem agora é um caminho perigoso que levará à submissão de outrora e à perda da açoreanidade.
Aqui ficam os pesamos à família enlutada do amigo de longa data e do Director do Jornal Correio dos Açores,
Américo Natalino Viveiros
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evoca Álvaro Monjardino
Numa nota tornada ontem pública na página da Presidência da República, o Presidente da República, Marcelo Rebelode Sousa, evocou a morte de Álvaro Monjardino.
“É com profundo pesar que o Presidente da República evoca Álvaro Monjardino e apresenta à sua família e amigos as mais sentidas condolências.”
“Personalidade marcante a nível político e cultural, Álvaro Monjardino foi um dos Fundadores dos Açores Autonómicos.”
O Presidente recorda “a sentida homenagem a que presidiu, realizada em 2021, no âmbito das comemorações dos 45 anos da Autonomia dos Açores, com a inauguração da Biblioteca Álvaro Monjardino, na Horta, Ilha do Faial.”
E, na mesma nota, “manifesta a gratidão nacional pelo papel histórico que Álvaro Monjardino desempenhou, desde os anos 70 e até ao século XXI, ao serviço do povo açoriano e de Portugal.”
O Presidente da República pediu ao Representante da República que o representasse nas cerimónias fúnebres de hoje e amanhã (ontem e hoje).
Presidente Luís Garcia manifesta profundo pesar pelo falecimento de Álvaro Monjardino
O Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), Luís Garcia, manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento do primeiro Presidente do Parlamento açoriano, Álvaro Monjardino, que partiu sábado, aos 93 anos de idade, na ilha Terceira.
Para o Presidente Luís Garcia, Álvaro Monjardino foi “uma referência política da Autonomia regional, que muito fez para a valorizar e aprofundar, enquanto Deputado e cidadão participativo”. Nascido a 6 de Outubro de 1930, na freguesia da Conceição, em Angra do Heroísmo, licenciou se em Direito, em Lisboa, dedicando-se, posteriormente, à advocacia. Filiado no Partido Social Democrata, foi Deputado à Assembleia Legislativa Regional dos Açores na I e II Legislaturas, pelo círculo eleitoral da Graciosa, e na III Legislatura pelo círculo eleitoral da Terceira, tendo sido eleito Presidente do Parlamento açoriano nas duas primeiras Legislaturas (1976/1978 – 1979/1984).
Desempenhou as funções de Presidente das Comissões Parlamentares de Assuntos Económicos e Financeiros e de Assuntos Internacionais. Foi ainda Vogal da Junta Regional dos Açores, nomeadamente na área da Coordenação Económica e Finanças.
Foi um dos principais obreiros do processo que levou à classificação do centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo como Património da Humanidade na lista da UNESCO.
A 3 de Setembro de 2021, por ocasião das comemorações dos 45 anos da Autonomia Regional, foi homenageado pela Assembleia Legislativa na inauguração da Biblioteca do Parlamento açoriano, designada, desde essa data por Biblioteca Álvaro Monjardino, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente Luís Garcia, em seu nome pessoal e em nome da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, expressa “as mais sentidas condolências e solidariedade” à família de Álvaro Monjardino extensivas à família política do PSD/Açores.
Pesar do Presidente do Governo dos Açores pela morte de Álvaro Monjardino
O Governo Regional dos Açores, através do Presidente, José Manuel Bolieiro, expressa profundo pesar pelo falecimento de Álvaro Monjardino, “uma figura incontornável na história da Região e um defensor incansável da Autonomia Açoriana”.
Nascido a 6 de Outubro de 1930, na freguesia da Conceição, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, Álvaro Monjardino dedicou a sua vida à causa pública, deixando um importante legado para a afirmação da democracia e autonomia dos Açores.
Licenciado em Direito, com especialização em Ciências Jurídicas, Monjardino destacou-se pela sua inteligência e compromisso com os valores democráticos. Como Deputado à Assembleia Legislativa Regional dos Açores, representando os círculos eleitorais da Graciosa e da Terceira nas I, II e III Legislaturas, teve uma participação ativa e influente em diversas Comissões Parlamentares, contribuindo significativamente para o progresso político, económico e social dos Açores. A sua dedicação à causa pública foi constante, sempre orientada por um profundo sentido de responsabilidade e pelo desejo de ver a Região prosperar.
Nos períodos de 1976 a 1978 e de 1979 a 1984, enquanto Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Monjardino desempenhou um papel crucial na consolidação da autonomia regional, uma das suas grandes paixões. A sua postura foi marcada por uma visão clara do futuro dos Açores e por uma defesa intransigente dos direitos e interesses dos açorianos.
José Manuel Bolieiro sublinha que o exemplo de vida pública de Álvaro Monjardino é “uma referência para todos os que servem os Açores”.
“A sua dedicação, integridade e compromisso com o bem comum são virtudes que continuarão a inspirar gerações futuras”, frisa o governante.
Em nome do Governo dos Açores, o Presidente expressa as mais sentidas condolências à família e amigos de Álvaro Monjardino, afirmando que a sua memória permanecerá viva na história dos Açores e no coração de todos os que partilham a paixão pela nossa terra.
Carlos César distingue a “solidez das convicções” de Álvaro Monjardino
O Presidente do Partido Socialista nacional, Carlos César, tornou pública na sua página no Facebook uma nota a propósito do falecimento de Álvaro Monjardino, que é do seguinte teor:
“Faleceu Álvaro Monjardino, primeiro presidente da Assembleia Legislativa dos Açores. Conhecemos -nos nos anos 70. De forma mais próxima e permanente, a partir do momento em que, em 1980, fui eleito deputado no parlamento açoriano.
As suas qualidades intelectuais, a autonomia e solidez das suas convicções e o seu entendimento político próprio distinguiam-no dos demais e trouxeram-lhe, inclusive, dificuldades no partido a que esteve ligado no início do seu percurso político.
Guardo as melhores recordações do nosso relacionamento e da ajuda que nunca me recusou em várias ocasiões; incluindo em assuntos que me ocupavam e preocupavam quando presidi ao Governo dos Açores.
Manifesto o meu pesar, que transmito à sua família e amigos.”
