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Empresa blueOASIS “quer tornar os Açoresno Silicon Valley das tecnologias oceânicas”

 A blueOASIS é uma empresa portuguesa de consultoria em engenharia, focada em criar soluções inovadoras e sustentáveis para os oceanos que está a fazer uma grande aposta nos Açores. Desde a sua fundação, em Outubro de 2021, com apenas quatro colaboradores então, a empresa tem desenvolvido projectos que “visam a sustentabilidade ambiental, abordando desafios como o desenvolvimento das energias renováveis offshore, monitorização oceânica inteligente, aquacultura, descarbonização da indústria marítima e a limpeza dos oceanos.”
Fundada por Guilherme Beleza Vaz, engenheiro aeroespacial, doutor, professor com mais de 24 anos de experiência no sector marítimo e naval, a blueOASIS destaca-se pelo “uso de tecnologias da Indústria 4.0, como ciência de dados, inteligência artificial (IA), métodos computacionais e computação de alta performance (HPC).”
Com uma rede de clusters de HPC em Portugal, Reino Unido, Holanda e Islândia, a empresa garante quase 450 milhões de horas de processamento anuais, tornando-se líder no país em capacidade de cálculo.
Os Açores “ocupam uma posição central” na estratégia de crescimento da blueOASIS. Com escritórios no Faial, e uma representação “sólida” através da spinoff Hydro TWIN, activa desde Maio de 2024, a empresa estabeleceu parcerias locais com instituições como o Okeanos da Universidade dos Açores; a Escola do Mar (EMA); Portos dos Açores; AirCenter; ANACOM; Marinha e Terinov. 
Em colaboração com estas entidades, a blueOASIS “contribui para a promoção da Economia Azul na região, ampliando o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.”

 HydroTWIN: O Primeiro Gémeo 
Digital Acústico do Oceano 
“Made in Azores” 

A empresa revela que “um dos maiores desafios para a preservação dos ecossistemas marinhos é a poluição sonora subaquática, que afecta diversas espécies marinhas, incluindo cetáceos, tartarugas e peixes.” 
Fontes de ruído antropogénico, como o tráfego marítimo e as operações de energia offshore, “criam uma urgência crescente na necessidade de monitorizar e mitigar os impactos sonoros no ambiente subaquático.”
 No contexto da monitorização acústica submarina, considera, “é fundamental distinguir entre som e ruído. O som refere-se a qualquer vibração que se propaga como uma onda mecânica através de um meio, sendo uma parte natural do ambiente submarino. Muitos animais marinhos, como cetáceos e peixes, dependem do som para comunicar, caçar e navegar.”
 Por outro lado, o ruído “é tipicamente descrito como som indesejado, especialmente quando a sua presença perturba o equilíbrio do ecossistema. O ruído antropogénico, ou seja, gerado por actividades humanas (como a navegação, exploração de petróleo e gás, ou construções subaquáticas), é um dos maiores poluentes acústicos nos oceanos.”

O efeito negativo do ruído

 Esse ruído” tem efeitos significativos na vida marinha, especialmente em espécies que dependem do som para sua sobrevivência.” Mamíferos marinhos, como baleias e golfinhos, “são particularmente vulneráveis, pois o ruído excessivo pode interferir na sua capacidade de comunicação e ecolocalização, essencial para migração e alimentação. 
A monitorização acústica “é, assim, uma ferramenta crucial para avaliar o impacto dessas fontes de ruído e desenvolver soluções para minimizar a interferência no ambiente marinho, garantindo a sustentabilidade dos ecossistemas oceânicos.”
A resposta da blueOASIS a esse problema é o HydroTWIN, o primeiro Gémeo Digital Acústico do Oceano. O HydroTWIN utiliza tecnologias IoT (Internet das Coisas) e edge-computing (computação debaixo de água neste caso) para recolher dados acústicos subaquáticos em tempo real, processando-os com Inteligência Artificial.
 Esta tecnologia “permite adquirir métricas acústicas bem como identificar, classificar e posicionar todas as fontes sonoras, sejam elas fauna ou objectos.” Igualmente, juntamente com outras ferramentas de modelação a correr em super computadores, o HydroTWIN “permite criar mapas sonoros precisos e detalhados do ambiente marinho.”
Todos os dados e suas análises são enviados em tempo-real via comunicações satélite ou 3G-5G e visíveis por todos 24 horas por dia, de qualquer lugar do planeta, por meio de dashboards na Cloud.

