A ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE PONTA DELGADA (AFPD) comemora amanhã 100 anos. Desde os fundadores prosseguindo com as centenas de dirigentes que foram passando pelas várias sedes, todos contribuíram para o desenvolvimento do futebol e desde há 20 anos do futsal nas ilhas de São Miguel e de Santa Maria. Uns mais do que outros. Uns dando vida e outros nem tanto. Por isso a Associação viveu altos e baixos.
Nos últimos anos houve um exponencial desenvolvimento, com as entradas dos escalões de formação mais baixos no futebol e do futebol feminino, com a inclusão do futsal e com as actividades das várias selecções.
A vida do organismo transformou-se por completo. Hoje há uma complexidade de documentação com exigências que requerem um conhecimento profundo por parte dos directores e dos funcionários. A dimensão aumentou de tal forma que requer profissionalismo. A Federação vai entregar uma verba para suportar os custos dos presidentes e dos directores. Já passou o tempo da carolice, de uma reunião semanal e de decisões por telefone.
Cem anos são um marco histórico que devem ser assinalados com a grandeza da maior associação desportiva dos Açores e a segunda maior associação das nove ilhas, a seguir à Federação Agrícola.
Esperava que nestes dias decorressem actividades protocolares e desportivas. Esperava que a direcção, com muita antecedência, tivesse convidado personalidades para formarem uma comissão encarregue de formalizar um programa. Não foi esta a opção. Daí só próximo da data ter ficado decidida a realização amanhã de um jantar, juntando os presidentes dos 41 clubes filiados, dos sócios honorários e de mérito ainda vivos. Na ocasião serão entregues aos 38 clubes de futebol e de futsal as placas e os diplomas referentes às várias etapas da certificação relativas à época passada.
Ao longo do próximo ano é intenção de Robert Câmara promover dois momentos marcantes. Um será uma gala e o outro um jogo entre selecções seniores da ilha de São Miguel e de uma região portuguesa ou estrangeira.
A CORRIDA ELEITORAL À AFPD está activa. As eleições para os seis órgãos da AFPD estão previstas para Janeiro. O prazo do exercício do actual elenco foi alargado devido ao ciclo olímpico que as federações e as associações devem seguir. O período pandémico adiou os Jogos Olímpicos. Está estipulado o termo dos cargos seis meses após os “Jogos”.
Ricardo Silva, antigo atleta e presidente do Sporting Ideal, natural da Ribeira Grande, encabeça uma lista e Robert Câmara, ainda sem definir os elementos de todos os órgãos, irá recandidatar-se. Ao terceiro e último mandato.
José Henrique Botelho, dirigente associativo durante seis anos e que desde o início do ano preparava a candidatura, tendo já apresentado o programa em visitas a alguns clubes, acaba por desistir devido a uma situação de saúde.
Ricardo Silva está muito dinâmico. Acompanhado de Rogério Barroso, ex-director técnico durante 20 anos, com o pedido de demissão a meados de Agosto último, e Libério Câmara, ex-membro da direcção, que se demitiu em Julho de 2023, reuniram-se com muitos clubes de futebol e de futsal. Têm auscultado as sugestões e as dificuldades. Preparam um documento com as propostas para ser apresentado aquando da oficialização da candidatura.
As eleições prometem. É a democracia a funcionar. Como elementos sensatos na liderança de cada lista, haverá bom senso na campanha. Sem agressividades, sem subterfúgios, com os pontos de vista e as propostas a serem lançadas.
Há alguns anos que não surgiam duas listas às eleições da AFPD.
Agora, resta saber se Ricardo Silva vencer levará por diante as intenções de Robert Câmara de efectuar a gala centenária em Fevereiro e o jogo entre selecções. Por isso, todos os momentos altos dos 100 anos deveriam ter ocorrido neste mês de Novembro.
O DESPORTIVO DE SÃO ROQUE atravessa um momento precário e delicado pela não utilização do campo de futebol. As obras de requalificação do recinto de jogo com a substituição do tapete de relva artificial, do sistema de rega, das áreas técnicas e da renovação da iluminação ainda decorrem.
