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Jorge Rita lança apelo aos jovens para que participem no Concurso Holstein Frísia de Outono e se envolvem na transição digital nas explorações agrícolas

O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, afirmou ontem ao ‘Correio dos Açores’ que o X Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono, que se realiza a partir de amanhã no Parque de Exposições de São Miguel, em Santana, é uma “montra de excelência” da pecuária açoriana que promove a genética e a troca de embriões com a Madeira e o continente português e estimula a adesão dos jovens micaelenses ao sector agrícola.
Participam no concurso 44 produtores agrícolas micaelenses com 145 animais entre vacas, novilhas e vitelas e o júri é o produtor canadiano Ian Crosbie que é juiz da Holstein Canadá.
Houve uma manifesta preocupação do Presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, em envolver os jovens, principalmente, e não só, aqueles que viveram entre vacas no tempo de seus avós e de seus pais para a dinâmica do sector, não só através do concurso mas também da transição digital.
Jorge Rita não tem dúvidas que a inovação em curso no sector, “é uma forma de cativar os jovens para a produção de leite, com uma agricultura de precisão e com a modernização. Isso faz com que possamos apelar aos jovens para aderirem a um projecto de agricultura que vem dos pais, vem dos avós, é uma tradição familiar.”
O Presidente da Associação Agrícola reconhece que as condições “são difíceis para, há alguma insegurança, alguma desconfiança e também há as questões burocráticas e as questões dos impostos que, claramente, preocupam muito os jovens.”
Mas, prosseguiu, “uma forma de incentivar os jovens tem a ver com a valorização das explorações agrícolas, a mecanização e tudo o que tem a ver com a transição digital em que os jovens se envolvem muito bem.”
E, como reconhece, “existem extraordinários exemplos nos Açores, quer a nível de robots, quer ao nível de equipamentos digitais de precisão que já existem, não só no leite, mas em todas as actividades e que são extremamente importantes.”
Portanto, realçou, a inovação “tem de estar sempre na linha da frente”. Aliás, completou, a Região Autónoma dos Açores “vingará sempre desde que esteja na linha da frente da transição digital em todos os sectores de actividade. Sem esquecer a “extraordinária qualidade” dos seus produtos que devem valorizar-se “pela forma diferenciadora” do seu fabrico em relação aos outros que estão no mercado.

O concurso como
“montra da excelência”
O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel releva que os Concursos Holstein Frísia que se realizam na Região “são montras da excelência do trabalho que se faz nas explorações pecuárias dos Açores em termos de genética.”
São iniciativas que “provam a excelência do trabalho dos produtores chefiados pelas suas organizações e a colaboração do Governo Regional que tem apostado sempre no melhoramento genético na Região.”
“Se alguém pode dizer que, não fazendo tudo bem, se aproximou sempre daquilo que é a excelência do trabalho que deve ser feito na valorização da genética na pecuária, são aqueles que têm estado ligados, na Região, ao melhoramento genético,” afirmou.
“Prova-se que os produtores acreditam naquilo que fazem. É bom que se diga isso. Os produtores acreditam naquilo que fazem. E o que fazem, fazem-no bem feito e estes concursos servem para evidenciar o seu trabalho de excelência, o gosto e a paixão que eles têm pelos animais”, salientou
“E, quando se fala de bem-estar animal”, referiu, “é bom que se comprove que ninguém gosta mais dos animais do que os próprios produtores.”
“Sabemos que existem excepções por várias razões. Por exemplo, as condições climatéricas – quando se fala de bem-estar animal – são aquelas que mais adversidades criam nos animais. Mas esta é outra questão e outra discussão,” disse.
“Podíamos fazer só um concurso anual, mas continuamos a apostar em dois concursos porque entendo que vale a pena dar estímulo, dar oportunidade aos jovens para entrarem e perceberem a importância que este sector tem, ligarem-se a estes eventos porque também é uma forma de os potencializar, de fazer com que acreditem que este sector é muito importante na Região,” realçou.
Noutra perspectiva, disse, “todos sabemos que os agricultores, por várias razões, têm dificuldade em saírem das suas explorações porque há cada vez há mais trabalho. Mas, aderem aos convívios do concurso, à formação que se dá para protecção dos animais, para o maneio dos animais e para o melhoramento genético. Eu penso que isto está conseguido em absoluto. Mas, apesar disto, “não podemos parar e temos que acreditar sabendo que este é um sector vital na nossa economia e é potenciador de outros sectores de actividade económica da Região.”
Um evento desta natureza, “com esta qualidade”, prosseguiu, “faz com que as coisas acontecem e que seja um alerta geral para a importância que o sector tem porque existem muitos produtores que ainda gostam daquilo que fazem e fazem-no com muita paixão e todos nós sabemos que isso é fundamental para que continuemos a ter um sector de actividade vital que tenhamos uma economia pujante. É esta necessidade que todos nós temos,” completou.

