Edit Template

“O número de atletas federados no ténis em São Miguel tem crescido significativamente”afirma António Damião, presidente do clube

Correio dos Açores – Há quanto tempo existe o clube e como tem sido o seu desenvolvimento até ao dia de hoje?
António Damião e Carlos Rodrigues (Presidente e Vice-Presidente do CTSM) – O Clube de Ténis de São Miguel (CTSM) foi fundado a 6 de Dezembro de 1977 e declarado Entidade de Utilidade Pública Regional, por despacho do Presidente do Governo Regional dos Açores de 29 de Janeiro de 1993, pela importância do trabalho entretanto realizado, pela necessidade de se manter ao serviço da sociedade açoriana como garante do acesso à prática do Ténis e pelo importante contributo para o desenvolvimento da competição a nível regional. Tem os seus últimos estatutos publicados a 8 de Novembro de 2022, o que atesta a sua preocupação em manter-se atual e ao serviço dos sócios, da modalidade e da sociedade em geral.
Ao longo dos anos, acompanhando os ciclos de desenvolvimento e retrocesso da modalidade, o CTSM foi cimentando a sua posição enquanto o maior e mais importante clube de Ténis regional. As suas instalações foram crescendo faseadamente, para criar as condições necessárias para o crescente número de praticantes na região e para receber um conjunto de provas internacionais que, ao longo de vários anos, se vieram a realizar em S. Miguel, contribuindo para o incremento da modalidade nos Açores. Pelo CTSM passaram nomes bastante conhecidos entre os aficionados da modalidade como são os portugueses João Cunha e Silva, Emanuel Couto, Nuno Marques, Frederico Gil e Rui Machado e os estrangeiros Marat Safin (russo), Alejandro Davidovich Fokina (espanhol), Thiemo de Bakker (holandês) e Elise Martens (belga).

Quantos atletas fazem parte do clube?
No ano lectivo 23/24, de Setembro a Julho, passaram pelas nossas escolas de Ténis 145 alunos e foram ministradas 3360 aulas. Os nossos professores passaram 4608 horas a ajudar os alunos e atletas do CTSM a desenvolverem as suas competências nesta modalidade, carinhosamente apelidada por muitos como a “Rainha dos Desportos de Raquetes”. Para além as aulas, as nossas ações de fomento da modalidade e procura de novos talentos envolveram 3000 crianças de mais de 30 instituições de ensino, ATL’s e instituições de solidariedade social.
Para o ano lectivo 24/25, e em função da dinâmica que temos imprimido, contamos com um incremento de cerca de 15% no número de atletas do clube e de praticantes esporádicos, que tem aumentado significativamente desde que o CTSM melhorou a sua instalação elétrica que habilita o clube a receber e a realizar, novamente, provas nacionais e internacionais sob a égide da Federação Portuguesa de Ténis (FPT).
Outra coisa fantástica é o facto de muitos pais de alunos que estão na competição ingressarem nas nossas classes de iniciação ou de aperfeiçoamento. Em alguns casos, aconteceu na sequência da prática do Padel, que tem dado um contributo relevante para retirar as pessoas de uma desaconselhável inatividade. Noutros é o regresso natural aos courts de Ténis, depois do habitual interregno a que os estudos, a carreira profissional ou o início de uma vida familiar obrigam. Muitos destes pais têm até participado ativamente com o CTSM nas diligências necessárias para que as condições que o clube oferece possam ir melhorando.
Por outro lado, é importante não esquecer que, com o projeto em curso para a requalificação das nossas instalações, o aumento do número de praticantes, irá ser ainda mais significativo a partir de Maio, altura em que estima estarem concluídas as obras de cobertura dos courts 1, 2 e 3.

