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Ir ao Psicólogo. Para quê e porquê?

Hoje começo este novo desafio aqui no Jornal. Escrever sobre saúde mental já faz parte da minha rotina. Quando comecei o meu projeto “Maria Pereira – Psicóloga” nas redes sociais, decidi que não queria ser só a psicóloga dentro do consultório, queria, também, trazer para fora das minhas sessões reflexões sobre saúde mental, através da minha experiência em consulta. Aqui, nesta crónica, serei igual. Quero que vejam cada texto como uma reflexão a temas que fazem parte da nossa vida e que muitas vezes não temos tempo ou evitamos pensar. E que melhor para começar se não pensarmos sobre Psicólogos, de que forma os vemos e que importância damos à terapia e à saúde mental?
Tomar a decisão de procurar um psicólogo é um passo muito importante para a nossa saúde, mas continua a ser um tabu na sociedade. Ainda existe um estigma em torno da saúde mental e associamos fazer terapia a uma sentença de vida grave e que é irreversível, levando a que tenhamos vergonha de dizer a alguém e de procurar ajuda. Para a sociedade, iniciar terapia é como se colocarmos um rótulo em nós que vai alterar a forma como as pessoas nos percecionam e passamos a ser vistos como fracos ou inferiores.
Mas, e se disser que sem saúde mental não somos totalmente saudáveis? Para conseguirmos alcançar o verdadeiro conceito de saúde, é preciso haver um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Só o equilíbrio entre estes três é que conseguimos ser pessoas com saúde e funcionais.
É preciso compreender que iniciar acompanhamento psicológico é semelhante a ir a outros profissionais de saúde como um cardiologista, médico de família ou ortopedista. Se conseguimos reconhecer a importância e função de cuidar da nossa saúde física e marcar consulta quando necessitamos (seja por um check-up anual ou por algum sintoma), é tempo de reconhecer a nossa saúde mental como prioritária e que também deve ter acompanhamento de um profissional especializado, como o psicólogo.
Os meus amigos e familiares ajudam-me quando preciso, não prestam o mesmo apoio que um psicólogo dá? Ter relacionamentos saudáveis são um dos indicadores que contribui para uma boa saúde mental. Por vezes, passamos por situações desafiantes que levam a que o apoio exclusivo dos amigos e familiares não seja suficiente para alcançar o nosso bem-estar. Estas situações exigem alguém profissionalmente dotado de formação específica, conhecimentos validados cientificamente e com competências de intervenção na área da saúde mental. E são estas as grandes diferenças entre os amigos/familiares e um psicólogo. O psicólogo vai enriquecer o apoio que necessitamos com técnicas de intervenção, relação terapêutica, escuta ativa sem julgamentos, empatia, e imparcialidade, competências estas especificas de um profissional de saúde mental e que um amigo/familiar não possui.
Mas, se é fundamental ter saúde mental, que benefícios tem a terapia? Iniciar acompanhamento psicológico permite entrar numa aventura interior de compreensão da nossa história de vida. Através desta viagem, descobrimos fragilidades, características da personalidade e crenças. Tudo isto vai permitir construir a perceção que temos de nós, o autoconhecimento, que muitas vezes é difícil de descobrirmos sozinhos, sem o apoio de ajuda profissional.
Ao trabalhar o nosso autoconhecimento, vão surgir outros benefícios, como a definição de limites connosco e com os outros à nossa volta, o desenvolvimento da nossa inteligência emocional (que vamos poder refletir sobre isso nas próximas semanas) e melhorias na nossa autoestima.
Gosto de comparar a terapia a uma viagem. Uma viagem na descoberta de nós, das nossas fragilidades e problemas, mas também do que temos de melhor.
É assim que desejo que pensem na psicologia, com o desejo de curiosidade e querer aprender mais sobre si, de trabalhar na mudança e deixar-se ir pelas emoções que vão surgindo. Ir ao psicólogo não é sinal de fraqueza ou doença grave, é sim sinal de grande coragem e motivação para procurarmos maior bem-estar e melhorarmos a pessoa que somos.

Maria Pereira

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