O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, anunciou ontem que vai ouvir os partidos amanhã começando pelo partido mais votado pela primeira vez, após a aprovação da Moção de Censura ao Governo de Miguel Albuquerque com a aprovação de todos os partidos da oposição na Assembleia Legislativa Regional.
Os sete partidos com assento parlamentar na ALRAM serão ouvidos num só dia pelo Representante da República. Depois disso, Ireneu Barreto deverá, ainda no mesmo dia, chegar à fala com o Presidente da República.
Ireneu Barreto disse ainda que não espera haver uma apresentação de uma solução governativa, tudo levando a crer que haverão novas eleições regionais que Miguel Albuquerque já assumiu que “vai vencer.” As sondagens dão-lhe mesmo uma vitória mas sem a maioria necessária na Assembleia Legislativa Regional da Madeira.
Miguel Albuquerque tornou-se no primeiro presidente de um Governo Regional da Madeira a ‘cair’ com a aprovação de uma moção de censura ao executivo, quase 10 anos depois de ter chegado ao cargo e após vencer quatro eleições.
A moção de censura foi apresentada pelo Chega – e justificada pelo partido com os processos judiciais envolvendo Albuquerque e quatro secretários regionais, constituídos arguidos em casos distintos.
Apesar disso, o líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, poderá estar novamente a caminho de mais uma disputa eleitoral, pois já garantiu que vai pedir o regresso às urnas.
“Se for necessário, vamos para eleições e vamos ganhar as eleições”, disse na semana passada aos jornalistas, depois de a proposta de Orçamento Regional para 2025 ter sido chumbada.
“Vamos às eleições para ganhar”, disse recentemente, reiterando, ontem, esse objectivo e assegurando que não serão realizadas eleições internas no partido.
Assim, aos 63 anos, mantem a persistência – que lhe ficou da juventude, quando batia recordes regionais de natação. “Aprendi uma coisa na natação muito importante que foi a autodisciplina, aquela ideia do treino, de ter horas marcadas para as coisas, do sacrifício, da persistência, da determinação”, revelou Miguel Albuquerque numa entrevista anterior, confessando que ainda hoje esses ensinamentos lhe são úteis na política.
Na vida política desde meados da década de 1980, quando integrou o Movimento de Apoio a Mário Soares para as presidenciais de 1986, Miguel Albuquerque estreou-se em eleições nas legislativas regionais de 1988, nas listas do PSD, entrando pela primeira vez para o parlamento madeirense.
Quatro anos mais tarde repetiu a eleição, quando também já liderava a JSD/Madeira (1990-1992). Entre 1992 e 1995, foi secretário-geral adjunto do PSD/Madeira.
Em 1993, deixa a advocacia – tinha escritório aberto no Funchal desde 1986, altura em que regressou à Madeira depois de uma passagem por Lisboa para tirar a licenciatura em Direito – para ser número dois na lista do PSD à Câmara Municipal do Funchal, encabeçada por Vergílio Pereira.
No ano seguinte, Albuquerque assumiu a presidência da câmara, após a demissão de Vergílio Pereira, só deixando o município devido à lei de limitação de mandatos, em 2013, e depois de vencer com maioria as autárquicas de 1998, 2001, 2005 e 2009. Nessa altura, regressou à advocacia.
Enquanto esteve à frente da maior autarquia madeirense foi igualmente presidente da Associação dos Municípios da Madeira (1994-2002), vice-presidente do PSD/Madeira e responsável pelo conselho de jurisdição da estrutura regional do partido, cargo a que renunciou, em Abril de 2011.
Depois de terminar os mandatos na Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque começou logo a disputar a liderança do PSD/Madeira
