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À mesa de Natal com a família tóxica

Estamos a passar por umas das semanas mais preenchidas do ano. Quando pensamos no Natal, associamos a um aumento de eventos como jantares e almoços, e a momentos de afeto, união e reencontro com a família. É tempo de solidificar laços e reencontrar pessoas que não conseguimos estar diariamente. Distribuem-se abraços e coloca-se a conversa em dia.
Infelizmente, nem em todas as mesas é servida um momento como o que descrevi acima. Este mês, por ser época de encontros, é, também o tempo em que somos mais confrontados com pessoas tóxicas, que não representam ajuda, suporte, empatia e acolhimento.
Recebo diversas vezes, em consulta, muitas pessoas a sofrer por antecipação por estar a chegar a época natalícia. Sofrem pelos encontros que vão acontecer com os familiares em que vão questionados quando termina o curso, encontram trabalho, por que não têm namorado/a, para quando os filhos e criticam a sua imagem, roupa e decisões. Passamos de um encontro que devia ser feliz e entusiasmante, para uma sessão de comparação, confronto e críticas gratuitas que não pedimos, ativando gatilhos que abrem a porta para feridas que estamos a batalhar durante muito tempo, o que intensifica a falta de pertença naquela mesa e às pessoas que a compõem.
Estas questões, pressões e julgamentos são, muitas vezes, verbalizadas pela nossa própria família, o que intensifica o nosso sentimento de impotência e dificuldade para impor limites, pois foi-nos incutida a crença que não devemos reagir ou confrontar os nossos familiares, uma vez que são membros que têm uma ligação biológica connosco.
Qualquer relação que estabelecemos tem de ter limites, incluindo os nossos familiares, que não podemos deixar que nos julguem ou critiquem só porque nos foram impostos à nascença. Família também tem deveres para connosco. Ter relacionamentos saudáveis também contribui para uma boa saúde mental. Quem nos critica e pressiona não cumpre os critérios para ser considerado um bom familiar.
A pensar no nosso bem-estar, às vezes é preciso escolher com rigor quem merece estar à nossa mesa de Natal, ou seja, quem, durante o ano foi um suporte, empatia, compreensão e acolhimento. Mesmo que isso inclua fazer uma seleção a alguns membros da família.
Pense num Natal feliz, com paz e que possa ser quem é sem filtros. Coloque em prática e defina limites para conseguir alcançar bem-estar nesta quadra festiva. É perfeitamente normal que não queira passar uma época associada a paz e alegria com quem o trata com comportamentos e palavras impróprias.
Não precisamos aceitar o tóxico só porque é tempo de celebração e nos é incutido que é tempo da família e forçar união. Natal é bem-estar, e se o respeito não é servido, devemos abandonar a mesa e procurar uma em que sejamos mais felizes. Mais vale uma mesa mais pequena, mas acolhedora, empática e alegre para todos, que uma mesa repleta de crítica e pressão.
E, por outro lado, como posso evitar ser este familiar tóxico e contribuir para uma mesa de Natal saudável? A palavra-chave é empatia. Nesta época festiva, antes de criticar ou colocar pressão a alguém, reflita e questione-se: o que eu vou dizer vai contribuir para a motivação ou sucesso da pessoa? Como reagia se me colocassem estas perguntas ou comentários? O que eu tenho para dizer vai contribuir para uma boa relação e bem-estar entre mim e a outra pessoa?
Esta época natalícia não serve para comparações e/ou espalhar fracassos, sucessos. Para este final de ano (e todo o ano de 2025), desejo-lhe mesas recheadas de conforto, acolhimento, amor e empatia.

Por: Maria Pereira

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