Para assinalar o Dia Internacional do Professor, conversámos com Maria da Graça Ponte, professora reformada e vice-presidente da Associação de Solidariedade Social dos Professores (ASSP-Açores), uma associação que se compromete a apoiar o desenvolvimento profissional e pessoal dos professores ao longo da sua carreira. Entre as atividades promovidas pela delegação dos Açores da ASSP, destacam-se o Clube de Leitura e o projeto ‘Presença Amiga’, que visa combater o isolamento entre os docentes que já não estão no activo.
Correio dos Açores Qual é a importância de assinalar o Dia do Professor, especialmente no contexto actual da educação em Portugal?
Maria da Graça S. Rego Ponte (Vice-Presidente da Associação de Solidariedade Social dos Professores da delegação Açores/ professora de Biologia e Geologia reformada) – O Dia Mundial do Professor é celebrado anualmente desde 1994 por recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e UNESCO. Nessa altura, tal como agora, importa promover, através da consciencialização, a relevância do papel dos Professores como agentes de mudança e de valorização social.
Que iniciativas a ASSP vai promover para celebrar este dia?
A ASSP vai homenagear pessoalmente o professor Rubens de Almeida Pavão, no dia 23 de Outubro, pela dedicação de uma vida à educação e pelo seu empenho na abertura desta delegação da ASSP nacional. Nesta homenagem queremos, simbolicamente, integrar todos quantos dedicaram e dedicam a sua vida ao ensino, ao saber e à cultura.
Como descreve o panorama actual da docência?
Em cada época impõem-se desafios próprios inerentes a todos as dimensões que envolvem a profissão docente. Mas, de há uns anos para cá, fruto das alterações laborais dos pais e, na ausência de uma rede de apoio familiar, por exemplo dos avós, à escola chegam todos os problemas sociais, familiares e pessoais, sem que, muitas vezes, possam ser resolvidos com uma abordagem multidisciplinar e individual.
Por outro lado, hoje, o grande e rápido desenvolvimento das tecnologias de informação, constituem um desafio muitas vezes desproporcional ao tempo e oportunidade disponível para formação criteriosa e eficaz dos docentes, principalmente dos menos jovens.
De que forma é que os valores da ASSP se traduzem no acompanhamento dos professores ao longo de todas as fases da sua carreira, desde o início até à reforma?
A ASSP possui um centro de formação com propostas de desenvolvimento profissional e pessoal que pretendem responder às expectativas dos professores.
Algumas delegações proporcionam estadia temporária em residências que podem ser utilizadas em situações de deslocação, passeio e outras.
Possui também protocolos/acordos de colaboração com entidades/serviços que possam complementar a ação da ASSP e/ou trazer mais valias à sua intervenção e que beneficiem os Associados.
Que iniciativas a associação promove para continuar a apoiar os professores reformados?
Todas as delegações preparam anualmente um plano de actividades socioculturais, propostas e organizadas para irem ao encontro das sugestões / necessidades dos associados, das suas famílias, amigos e comunidade em geral.
Anualmente são também promovidas e organizados, pela Direcção Nacional e Delegações, viagens e passeios para os associados e familiares.
Como é que a ASSP antevê o futuro da docência nos Açores, considerando a desmotivação crescente que tem levado muitos professores a abandonar a profissão?
Para responder a esta pergunta não disponho de dados objectivos. Por outro lado, a carreira docente, aqui nos Açores, relativamente aos colegas do Continente, já viu satisfeitas algumas reivindicações relativas à progressão e recuperação do tempo de serviço.
O que considera mais gratificante na profissão docente?
O mais gratificante na função docente é ter de aprender todos os dias com os alunos, para os alunos e, sobretudo, para nós, partilhando e enriquecendo essa aprendizagem com todo a comunidade escolar. Ser professor obriga-nos a mudar para melhor, como pessoas e como profissionais.
Existe alguma história ou momento da sua carreira que a tenha marcado de forma especial e que gostaria de partilhar?
Penso que cada um de nós terá, não um, mas alguns momentos marcantes ao longo de uma carreira. Por exemplo, reencontrar ex-alunos que nos recordam o quanto apreciavam a disciplina, as aulas e o convívio, é muito gratificante. Mas, apesar de todo o entusiasmo que me mobilizou nesta profissão, tenho consciência de que, muitas vezes, não chegamos a todos com a mesma clareza e disponibilidade.
Que mensagem gostaria de deixar aos professores neste dia?
Ser professor é deixar uma marca indelével na geração que nos coube ajudar a crescer. Importa que o façamos com gosto, entrega e generosidade.
Daniela Canha