Há falta de atletas no Ténis em São Miguel?
Actualmente e aos níveis Internacional, Nacional e Regional, o Ténis tem conhecido um bom momento, com o número de atletas federados a crescer significativamente. O CTSM acompanha esta tendência generalizada e, sobretudo nas camadas mais jovens, fruto do importante trabalho de fomento realizado pela nossa equipa técnica que, em conjunto com a Associação de Ténis dos Açores (ATA) e com a FPT, tem levado a cabo diversas actividades, tanto em escolas e ATL’s como nas várias artérias do concelho de Ponta Delgada, tudo sempre com o importante apoio da Câmara Municipal de Ponta Delgada (CMPD), numa clara tentativa de tornar a modalidade cada vez mais próxima da população, vista pela atual direção como a grande missão do CTSM.
Outra visão é a da dita “alta competição”. Em consequência da descontinuidade territorial e dos níveis de exigência dos treinos para podermos ombrear com os jogadores nacionais, as dificuldades acentuam-se, o nível de empenho dos jogadores e das suas famílias tende a aumentar consideravelmente, consequentemente, o número de atletas disponíveis reduz-se, a sustentabilidade competitiva fica ameaçada e o desenvolvimento desportivo esfuma-se por entre os dedos.
Falando especificamente em atletas de competição (aqueles que habitualmente participam em provas oficiais dentro e fora dos Açores), o número global na Região não é animador para o desejado desenvolvimento, tanto a nível individual como a nível coletivo. As dificuldades são muitas e afetam todos os clubes açorianos, cujo contributo para descoberta e formação de novos talentos é essencial para que a Região possa oferecer um nível competitivo mais próximo do nível dos jogadores do continente.
Uma das nossas mais importantes missões enquanto técnicos é fazer crescer o número de alunos mais jovens e alargar a base da pirâmide para potenciar o desenvolvimento dos escalões seguintes, o que fazemos em articulação com os pais dos atletas e com as várias entidades públicas que tutelam a nossa intervenção nas várias etapas do processo, de acordo com o seu nível de competências e autoridade, como é o caso do Governo Regional dos Açores (GRA), através da Direcção Regional do Desporto (DRD), a FPT e a ATA.

Que apoios recebe o clube?
A actividade da escola de ténis dedicada à competição é apoiada pelo GRA, através da DRD, pela FPT através da ATA e pela CMPD, de acordo com um conjunto de critérios específicos definidos pelas referidas entidades. Este apoio financeiro é essencial porque, na sua maioria, os clubes açorianos envolvidos nas competições a nível Regional e Nacional, não nasceram para fazer com que a Região Autónoma dos Açores cumpra o desígnio de se ver evoluída e próxima dos grandes centros nacionais, no que concerne aos vários indicadores que medem o desempenho desportivo e o nível de desenvolvimento socioeconómico de todas as regiões de Portugal, comparando-as entre si.
Nascemos para desempenhar a missão de implementar localmente as várias modalidades desportivas nas quais cada um de nós decidiu especializar-se, contribuindo assim para a disseminação e para a democratização das mesmas junto das suas comunidades. Não obstante aquela missão, todos nós temos contribuído, muitas vezes para além das nossas capacidades financeiras, administrativas e operacionais para o cumprimento desses desígnios que, por maioria de razão, têm de contar com o apoio financeiro do GRA.
O CTSM conta ainda com o apoio das referidas entidades para apetrechamento das suas instalações, o que se compreende pela necessidade de se proceder à atualização dos meios e equipamentos à disposição dos atletas e das modalidades, o que é de uma importância considerável, sobretudo se pensarmos em termos de vantagens e desvantagens competitivas entre atletas das várias regiões, normalmente com prejuízo para a nossa. Neste capítulo, contamos também com o importante apoio da Junta de Freguesia da Fajã de Cima (JFFC), que tem tido um papel muito meritório e de grande proximidade junto das forças vivas da Freguesia de Fajã de Cima, entre as quais o CTSM.
Apesar dos já referidos apoios, nos quais incluímos o apoio para as necessárias deslocações dos atletas às competições Regionais e Nacionais, bem como, aos Centros Regionais de Treino, ambas a cargo da DRD, as suas sucessivas diminuições têm feito desaparecer os interessados na prática do Ténis ao mais alto nível e têm aumentado as dificuldades de gestão dos clubes, sobretudo as de tesouraria, associadas também aos atrasos no recebimento dos respetivos apoios. Só com o apoio de todos os sócios do CTSM e de todos os nossos estimados patrocinadores, ambos conscientes da necessidade de se envolverem nestes projetos de responsabilidade social desportiva, a situação não é mais grave.

