1- O mês de Novembro chegou e trouxe muitas perspectivas e, ao mesmo tempo, enormes duvidas quanto ao evoluir da complexa situação que o mundo atravessa, confrontando-se com duas guerras que se conhece como começaram mas se desconhece como irão acabar tendo em conta a maneira de ser dos beligerantes que estão a defender os interesses de cada um dos países. Ao lembrarmos a conjuntura actual, temos também em vista as eleições que estão a decorrer já nos Estados Unidos da América, que consoante o candidato que será eleito, terá um efeito mundial, sem esquecer a China que não parecendo parte dos beligerantes que se confrontam no palco da guerra, tem um poder enorme com raízes que provêm da dimensão do país e da evolução tecnológica que tem, fazendo dela depender vários países.
2- E o que se sente na Europa? A falta de unidade dos países da União que continua envolvida em inúmeras regras que provêm de legislação que torna a vida dos cidadãos num emaranhado que tolhe a economia e afecta as empresas. Temos, além disso, problemas com a situação de países importantes e lideres na União Europeia como a Alemanha e a França onde se prevê dificuldades financeiras que, depois ,tornam permeáveis políticas radicais quer da direita como da esquerda. Enquanto isso a política, no país e na região, está centrada na discussão e aprovação do Plano e Orçamento para o ano de 2025.
3- Depois de termos vindo, desde há muito tempo, a defender a necessidade da revisão da Lei de Finanças Regionais e da comparticipação nacional dos custos em sectores de âmbito nacional como são, o Serviço Regional de Saúde e a Educação, assim como a reposição do IVA que cabe à Região, e que a Troika exigiu que não fosse pago às Regiões Autónomas para servir de almofada da divida nacional, finalmente está agendada uma cimeira que terá lugar nos Açores a 12 e 13 de Novembro na qual participarão os membros do Governo da República e dos Governos Regionais dos Açores e Madeira, reunião que foi anunciada pelo Presidente do Governo José Manuel Bolieiro e onde serão tratados todas as pendências existentes.
4- Vamos esperar pelo resultado dessa importante reunião, e é interessante que tenha sido escolhida a data de 12 e 13 de Novembro de 2024, datas que relembram o “Cerco da Assembleia Constituinte em 1975 ”onde estiveram feitos reféns os Deputados Constituintes dos Açores que tiveram a vida por um fio, tal como os demais que passaram a noite reféns dos milhares de manifestantes que, a coberto de melhores condições de vida, eram os defensores da dissolução da Assembleia Constituinte e a instauração de um Governo marxista semelhante ao governo Cubano.
5- Depois das medidas tomadas pela ala do Movimento das Forças Armadas que era liderada pelo Coronel Ramalho Eanes e pelo Major Melo Antunes, caminhou-se para o 25 de Novembro que repôs o percurso para a instauração da Democracia, e nela tendo lugar de destaque a instauração da Autonomia Politica e Administrativa dos Açores e da Madeira, assim como o passo importante para a descolonização dos Territórios Africanos.
6- No País e nos Açores têm decorrido inúmeras conferências e vários trabalhos celebrando os cinquenta anos do 25 de Abril de 1974, e lembrando o que éramos e o que somos. Aqui, nos Açores, também tem havido vários trabalhos e conferências que retornam ao passado, e cada um sentindo-se parte desses cinquenta anos que já decorreram.
7- É bom lembrar que o 25 de Abril abriu caminho à revolução que se deu nos Açores, com a instituição do regime Autonómico, e a criação do auto governo próprio.
8- Hoje somos o que somos porque o povo foi para a rua e envolveu-se naquele sonho, apoiando convictamente a luta que os políticos desempenharam pela instituição da Autonomia Política e Administrativa dos Açores.
9- Cinquenta anos depois é preciso lembrar como se chegou à instauração da Democracia nos Açores e o que temos de fazer como cidadãos, e também como responsáveis pelo seu rejuvenescimento lembrando os cinquenta anos do 25 de Abril, e do que foi feito por muitos que já partiram e trabalharam para que acontecesse a Revolução, mas não podemos ficar pelo passado, é preciso olhar o futuro e sermos também parte dessa nova caminhada.
10- Por isso temos apontado para a necessidade de um sobressalto extensivo a todas as gerações para serem parte desse sobressalto, que lhes lembre o passado mas sobretudo que lhes incute a necessidade para enfrentarem a realidade e a conjuntura que temos pela frente.
11- A Europa ficou a ver “automóveis” passarem… tornando-se a prova que os mercados não funcionam só por si, e precisam de governantes capazes para governarem.
Américo Natalino Viveiros