A Garagem de São José foi o ponto de encontro para muitos micaelenses entre 1965 e 2006, especialmente para “quem ia encher o combustível ou para encher o pneu da bicicleta”. O espaço reabriu as portas a 10 de Maio deste ano, com um novo conceito. Localizada na rua de Lisboa, o espaço tem várias vertentes, como a venda e o aluguer de motos, a oficina aberta e um espaço de restauração. Carolina Brito Esteves, Vice-presidente da AC Cymbron, explica há quanto tempo planeavam reabrir o espaço, a oferta disponível na Garagem de São José e como surgiu o seu gosto pelo sector das motos.
Correio dos Açores – A Garagem de São José reabriu as portas a 10 de Maio deste ano, na Rua de Lisboa para vender motos. Qual tem sido o balanço?
Carolina Brito Esteves (Vice-presidente da AC Cymbron) – Nós abrimos este espaço com um conceito totalmente diferente de aquele que já tínhamos na anterior loja, que era localizada no Azores Park. Até ao momento, o balanço tem sido bastante positivo, especialmente com o aumento da equipa comercial e da nossa oferta na gama de acessórios e de motos.
Fizemos igualmente um reforço na oficina, passamos a ter o André Cabral, que é uma pessoa muito conhecida no mundo das motos, como nosso chefe de oficina. Além disso, também abrimos uma vertente de bar, no qual temos refeições ligeiras, pelas mãos do nosso chefe André.
Afirma que aumentou o número de oferta de acessórios e motos. Quais são as marcas que colaboram com a Garagem de São José?
Na parte das motos, temos todas do grupo Piaggio, ou seja, a Vespa, a Aprillia, a Moto Guzzi e a Piaggio. E depois ainda temos a Macbor, a Fantil e a Sherco.
A nível de acessórios, continuamos a apostar na REV’IT! e no calçado da TCX. Em relação aos capacetes, temos diversas marcas para todos os gostos.
Qual é a diferença da Garagem de São José para outros estabelecimentos de motas que existem no mercado?
Todos os estabelecimentos que estão no mercado são bons, têm as suas características e os seus clientes. E acho que a concorrência é sempre saudável.
O nosso espaço é diferente porque abriu como um conceito novo: a oficina é aberta; os clientes podem ver os mecânicos a trabalhar na oficina; e o bar. A introdução do bar permite a ida de pessoas que gostem de motos e de aquelas que querem apenas tomar um café. Ou seja, tem o objectivo de ser um ponto de encontro, que é o nosso lema: “O nosso ponto de encontro são as motos”.
Além disso, este espaço permite-nos fazer eventos, uma vertente que ainda não exploramos muito, entre os quais: dias temáticos; tertúlias; e exposições. Como a Garagem de São José fica localizada no centro da cidade permite-nos fazer isto. A rua de Lisboa tem história para o nosso grupo.
Uma das ofertas da Garagem de São José é a Garage Tours. Como explica o conceito?
O conceito vem de dois lados que agora estão juntos no nosso espaço. Primeiramente, o grupo tem uma rent-a-car e já alugávamos motos. E por outro lado, temos o André Cabral e o Álvaro que na Clínica da Moto já ofereciam os tours de crossroad. Portanto, agora as pessoas conseguem no mesmo espaço alugar motos e marcar um passeio com um guia e ver a ilha de outra perspectiva.
O grupo ACymbron tinha anteriormente a loja ACC Motas, que ficava no Azores Park em 2015. Como está a situação do espaço?
Antes de abrimos a loja de motos em 2015, nós já tínhamos as ferramentas da Black & Decker, na qual já somos os distribuidores. Entretanto, encerramos o ciclo das motas no Azores Park, mas continuamos com a vertente da distribuição das ferramentas. O sector das motos está agora focado na Garagem de São José.
A ideia de reabrir a Garagem de São José estava nos planos há quanto tempo?