Que provas são disputadas no CTSM?
O CTSM organiza, durante todo o ano, provas para todos os escalões e diferentes níveis, tanto de Ténis (de campo) como de Ténis de Praia. No Ténis, são provas internas com sistemas de pontuação ajustadas às idades e níveis dos alunos. São provas oficiais do Circuito Smashtour para os escalões de sub7, sub9 e sub10. São provas oficiais do calendário da Federação Portuguesa de Ténis, desde os escalões sub12 a veteranos de nível C e uma de nível B, o “Ponta Delgada Jovem”, procurada também por vários atletas continentais. Estas competições têm ainda alavancado algumas importantes homenagens a figuras ilustres do nosso Clube, como sócios fundadores e todos aqueles que se têm distinguido na vida do clube durante estes 47 anos de vida.
No Ténis de Praia, o CTSM organiza um circuito de 3 etapas, nos escalões pares masculinos, pares femininos e pares mistos, com classificação específica deste circuito. Estas competições fazem parte do calendário nacional e têm o objetivo de promover a participação nas variadas provas oferecendo prémios para o atleta masculino e feminino melhor classificado que participou nas 3 etapas em todas as provas (no total de 6) e para o melhor jogador e jogadora classificados no escalão sub25, com o intuito de promover a participação mais jovem.
Em todas estas competições, contamos com o apoio dos nossos muito estimados patrocinadores que, acreditando no nosso projecto e no potencial da parceria connosco, emprestam o seu nome a muitas destas provas e a quem, publicamente, agradecemos.
De entre toda esta atividade, destacamos a nossa principal competição anual que é o “Azores Open 12&Under”, prova internacional que, este ano, celebrou a 25ª edição com a melhor participação dos últimos 15 anos, com 63 atletas de 20 países, um registo que tem vindo a ser melhorado de ano para ano desde 2021 e que acreditamos que iremos continuar nesse registo nos próximos anos.

Há falta de espaço para que se realizem provas de maior gabarito em São Miguel?
Não há falta de espaço. Há sim, falta de condições e não é culpa de ninguém senão da ausência de um ecossistema que favoreça a organização de eventos desportivos com o élan que caracteriza a atmosfera que se sente em torno dos torneios de ténis que todos conhecemos, mas, como se lê no Court Philippe Chatrier (o court central de Roland Garros), “a vitória pertence aos mais tenazes”.
Portanto, a falta das condições ideais, não nos irá deter e, muito em breve, poderemos vir a estar em condições de anunciar a realização de mais um ou dois grandes eventos de ténis no CTSM. Estamos já a estudar com muito afinco a possibilidade de virmos a organizar a realização de mais uma prova internacional de grande gabarito e, depois de na necessária ronda com todas as entidades que poderão ter interesse na respetiva participação, depois de reunidas todas as condições para lançar o projecto, havemos de o apresentar a toda a comunidade.

O Padel é uma modalidade que tem crescido exponencialmente nos Açores. Esse crescimento levou a que o Ténis perdesse atletas?
Pelo contrário! O Ténis tem ganho adeptos graças ao Padel, que é um desporto relativamente fácil de aprender e que apresenta um nível de desenvolvimento consideravelmente rápido, que faz com que as pessoas se atrevam a vir jogar Ténis.
Depois da saída de um ou outro atleta para o Padel (que também aconteceu), o saldo é francamente positivo e o nosso número de alunos tem vindo a crescer, facto que se deve ao bom trabalho técnico e a uma estratégia bem montada para darmos continuidade a esse crescimento.