Compra e venda de embriões
Jorge Rita não esconde que “o negócio da genética é cada vez mais problemático ao nível de importações e exportações porque existem muitos problemas sanitários em muitos países e em muitas regiões. E as crises têm sido cada vez mais acentuadas especialmente no sector leiteiro em toda a Europa e em todo o mundo. Esta volatilidade e este descontrolo a nível de preços não dá previsibilidade aos produtores e retirou aqui alguma margem negocial.”
Mas, em contraponto, “existe muito intercâmbio em termos de compra e venda de embriões. Também estamos a comprar muitos embriões a produtores de excelência a nível nacional que, no passado, foram importadores dos nossos embriões e que hoje também trabalham muito bem. Existe este conhecimento de troca e permuta de embriões entre a Região e o continente. E existe também alguma permuta de embriões com produtores espanhóis. “
Embora tenha havido algumas exportações de genética para a Madeira e, em termos residuais, para o continente, o negócio de genética “ não é aquilo que há muitos anos podíamos pensar que poderia ser muito rentável para a Região.”
“A desconfiança que existe em alguns países faz com que este negócio não tenha florescido como nós pretendíamos. Mas isso não impede que continuemos a provar que esta Região tem excelência nos animais e que também seja transversal a tudo aquilo que se faz e tudo aquilo que se promove,” reforça
E, neste contexto, a Região “tem de ter um caminho e um desígnio que é a excelência.”

Quem é o juiz?
O juiz Ian Crosbie gere com os pais, a esposa Nicola e os dois filhos Neil e B.J. Ian, a exploração Benbie Holsteins, localizada em Caron, Saskatchewan, Canadá.
A exploração tem 170 ha de área agrícola onde é produzida toda a alimentação destinada ao efetivo leiteiro. As culturas utilizadas são, milho, luzerna, cevada, triticale e aveia. A exploração também produz colza e trigo para venda.
O efetivo da exploração é composto por 170 vacas em ordenha. Actualmente a média de produção por vaca é de 12.000 kg de leite aos 305 dias, com 4,6% de gordura e 3,2% de proteína.
Em termos de classificação morfológica o efetivo tem 21 vacas com classificação Excelente, 92 Muito Bom e 56 Bom Mais.
O objetivo de Ian Crosbie é ter na exploração animais equilibrados em termos de conformação e produção, dando por isso bastante ênfase ao índice GLPI. O foco de Ian Crosbie na exploração é o de ter vacas de alta produção e longevidade.
Nos últimos anos a exploração forneceu vários touros para centros de Inseminação Artificial. Benbie Attract e Benbie Radar são dois touros provenientes de famílias de vacas da exploração. São ambos filhos de vacas com valores genéticos elevados para conformação na avaliação genética canadiana.

 João Paz

Jorge Rita
recandidata-se
à presidência
da direcção
da Associação Agrícola
de São Miguel

Jorge Rita vai recandidatar-se à Presidência da Associação Agrícola de São Miguel nas eleições que se vão realizar a 10 de Janeiro de 2025, soube o ‘Correio dos Açores’.
O objectivo é prosseguir o projecto que tem vindo a concretizar na “defesa intransigente dos interesses” dos produtores de leite e de carne de São Miguel e dos Açores e do trabalho que tem desenvolvido aos níveis da horticultura e fruticultura.
Uma das suas apostas é modernizar as explorações agrícolas com uma gestão cada vez mais digital e mecanizada, procurando aliciar os jovens para um sector que, como diz, “é e vai continuar a ser vital” para que os Açores “tenham uma economia pujante.”

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