Desde antes da pandemia da COVID-19. Eu, o doutor André Esteves, o meu avô e a dona Sónia Borges de Sousa começamos a planear ainda antes da pandemia. Portanto, achávamos que era um espaço que merecia mais alguma dignidade e tínhamos tão boas memórias da antiga Garagem de São José.
O projecto foi lento, tal como as obras foram lentas. A COVID-19 atrasou-nos, obviamente. Apesar de ter sido um processo lento, o resultado acabou por compensar todo o esforço.
Está no seu horizonte criar o Clube Motard AC Cymbron?
Não. Eu acho que já há muitos motoclubes e bons motoclubes pela ilha toda. Nós estamos aqui para ajudar a todos, e para ser amigos de todos.
Quais são os planos para o futuro?
Temos alguns planos para o futuro, entre os quais continuar a crescer; poder trazer novas ofertas aos açorianos; fazer eventos; e trazer novidades sempre que possível.
Como surgiu o gosto pelo mundo dos motores?
Foi surgindo (risos). Ainda não estava na ilha quando resolveram voltar às duas rodas, porque anteriormente nós tínhamos vendido há muitos anos, por exemplo, a Motalli. Portanto, em 2015, resolveram apostar novamente. Decidi então, abraçar o projecto quando regressei à ilha.
Confesso que na altura não percebia quase nada de motos. Por isso, eu tive que ler e aprender. Contei com muita ajuda das pessoas de casa e também dos nossos clientes. Os nossos clientes também acharam que estávamos a apostar em aspectos que mais ninguém mais apostava, como era o caso dos acessórios. Por exemplo, eles próprios foram lançando desafios, dicas e marcas. Portanto, foi um crescimento ao mesmo nível que a Garagem de São José foi crescendo. Estou mesmo muito contente com o desafio.
Acredita que o número de açorianos a ter gosto pelas motos tem aumentado nos últimos anos?
Acredito. É um bom meio de transporte e acaba muitas vezes por ser mais económica. Acho que o grande desafio nos Açores acaba por ser o nosso tempo, visto que há muita chuva e que, se calhar, dificulta muitos façam a sua vida toda de moto. No entanto, acho que é um campo que está a crescer e acho que se deve manter. As pessoas podem tirar a licença de carta aos 14 anos. Quando criam aquele ‘bicho’, acaba por ser para o resto da vida. São clientes que podem começar aos 14 anos e chegar aos 70 ou 80 anos. É normal que o número de pessoas que gostem de motos acabe por aumentar.
Uma pessoa que queira experimentar comprar ou conduzir uma moto e que está na dúvida. Qual é o conselho que lhe dá?
Para já, nós temos motos para test drive, porque acho que as pessoas que compram uma moto merecem experimentar, tal como nós quando vamos comprar um carro. Acho que isto é muito importante.
Depois de conseguirem a carta, nós também ajudámos e tentámos dar algumas explicações e formações. Acho que o material de protecção é muito importante, que por vezes as pessoas deixam para segundo plano. Além disso, também acho que é importante ter um bom casaco, um bom capacete e um bom calçado.
Entre 1965 e 2006, o espaço já era conhecido como a Garagem de São José. Fala-nos um pouco da história.
A Garagem de São José foi um dos pontos iniciais do AC Cymbron com a Sacor. Portanto, tínhamos a bomba de gasolina antiga e uma oficina. Acho que quase todos nos lembramos de ir lá pelo combustível ou encher o pneu da bicicleta. Na parte de trás, havia ainda o Cymbron Lda., que era o representante da Black & Decker e da Stanley.
Em 2010, se não me engano, mudamos o nosso espaço para o Azores Park. A bomba de gasolina também já não fazia sentido num espaço como área residencial e foi encerrada.
A Garagem de São José fechou e era utilizada como garagem. Agora, nós voltamos a dar vida a este espaço, que trazemos para os micaelenses e a cidade de Ponta Delgada.
Filipe Torres