O Ténis é um desporto caro?
Não! O Padel é mais caro.
Não obstante esta forma simples de procurar esclarecer as pessoas acerca deste importante detalhe, é necessário dividir a resposta em duas vertentes para conseguir responder com rigor a esta pergunta.
Acessível, por um lado, temos a prática desportiva normal, que se pode dividir em aulas e jogos regulares com os amigos aos serões eaos fins-de-semana ou, nas férias com a família, num belo resort.
Por outro, consideravelmente caro se estivermos a falar da competição, sobretudo para todos aqueles que, não estando nos grandes centros, têm depara lá se deslocar, com o objetivo de ombrearem com os “campeões” e melhorar significativamente a sua performance e qualidade de jogo.Para nós açorianos, a rodagem dos jogadores é imprescindível e, atendendo à descontinuidade territorial que conhecemos nos Açores, os custos associados a essa rodagem torna-se num fardo muito pesado para o jogador com potencial de desenvolvimento em termos competitivos. Um fardo que a Região se tem empenhado em aliviar com um significativo apoio financeiro que, ao longo dos últimos anos, tem conhecido uma redução significativa, tornando cada vez mais difícil atingir os índices de competição que os atletas açorianos têm de ter para conseguir bons resultados fora dos Açores.

Como se poderia promover a prática da modalidade?
Apesar das muitas raquetes partidas ao longo de toda a história do Ténis, este é um desporto para cavalheiros, que ajuda a fortalecer o caráter individual de cada um, jovem ou adulto.
O Ténis é uma modalidade individual na qual nunca é tarde para se aprender a jogar, temos vindo a registar uma crescente procura por parte de pessoas adultas também, que têm como objetivo a prática de desporto ao ar-livre, com todos os benefícios associados. Diz um estudo dinamarquês, publicado em Agosto de 2022, que o Ténis (tal como outros desportos de raquetes) prolonga a vida em cerca de 10 anos. O movimento rápido e a alta demanda cardiovascular, combinados com a intensidade dos intervalos curtos e a coordenação motora, fazem com que estes desportos sejam ideais para melhorar a saúde do coração e a circulação sanguínea, bem como a agilidade, a flexibilidade e força muscular, o que contribui para a manutenção da massa muscular e da densidade óssea.
Com base nestes princípios e contando sempre com o importante apoio da FPT, o CTSM tem apostado, continua e fortemente, no fomento da modalidade junto da população, com particular incidência junto de crianças e adolescentes. O nosso programa de fomento tem-se alargado progressivamente e com passos sólidos, levando a nossa escola de Ténis a aumentar significativamente o seu número de alunos, cujo efeito prático no desenvolvimento da modalidade se irá registar já a médio prazo.
Se há já muito tempo que nos dedicamos a alargar as nossas bases de jogadores para a competição, nos últimos dois anos, temo-nos concentrado também em atrair os pais para os campos. Apesar do Ténis ser um jogo muito mental, jogado essencialmente ao fundo do court, temos mostrado aos adultos que o Ténis, jogado a pares é também muito divertido.

Frederico Figueiredo

Edit Template
Notícias Recentes
Essentia Azorica apresenta óleos essenciaisna AçoresBIO-2024 mediante visitaà destilaria e à plantação biológica
GNR apreendeu 580 quilos de pescado na ilha do Pico
Homem detido na Maia por suspeita de incêndio em edifício
Açores têm feito esforços para “corresponder às expectativas” de quem escolhe a Região para viver, realça Paulo Estêvão
Primeira edição do ‘Azores Comedy Fest’ leva o melhor da comédia regional ao Teatro Angrense
Notícia Anterior
Proxima Notícia
Copyright 2023 Correio dos Açores