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Cervejeiro francês e designer micaelense desenvolvem marca de cerveja na Terceira

A “Bela Cerveja” nasce a partir do cervejeiro francês Guillaume Pazat – que divide a vida entre a ilha Terceira e Paris – na necessidade de levar este projecto para a ilha-natal da sua esposa. Através de conversas e conexões, surge o seu sócio José Albergaria, designer de profissão e natural de Ponta Delgada, que também habita na capital francesa. O conhecimento sobre a arte de produzir de cerveja e a imagem atractiva da marca, faz com que a “Bela Cerveja” comece a ganhar destaque na Região.

Correio dos Açores – Fale-nos da criação da “Bela Cerveja”
José Albergaria (designer gráfico e sócio da marca “Bela Cerveja”) – A cerveja, na verdade, é uma ideia particular do Guillaume Pazat. O Guillaume é cervejeiro e já tem este projecto há cerca de 3 ou 4 anos. Era um projecto que ele tinha para a Terceira, mas, devido a questões administrativas e burocráticas, o projecto foi sendo adiado. Ele não conseguiu a licença na altura certa e devido a isso o processo foi se prolongando. Ele vive entre Paris e a Terceira, é casado com uma terceirense e eu, que também vivo em Paris, mas passei algum tempo aqui em São Miguel, encontramo-nos muitas vezes. Ele falava-me sempre sobre este seu projecto, até que acabámos por nos tornarmos sócios. Eu disse-lhe que seria bom trabalhar comigo nisto, pois sou designer gráfico e já tinha experiência numa cervejeira conhecida na Bélgica, a Vedett, que pertence à marca Duvel Moortgat. Apesar de ainda encontrarmo-nos com questões administrativas, felizmente o projecto está a avançar.

Já têm um bar dedicado à vossa cerveja em Angra. Como é que aparece essa oportunidade e como está a correr?
Na verdade, ainda não temos uma cervejeira própria. O que fazemos é algo que em francês chama-se “bière à façon”, ou seja, fazemos as nossas receitas noutras cervejeiras que já possuem o equipamento necessário, eles compram o material e a matéria-prima que nós indicamos, e depois realizam todo o processo de produção. O Guillaume já se deslocou várias vezes à cervejeira, que fica na Borgonha, para acompanhar o processo. No ano passado, decidimos avançar para experimentar o mercado, testar como seria cá, e dar a conhecer a marca.
Foi então que surgiu a oportunidade de abrir o bar. O espaço ficou disponível e alguém sugeriu criar um pequeno bar na Rua de São João, que é uma das ruas principais da cidade de Angra do Heroísmo. Decidimos abrir este espaço lá para termos uma presença mais directa.

Que balanço faz deste ano inaugural do bar?
O bar abriu no final de Junho, pela altura das Sanjoaninas. Penso que o balanço é positivo, já tínhamos uma ideia de que entre o Inverno e o Verão a diferença seria grande, mas o funcionamento e a adesão ao bar tem sido agradável. Temos feito vários eventos e há uma boa dinâmica.
O Guillaume trata mais da parte administrativa, ele é o sócio maioritário. Temos estado em contacto com vários restaurantes, como o Ponto V e o Geiko, e feito outras várias parcerias no sentido de dar a mostrar a cerveja. Temos tido uma aceitação muito boa, tanto em termos de eventos e de parcerias com restaurantes, como da população local. Acima de tudo, tem sido uma experiência enriquecedora.

Já se encontram a distribuir para outras ilhas? E para o exterior?
Sim, a distribuição está a crescer. Fizemos uma parceria com um distribuidor em São Miguel, que comprou uma boa quantidade de cerveja para distribuir. Este foi um grande marco para o projecto. Continuamos a trabalhar com eles e desenvolvemos dois produtos diferentes: um com exclusividade para eles e outro com a nossa marca. Eles ficaram com a cerveja “Alta Pressão” e com a “Anticiclone,” e nós ficamos com a “Bella” e a “Climax”. Nós fazemos uma distribuição mais directa e eles fazem a deles, com um sistema mais profissional. Tem corrido bem e, neste momento, estamos a pensar em lançar duas novas cervejas.

Quais são os tipos de cerveja que estão a produzir e a comercializar?
Temos dois tipos de cerveja com receitas diferentes: uma Pale Ale (PLL) e uma IPA. Agora, estamos a lançar uma lager, uma cerveja loira com sabores mais locais, e também estamos a desenvolver uma receita para uma white beer. Estas são cervejas mais leves, ideais para o Verão. A Pale Ale é excelente para o Verão, e a IPA é uma cerveja da moda, que combina bem com queijos, por exemplo. As duas novas cervejas serão lançadas no próximo Verão.

Quais são os objectivos para o próximo ano?
O objectivo é termos a nossa própria cervejeira a funcionar. A ideia é ter uma cervejeira em São Miguel, e talvez um pequeno laboratório na Terceira, dedicado mais à pesquisa e produção de pequenas quantidades. A produção será sempre em pequena escala, focada na cerveja artesanal. Estamos a estudar várias opções e a fazer estudos sobre o mercado.

Gostaria de partilhar algo com os leitores?
Queremos que o produto seja verdadeiramente local. Parece um pouco banal, mas há uma riqueza tão grande de produtos vegetais na ilha e muitos desses ingredientes ainda não foram explorados para a produção de cerveja. Talvez possamos até produzir parte da matéria-prima localmente. São ideias a longo prazo, mas estamos a trabalhar nisso. Não temos pressa, queremos avançar aos poucos e ver como podemos adaptar o projecto. O mercado de cervejas artesanais está a crescer e necessitamos de entender como coabitar com as outras cervejeiras de uma forma interessante.
Em termos de design, como sou designer gráfico, apostamos na lata, uma escolha que, em Portugal, ainda é um pouco tabu. Porém, a lata preserva melhor a cerveja, pois não deixa a luz entrar. Foi uma aposta arriscada, mas valeu a pena. As novas cervejas, mais leves e ideais para o Verão, talvez sejam produzidas em garrafa, contudo ainda estamos a estudar essa possibilidade.

José Henrique Andrade

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