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Viabilidade da informação publicada

Por que é um tópico que me interessa, mas também por imperativo laboral, estou muito atento à fiabilidade dos instrumentos informativos que temos à nossa disposição. Depois de analisar a informação publicada de uma forma razoavelmente empírica cheguei a diversas conclusões que aqui partilho. Primeiro que tudo, uma advertência: Há livros bons e livros maus, páginas internet boas e más, etc. O que tento fazer a seguir é identificar tendências e generalidades.
Para fazer esta análise, ponho em evidência os seguintes vetores não hierarquizáveis: 1) Qualidade-base: uma publicação deve ser verdadeira e precisa e não deve conter erros (incluindo ortográficos); 2) Intencionalidade da publicação. A intenção da publicação deve ser inerte ou assumida; 3) Verificação. Uma publicação deve ser aferida por terceiros antes de ser partilhada; 4) Referências. Uma publicação deve identificar as fontes de suporte e inspiração e deve incluir toda a informação necessária para compreender e verificar a sua mensagem; 5) Rastreabilidade. Uma publicação deve conter as referências necessárias para outros a poderem citar e consultar a qualquer momento; 6) Compreensibilidade. Uma publicação deve ser inteligível; 7) Pontuação. Uma publicação deve ter uma forma de verificação da utilidade, sucesso ou qualidade; e 8) Atualidade. Uma publicação deve ser atual ou, pelo menos, ser situável no tempo.
A melhor informação está nos artigos científicos. Em todos os vectores anteriores, os artigos científicos pontuam o máximo, excepto na compreensibilidade e atualidade. A utilização de jargão da ciência que estiver em causa e a utilização do inglês podem afastar todos os não iniciados na temática. Por se basearem no método científico, que tem subjacente a experimentação, e na verificação por terceiros, muitas vezes os artigos científicos não têm a atualidade que a nossa sociedade exige. De resto, quando se quer aprender em profundidade um determinado tema, nada como ler uns quantos artigos científicos bem-sucedidos.
Para desmultiplicar a complexidade dos artigos científicos, colocando-os numa linguagem mais acessível e uma análise mais abrangente, encontramos os livros. Os livros, na generalidade, pontuam bem em todos os vetores excepto na atualidade e verificação. Não há nenhuma regra legal que obrigue um livro a ser verificado antes de publicado.
Os artigos de enciclopédia são boas alternativas aos livros já que, normalmente, explicam os trabalhos científicos em textos curtos e objetivos. Há enciclopédias atualizadas constantemente, como a Wikipédia, mas que têm o problema de o sistema de verificação ser informal ou inexistente. Outras enciclopédias mais escrutinadas, como a enciclopédia Britânica, têm a limitação de serem atualizadas apenas de quando em quando.
De seguida, nesta minha escala decrescente, temos os artigos de jornal e podcasts feitos por jornalistas. Neste nível, perdemos qualidades como a verificação e as referências.
Ainda no âmbito jornalístico, temos as notícias de televisão e de rádio. Estas são fontes de informação com enorme atualidade, mas carecem de tratamento especializado e profundidade de análise. Em relação aos instrumentos de transmissão de informação anteriores, tem a desvantagem adicional de não ser citável. Ou seja, nós não podemos justificar uma ação ou decisão com base numa notícia de televisão ou rádio.
A seguir, nesta escala, temos a informação que é coligida na internet recorrendo a ferramentas de pesquisa (Google, Bing e outras). A qualidade dos conteúdos encontrados é muito contrastada, mas, os resultados dos algoritmos, comparando com as ferramentas de inteligência artificial e as redes sociais, são mais robustos.
Depois, temos as ferramentas de inteligência artificial. A inteligência artificial tem, na minha opinião, apenas duas boas qualidades: intencionalidade e compreensibilidade. A intenção é assumidamente inerte e os textos não têm erros de ortografia em qualquer das línguas com que trabalho. O grande defeito é a falta de precisão. A inteligência artificial produz erros crassos descritos de forma convincente. As ferramentas de inteligência artificial são excelentes para trabalhos de revisão, mas ainda pouco úteis para a produção ou pesquisa de informação.
Na minha opinião, a pior forma para obter informação de qualidade são as redes sociais. Reiterando a ideia inicial, há certamente pessoas de bem e inteligentes a escrever nas redes sociais, mas, na generalidade, os textos são pouco precisos e a intencionalidade é duvidosa.
Para quem se interessa em saber mais sobre os diferentes temas, aqui ficou a minha abordagem. É esta a chave de fiabilidade que uso no meu dia a dia para aprender.

Frederico Cardigos

  • Frederico Cardigos é biólogo marinho no Eurostat. Este é um artigo de opinião pessoal. As ideias expressas neste artigo são da exclusiva responsabilidade do autor e podem não coincidir com a posição oficial da Comissão Europeia.
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