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Já cheira a Natal – e a ciência ajuda a explicar!

Já cheira a Natal… mas afinal de contas, a que cheira o Natal? Nesta época tão importante para reunir a família e os amigos, há aromas quenos recordam a quadra, a nossa infância e as comidas da mãe e da avó. Estes aromas devem-se a substâncias voláteis, a maioria das quais faz parte dos óleos essenciais de diversas plantas, e que para além de nos darem uma sensação de bem-estar,podem ter outras propriedades terapêuticas.Estes cheiros são compostos por uma mistura de substâncias, numa verdadeira sinfonia de aromas, mas vamos falar daquelas que mais contribuem para cada um destes cheiros natalícios.
O cheiro do pinheiro, do abeto, ou da criptoméria mais usada nos Açores como árvore de Natal, talvez seja o primeiro cheiro da quadra natalícia a entrar nas nossas casas, especialmente para quem começa as decorações mais cedo. O aroma destas árvores, do grupo das coníferas, é fresco, resinoso e transporta a nossa mente para uma floresta, daquelas que aparecem nos contos tradicionais. A maior parte deste aroma deve-se principalmente a umas moléculas voláteis tais como o alfa-pineno e o beta-pineno, terpenos que dão o cheiro resinoso tão típico dos pinheiros e das pinhas, e que para além do aroma são inflamáveis e contribuem para que estas árvores ardam facilmente. Os pinenos, para além de terem atividade inseticida, são antibacterianose anti-inflamatórios, sendo usados há centenas de anos para tratar doenças do aparelho respiratório, como as constipações.
Mas à medida que nos aproximamos do dia de Natal há outros aromas a competir pela nossa atenção, mais relacionados com os doces, cozinhados e bebidas da época –como a canela, o cravinho, a noz-moscada, o limão, a laranja, as clementinas e o gengibre.
O cinamaldeído é o composto responsável pelo sabor e odor da canela. Para além do aroma e sabor que agradam a quase todos, há muitos estudos que comprovam a sua atividade inseticida, antibacteriana, antifúngica e antioxidante. Também há indicações de que pode ajudar a regular a glicémia (o “açúcar” do sangue, a glucose), tornando a canela particularmente interessante para quem tenha tendência para diabetes, não só devido a este efeito, mas também pelo seu sabor adocicado – por algum motivo muitas vezes pedimos canela para adicionar ao café em vez de açúcar.
E o cravinho, usado em muitas receitas de Bolo de Natal dos Açores, de peru assado, e ainda de algumas bebidas reconfortantes nos dias mais frios desta época? O seu composto principal é o eugenol, poderoso analgésico e anti-inflamatório e que se encontra em muitas farmácias –se tiver o azar de trincar um cravinho inteiro, vai logo sentir aquele desagradável “cheiro a dentista”, mas em quantidades moderadas dá um aroma inigualável. O eugenol também tem propriedades antioxidantes e ajuda a combater as infeções bacterianas.
E a noz-moscada, que também entra em tantas receitas de doces e salgados, e que deve o seu aroma a uma complexa mistura de moléculas? A miristicina talvez tenha a maior contribuição para o aroma típico desta especiaria, emboratambém contenha em maior quantidade o alfa-pineno, o beta-pineno, o sabineno e o limoneno, mas também o borneol, o terpineol, o eugenol e o isoeugenol, a elemicina e o safrol. A noz-moscada pode ser tóxica se for usada em quantidade excessiva, mas nas quantidades utilizadas na cozinha é perfeitamente segura.
Os citrinos não podem faltar nesta altura – laranjas, limões e clementinas têm um lugar garantido na mesa e na cozinha. O aroma destes frutos encontra-se essencialmente na casca, e é por isso que é utilizada em tantas receitas, cortada fininha ou sob a forma de raspa. O limoneno é o componente principal do óleo essencial destes frutos, mas também existem outros componentes como o linalool, o alfa-pineno, o beta-pineno, o terpinenoe o mirceno, e é a combinação destas substâncias em diferentes proporções que dá o aroma característico de cada um.
E o gengibre? Para além de ser utilizado há milhares de anos na medicina oriental, cada vez tem mais lugar nas receitas de Natal–por exemplo, é só pensar nos bonecos e nas casas de gengibre que começámos por ver nos filmes ou nas casas dos primos e tios que emigraram para os Estados Unidos, e que conquistaram o seu lugar em muitas das nossas casas. O aroma do gengibre deve-se principalmente ao alfa-zingibereno, que é antioxidante, anti-inflamatório e inclusivamente pode ajudar a conservar as nossas capacidades cognitivas.
Para além dos aromas que se devem aos óleos essenciais há muitos outros relacionados com esta quadra festiva, mas já não há espaço para falar deles neste artigo. De qualquer modo podemos concluir que parte da magia do Natal é pura Química, mas não dizemos muitas vezes que “há química” quando sentimos uma forte ligação a alguém ou a alguma coisa?

Por: Maria do Carmo Barreto

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