Edit Template

“O Hóquei Clube de Ponta Delgada sempre viu sair atletas para outros clubes e isso diz muito do nosso papel no hóquei em patins”, afirma Herberto Resendes

Com um projecto assente na formação e com uma equipa sénior composta quase na totalidade por atletas da Região, o Hóquei Clube de Ponta Delgada está pronto a iniciar mais uma época. Ao Correio dos Açores, Herberto Resendes, treinador da equipa dos seniores, fala das dificuldades da modalidade, o que se pode fazer para melhorar e afirma que é possível competir na 3ª divisão só com atletas da Região.

Correio dos Açores – O Hóquei Clube Ponta Delgada conseguiu manter-se na terceira divisão. Quais são as expectativas em relação ao ano passado?
Herberto Resendes (treinador dos séniors do HCPDL) – Vão ser as mesmas expectativas do ano passado, ou seja, pretendemos crescer com a competição e tentar fazer a melhor classificação possível. Vamos tentar crescer, e evoluir os jogadores da Região ao longo do campeonato. Claro que pagamos a factura da insularidade e falta de ritmo de um início de época.

Em relação ao plantel do ano passado haverá muitas mexidas?
Em relação ao ano passado tivemos uma saída do guarda-redes para o Candelária e uma possível saída de um jogador por motivos pessoais e profissionais. Sendo assim tivemos, como de costume, a aposta dos atletas da formação que se tornaram juniores e seniores, ingressarem na equipa Sénior, dando assim continuidade ao projecto do HCPDL e dando também, assim, a hierarquia natural da evolução do atleta de formação. Uma base na formação com o objectivo a ser sénior até chegar ao cume. Tivemos a entrada do Guarda-redes do Marítimo Sport Clube, Nuno e a entrada de um jovem jogador Alexandre Resendes, atleta da formação da Região, sendo ambos uma mais-valia para o plantel.

Quantos e quais os atletas açorianos que farão parte do plantel?
Vamos ter por volta de 15 atletas da Região, da formação do HCPDL que se iniciaram na escola do União Micaelense, um dos maiores clubes, que formou a maioria dos jogadores que praticam a modalidade neste momento.

Muitas modalidades queixam-se de falta de atletas na formação. É algo que também acontece no HCPDL?
O PDL nunca teve este problema porque trabalha sempre em função do futuro, ou seja, pensamos sempre que o tempo de “vida” de uma equipa é de 2 anos, quando passam a novo escalão, e tentamos sempre ter a próxima equipa pronta fruto do trabalho que fazemos com ele. No HCPDL pensa-se a longo prazo e sabemos bem que para sair 1 jogador por época para os seniores é necessário chegar aos juniores com 5 jogadores com condições adequadas, aos juvenis com 10, aos iniciados com 15 e termos uma ou 2 equipa de infantis baseados em 20 atletas.

Como se pode combater a falta de formação?
Não se pode fazer COMBATE à falta de formação, o que se faz é PROMOVER a FORMAÇÃO, esta é a nossa perspectiva. Todos os clubes deveriam ter esta ideia de PROMOVER a formação porque o dinheiro não abunda na nossa modalidade, só no futebol é que o dinheiro cresce nas árvores… Por isso, o “combate” à falta de formação começa com a consciencialização da NECESSIDADE DE FORMAR PESSOAS, ajudar os jovens a crescer e, no processo, conseguir também alguns bons patinadores que serão no futuro sempre bons jogadores. O segredo é a patinagem porque sem ela, jogamos ao futebol, não ao hóquei. Mas de nada valem estas ideias se não tivermos no clube pessoas com princípios, com ética, com “FORMAÇÃO”, pessoas que acreditam que antes de formar jogadores necessitamos é de ajudar os pais a formar jovens com valores morais elevados, com princípios de integração, que manifestem AMOR pelos outros, que, no fundo, sejam CIDADÃOS CONSCIENTES DE UMA PARTICIPAÇÃO ATIVA NA SOCIEDADE de forma a serem MAIS UM a ajudar a transformar o mundo para melhor. Só depois disso conseguido se pode pensar em ter jogadores com condições para chegarem à equipa principal, porque quando isto acontecer temos a certeza de termos gente que se bate mais pelo DESPORTO, que se bate pela vitória com princípios e ética, coisas que transportarão para a vida futura, para a sua profissão, para a sua futura família. Se um clube não tiver pessoas à frente que pensam desta forma sobre “FORMAÇÃO”, então não sabem nem nunca souberam o que significa esta palavra. Pelo HCPDL posso eu falar, pelos outros que falem os outros! O HCPDL sempre foi um clube que viu sair muitos atletas para outros clubes, isso diz muito do nosso papel no hóquei em patins!
Vou acrescentar que a maioria dos clubes trabalha com a pirâmide invertida, ou seja, o cume da pirâmide está na base e a base no cume, primeiro os seniores e depois formação e devia ser formação com projecção a sénior. Culpo também as instituições governamentais que ajudam a investir nos seniores, deixando a formação para depois, ou então pouca formação, que basta para ter os seniores. Esta é uma das facturas grandes que pagamos para o futuro.