Desconcentrar os barcos na
observação de cetáceos
e detectar pesca ilegal

Outra das aplicações possíveis para o HydroTWIN consiste ”no apoio ao turismo de observação de cetáceos. Ao monitorizar em tempo real a actividade acústica dos cetáceos nas águas dos Açores, permite identificar com precisão onde, quando e com que frequência as diferentes espécies vocalizam.”
 “Oferece, assim, uma vantagem significativa para estas empresas, optimizando as rotas e horários de saída para maximizar as probabilidades de encontros bem-sucedidos. Além de proporcionar uma experiência mais enriquecedora para os turistas, esta tecnologia contribui para a preservação das espécies ao facilitar a detecção dos animais, o que minimiza o impacto causado pela concentração excessiva de embarcações ao redor dos mesmos grupos, promovendo um turismo sustentável, e respeitando o equilíbrio dos ecossistemas marinhos,” refere a empresa.
Além das suas aplicações na investigação e conservação de espécies, e no turismo, o HydroTWIN “é também uma ferramenta essencial para a segurança de infra-estruturas críticas, como plataformas de energia offshore, portos e cabos submarinos.” 

Prevenir ameaças ao cabo submarino

Em particular, o HydroTWIN “poderá ter um papel fundamental no projecto de desenvolvimento do novo cabo submarino CAM dos Açores, para detectar e prevenir potenciais ameaças à sua instalação e funcionamento, expandir o radar acústico subaquático, proporcionando uma vigilância contínua e precisa do ambiente marinho ao redor do cabo, ajudando não apenas na protecção física, mas também no estudo das condições acústicas, facilitando a monitorização de ruídos antropogénicos e promovendo a sustentabilidade dos ecossistemas afectados.”
 O HydroTWIN pode ainda ser usado para a detecção de actividades ilegais, como pesca clandestina ou contrabando, e em operações de defesa marítima.
  Segundo a empresa, os Açores, com sua localização estratégica no Atlântico Norte e condições ambientais extremas, “são o local ideal para testar novas tecnologias oceânicas.” 
A blueOASIS “está actualmente a realizar testes do HydrocTWIN no Faial, validando as suas medições em condições reais, incluindo a detecção de navios, golfinhos e baleias.” 
Estes testes “estão a demonstrar a eficácia do sistema em monitorizar o ruído subaquático e provar a sua resistência a condições atmosféricas adversas.”
Com o HydroTWIN, a blueOASIS não só “ouve” o oceano, mas também “vê” e protege os ecossistemas marinhos de ameaças invisíveis, oferecendo uma solução inovadora e eficaz para a conservação dos oceanos.”

“ Silicon Valley das tecnologias oceânicas”

A blueOASIS acredita “firmemente no potencial dos Açores como um hub estratégico para o desenvolvimento de tecnologias oceânicas de ponta.” 
Segundo refere, “a combinação de alta performance computacional, inteligência artificial e monitorização acústica subaquática permite à empresa liderar o sector da sustentabilidade oceânica, com uma visão clara: exportar tecnologias desenvolvidas nos Açores para o mundo.”
 Com a expansão das suas operações no arquipélago e uma equipa que já conta com 16 colaboradores, um membro permanente e vários ajudantes de Inteligência Artificial no Faial, escritório na EMA, e vários sensores no canal Faial-Pico, a empresa está “a consolidar sua presença na região e a promover o crescimento da Economia Azul.” 
A blueOASIS visa “atrair mais investimentos, capacitar a comunidade local e desenvolver tecnologias que possam ser aplicadas globalmente, sempre com foco na preservação e sustentabilidade dos oceanos.” 
A blueOASIS “quer tornar os Açores no Silicon Valley das tecnologias oceânicas.” C.A.
 

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