Com sete equipas em pleno funcionamento, o clube é forçado a transportar os atletas para treinos e jogos até à Ribeira Grande, Fajã de Cima e Ponta Delgada. Diariamente são duas carrinhas a percorrerem quilómetros com despesas acrescidas com combustível e com os condutores. A factura está muito elevada.
Sendo a obra da responsabilidade da Câmara de Ponta Delgada, justifica-se um apoio extraordinário para contrabalançar os custos. Espera-se esta sensibilidade da autarquia. Que já teve em outras situações.
A direcção do clube prevê o início da utilização do campo a 11 de Novembro, procedendo-se à inauguração na noite de sábado, dia 16 deste mês, no jogo da 2.ª jornada do Campeonato de Futebol dos Açores com o Desportivo Velense.
Um atraso na entrega e montagem do relvado sintético foi um dos motivos. Depois houve um problema com o sistema de rega, que obrigou ao levantamento do tapete e houve ainda uma anomalia com a iluminação, cuja potência dos focos fez com que a energia não chegasse para abastecer outras áreas das instalações.
Um erro que detectei reside no espaço de 4 metros criado na zona nascente, entre a vedação e a linha lateral do campo, onde se situam os novos bancos de suplentes. Do lado oposto mantêm-se os 2 metros para o muro de cimento. Poderiam ter reduzido um metro num lado e aumentar para 3 metros no lado oposto. A segurança para os atletas seria mais confortável.
A largura do campo passou dos 68 para os 64 metros e o comprimento reduziu dos 105 para os 100 metros.
A área circundante do campo, a entrada e o edifício sede onde se situam os balneários e os sanitários estão um primor, obra de elementos ligados ao clube. Um bom exemplo.
OS PAVILHÕES para a prática desportiva construídos nos Açores, nomeadamente utilizados pelas modalidades colectivas, revelam uma visão deficitária das autarquias e do governo.
A maioria é erguida sem conhecimentos técnicos. Principalmente na prática do futsal, o desporto que prolifera nas vilas e nas freguesias, porque a maioria dos clubes das cidades não põe em actividade a modalidade que mais cresce na Região.
A maioria dos pisos não se adequa a um clima com muita humidade. As medidas dos recintos de jogo estão aquém das máximas e adoptadas em 98% das centenas de pavilhões do país. As margens de segurança impedem algumas estruturas de serem utilizadas. A iluminação, os balneários, os lugares disponíveis para os espectadores ficam aquém do que conheço em lugares com a mesma ou até com menos população do que nas zonas rurais das nossas ilhas.
O interesse é satisfazer a população, também refém do desconhecimento. Todos batem palmas no dia da inauguração, mas, depois, chovem as críticas pelas deficiências que vão encontrando.
Um exemplo concreto de nestas ilhas construírem pavilhões desportivos sem critério técnico, sem ouvirem quem sabe, está nas dimensões da área de jogos.
Dos 36 clubes que integram as três séries do Continente da Terceira Divisão nacional de futsal, só há três pavilhões sem as medidas máximas de 40×20 metros. O de Mogadouro, o de Vinhais (ambos com 38×18) e o de Gaeiras (40×19).
Das 8 equipas que fazem parte da série Açores da mesma divisão nacional que ontem começou, só três têm os 40×20: São Sebastião e Posto Santo, ambos da ilha Terceira, e o da Casa do Povo do Livramento, em São Miguel.
Os restantes têm menos comprimento e largura, sabendo-se que menos espaço retrai a diminui a qualidade do jogo. Casa da Ribeira, Biscoitos e Atalhada (pavilhão Jorge Amaral, nos Remédios da Lagoa), com 38×18; Remédios e Santa Clara (pavilhão de São Sebastião, em Ponta Delgada), com 38×20.
Aqui justificam-se as letras acima escritas.
José Silva