Sem os apoios governamentais seria possível competir na terceira divisão? Como vê que algumas equipas irão receber um apoio extra para não fecharem, segundo as mesmas?
Eu faço parte do exemplo de que uma equipa só com açorianos pode participar com sucesso e sem grandes sobressaltos na 3ª Divisão e até fiz parte de uma equipa que competiu na 2ª Divisão, só com atletas açorianos e pelo menos residentes na Região e a trabalhar em São Miguel. Penso, no entanto, que sem os apoios governamentais básicos, (viagens e estadias) torna-se muito difícil participar assim como para as equipas continentais que, para virem aos Açores, só o conseguem fazer se continuarem a ter apoios do estado. É importante ter consciência de que estes apoios básicos são DIREITOS CONSTITUCIONAIS que protegem os açorianos da descontinuidade territorial, por isso estão previstos na lei e nos princípios básicos da nossa constituição. É imperioso que o Manuel que vive nos Açores tenha a mesma possibilidade de ir jogar ao Alentejo que o António que vive em Setúbal, são DIREITOS IGUAIS!

Com poucas equipas para fazer pré-época, como vão chegar ao inicio do campeonato? Como é que se pode fazer uma pré-época mais competitiva?
Só se consegue com a ajuda da APSM, que é o maior interessado em que os seus clubes tenham boas participações nos campeonatos. Um TORNEIO DE PONTA DELGADA não é suficiente. É fundamental fazer estágios e a ideia de uma equipa de São Miguel ir até ao Pico estagiar com o Candelária, por exemplo, não é impossível de se realizar. Não sei se se gasta mais a fazer um torneio com equipas de fora da região do que, por exemplo, convidar o Candelária a fazer um estágio de preparação em São Miguel com a “obrigação” de permitir que os treinadores vejam os treinos e que sejam marcados jogos treino com a equipa do Candelária.

O que se deveria de fazer para promover mais a modalidade?
Esta pergunta tem de ser feita à associação mas, há um aspecto que hoje é dia é FUNDAMENTAL: as associações e as federações devem fazer todos os possíveis para que o Hóquei em Patins apareça na TELEVISÃO! A TV é o veículo por excelência da promoção de uma modalidade desportiva e basta ver que os direitos televisivos no Futebol são suficientes para uma equipa de futebol, sobreviver durante uma ou 2 épocas desportivas. Portanto, em primeiro lugar, VULGARIZAR as transmissões televisivas, perceber que pagar por uma transmissão pode ser BARATO se o resultado for a visualização da nossa modalidade pelo mundo fora e aos olhos dos jovens que se motivarão para fazer o mesmo que aqueles que vêm jogar na TV.
Para tudo o resto, a pergunta tem de ser a quem ocupa cargos em entidades que definem os destinos da modalidade.
Entretanto, podemos falar de chamar os pais aos pavilhões, fazer competições de SKILS como os americanos fazem, promover competições em FIM-DE-SEMANA tipo Inter-Regiões mas na nossa associação, uma vez na Ribeira grande, outra vez em Ponta Delgada, por exemplo.

O que falta ao atleta açoriano para singrar na primeira divisão de hóquei em patins?
Ter 1 – ROTINA DE TREINO de nível alto e 2 – JOGAR! Em relação à rotina de treino, necessitamos começar a colocar muito cedo os nossos jogadores face a exigências mais elevadas e isto pode acontecer já nos iniciados ou até mesmo, com algum controlo, nos infantis. Mas o que falta mesmo é JOGAR… A diferença entre alguns jogadores de nível médio continental para os nossos é mesmo o jogo! Faço parte de uma geração que teve oportunidade de se medir com os melhores do país e em determinado período, não ficamos atrás dos outros, pelo contrário, deixamos muitos para trás. Isto só acontece que o treino é feito para preparar o jogo, quando se tem jogadores com excelente patinagem que depois se diferenciam quando a esta patinagem, e qualidade técnica global com stick, são colocados desafios acima dos que são sujeitos no dia-a-dia para que a tentativa de superação faça o resto. Não somos menos que os outros, temos é menos condições e menos experiência.

F.F

Edit Template
Notícias Recentes
PS/Açores abre porta para aprovar o Plano e Orçamento 2025 em acordo com o Governo dos Açores do PSD/A
Descarregadas 852,71toneladas de pescado em lota no mês de Agosto representa uma queda de 23,7% em relação a igual período de 2023
Encarregados de educação queixam-se das condições precárias em que se encontra a Escola do Aeroporto em Santa Maria
Empresa blueOASIS “quer tornar os Açores no Silicon Valley das tecnologias oceânicas”
Empresa blueOASIS “quer tornar os Açoresno Silicon Valley das tecnologias oceânicas”
Notícia Anterior
Proxima Notícia
Copyright 2023 Correio dos Açores